Fraqueza

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Istambul, 22:45 horas.
Antes

— Está atrasado. — É a primeira coisa que lhe chega aos ouvidos assim que fecha a enorme porta atrás dele. Abandonando as chaves encima da mesinha no canto da do hall de entrada ele caminha para a mulher de longas e lustrosas mechas douradas que está bem perto de lhe matar com os olhos azuis enfurecidos. — Estou te esperando há três horas Serkan.

— Eu avisei que iria atrasar. — Serkan caminhou para ela já sabendo exatamente o que viria. Não queria discutir, tinha tido um dia cheio, tudo o que queria era ter uma conversa civilizada com a esposa e dormir. No entanto, aquele dia parecia estar longe de acabar. Yasemin desviou o rosto quando ele se aproximou para lhe cumprimentar com um beijo e revirou as bilhas azuis que carregava. Serkan soltou o ar apertando os olhos e a encarou. — Onde estão todos?

Ela riu incomodada com a pergunta e abriu os braços em um tom de desafio.

— Não é óbvio? Foram embora... Depois de esperar por quase duas horas.

— São seus pais Yasemin, eles vão entender.

— Eles vão? Deveríamos discutir sobre a mudança Serkan. — Ela aumentou seu tom de voz.

— Não entendo porque temos que discutir isso com eles, aliás eu não entendo nem o motivo de estarmos de mudança outra vez.

— Já discutimos isso, precisamos de espaço.

— Nós temos espaço, acho que você só quer uma casa maior que a das suas amigas e é por isso que seu pai estava aqui, porque ele acha que eu não posso pagar por uma.

O primeiro vaso da noite encontra o porcelanato do chão, as pequenas peças de cristal se espalham pelo piso liso.

— Que droga! — Ela grita a uma distância de três passos dele. — Eu só queria mais espaço para o meu filho!

— Uma criança não precisa de espaço Yasemin, ela precisa dos pais.

— Boa observação vindo de você.

Serkan travou a mandíbula prendendo o olhar na mulher, sempre que precisava estar junto da família dela torcia para que alguma coisa acontecesse e o deixasse preso no trabalho, mas sabia que depois teria que lidar com fúria dela.

— Justo de você, que nunca está por perto. Que parece evitar a mãe dele o tempo todo e eu não duvidaria nada se estivesse tendo o um caso com alguma vagabunda naquela porcaria de empresa.

— Chega! — Esbravejou. — Eu venho suportado suas crises há meses... Não tem motivo para duvidar de mim quando tudo que faço é dar o meu melhor pela nossa família.

— Não é suficiente! — Gritou o empurrando.

— Nada do que eu faço parece ser.

— É uma boa desculpa Serkan... — Ela se aproximou mantendo os ombros eretos diante dele. — A desculpa de alguém que vai ser um péssimo pai. Eu não estranharia se essa criança nunca o reconhecesse.

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Istambul, 8:00 horas.
Atualmente.


Serkan estudou seu reflexo no espelho arrumando o nó de sua gravata com riscas que sumiam no tecido escuro e abotoou as mangas de sua camisa analisando as abotoaduras de ouro amarelo que brilhavam em contraste com a camisa.

Para variar seu humor não estava dos melhores, estava lidando com a falta de coragem recente. Não conseguia lidar com a atração que vinha sentindo por Eda e que recentemente tinha explodido em um momento estúpido de fraqueza, não precisava dizer que as coisas não correram bem no dia seguinte. Pelo simples fato de que ele não parecia estar pronto para deixar o passado para trás e de não ter conseguido dormir pensando nas palavras dela.

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