Prazer, Eda Yildiz!

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Istambul,
Quatro dias depois.

Voltar para Istambul após anos longe parecia algo irreal, tinha construído uma vida na Itália, tinha amigos, uma boa casa e um excelente emprego. Havia tido experiências ruins, é claro, como o desastre amoroso no último ano, no entanto, ainda possuía motivos fortes para permanecer na cidade que a tinha abrigado nos anos de sua graduação e lhe abraçado no extenso mundo da arquitetura.

Mas os motivos que a tinha feito arrumar suas malas e deixar a cidade que tanto gostava eram ainda mais fortes.

Família vinha sempre em primeiro lugar para as Yildiz e no momento sua tia e sua prima precisavam dela ali.

Não haviam pedido para que ela deixasse tudo para trás, nunca pediriam isso, mas a tia havia cuidado dela com a mesma dedicação que cuidou da própria filha. Saber que não vinha se sentindo bem nos últimos meses fez com que ela pensasse se realmente valeria a pena viver longe da única família que lhe restara.

Não foi necessário pensar muito, decidiu assim que Fifi lhe telefonará para contar que Ayfer vinha tendo desmaios subsequentes à dias.

Fez o que qualquer outra pessoa com um pouco de amor por aqueles que apreciava faria, escreveu uma carta de demissão, deixou sobre a mesa de seu chefe e entrou em um site de busca atrás de passagens aéreas.

Surpreendentemente, Efe não aceitou sua demissão, ao invés de assinar a carta e lhe desejar boa sorte ele sugeriu uma transferência para a sede da empresa em Istambul. Nada mal na opinião dela, conhecia a fama da Art Life e sabia que seu presidente era o melhor no ramo. No entanto, tinha um pequeno problema que a fez pensar se ele realmente aceitaria sua transferência.

Um ano atrás o tinha  chamado de babaca, pausadamente e com todas as letras. Somente quando o elevador se fechou é que ela pareceu entender o que tinha acabado de fazer, tinha xingado seu chefe.

Um chefe bem arrogante e idiota, mas ainda assim seu chefe.

E não era porque ela não aceitava críticas, ela aceitava, afinal era assim que se permitia crescer, porém aquele homem a julgou sem qualquer conhecimento de seu trabalho a chamou de amadora e pelo dia que ela havia tido, despejou uma avalanche em cima dele sem pensar nas consequências.

Agora um ano depois não achou que ele fosse concordar em admiti-la em sua empresa, mas olha a grande ironia, ele não só aprovou sua transferência como exigiu sua presença o mais rápido possível.

O mundo realmente girava com uma velocidade assustadora.

Batidas leves na porta de seu quarto a retiraram de seus devaneios, sua prima Fifi atravessou o cômodo antes mesmo que ela respondesse sentando-se na cama baixa coberta por lençóis de linho verde.

— Pronta para o primeiro dia? — Fifi perguntou com um copo de iogurte na mão e uma colher na boca.

— Acho que sim, mas ainda estou um pouco nervosa em relação ao meu chefe.

— Se ele quis te contratar é porque sabe que você é boa.

— Aí é que está. — Diz se afastando da penteadeira para encará-la. — Estou insegura justamente por isso, ele disse um monte de coisas sobre o meu trabalho na Itália e eu o xinguei.

— Você falou sobre isso, mas se ele não estivesse satisfeito com o seu trabalho não aceitaria sua transferência, não acha?

— Talvez ele não se lembre de mim. Ele não me pareceu ser o tipo que faz questão de lembrar de qualquer pessoa. — Se senta ao lado da prima. — Um homem na posição dele se acha sempre acima dos demais.

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