Nos parecemos.

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Istambul, 11:04 horas. 
Consultório médico. 


Era a quarta vez que a médica fazia a mesma afirmação desde que entraram em seu consultório e era a quinta vez que Serkan perguntava exatamente o mesmo. Eda exalou iniciando sua contagem mental, precisava se controlar para não arrancar o pescoço dele na presença do filho, ou do quase filho, ou da médica. 
 
Queria ter ficado em casa ou ido até ali sozinha, mas sabia que aquilo - a primeira consulta - era muito importante para ele, sabia que ele se sentiria excluído se ela fizesse isso e não queria isso, de jeito nenhum. Mas é que nos dois últimos dias ele estava a ponto de enlouquecê-la.  
 
E nem era de um jeito bom como levá-la a um prazer que lhe beirava ao abismo, era mais como: " você deveria comer isso? ", "Deveria tentar dormir um pouco mais", "vou trazer algo para você, algo saudável", "quer que eu prepare seu banho? ", Não pode pegar peso, Emir tem duas pernas para caminhar." 

Ele definitivamente estava a um passo de enlouquecê-la, precisava de um estímulo para aguentá-lo por mais oito meses sem uma tentativa de homicídio, porque tentaria arrancar a cabeça dele se ele não voltasse a arrancar sua roupa depois da consulta de hoje.  

— Tem certeza de que está tudo bem? O bebê tem bastante espaço? Está crescendo?  

Ele estava ansioso e ela compreendia, mas não conseguia entender a insistência dele em questionar a capacidade da médica a cada cinco minutos.  

Serkan fazia uma pergunta, logo arqueava as sobrancelhas em dúvida, era cíclico e estressante.  

A doutora Defne sorriu para ele mais uma vez cruzando seu olhar com o da mulher se esforçando para não cair em uma crise nervosa de risos na maca enquanto as mãozinhas pequenas Emir cutucavam a sua barriga.  

— Sim, seu bebê está bem e saudável. — explicou pacientemente. — Aliás, a mãe também está com a saúde perfeita.  
Serkan pressionou os lábios coçando levemente a barba, investigando minuciosamente a tela do computador. — Não deveria se preocupar senhor Bolat, sua esposa tem uma saúde de ferro.  
Eda ouviu o barulho de uma risada ecoar pela sala e se virou para ele.  — Ela certamente não contou que desmaia. Isso ela desmaia e se ela estiver descendo uma escada e…  

— Bum! — Emir gritou sentado nas pernas do pai. 

Defne encarou Eda na maca e logo os dois sentados ao lado dela.  

— Desmaia?  

— Isso! Sempre que está em alguma situação esquisita ela para de funcionar. 

Eda riu apertando as mãos dele. — Querido, eu não paro de funcionar. 
 
— Ah, diz isso para ao meu pedido de casamento.  

— Certo, certo! Se é uma questão persistente poderemos investigar. 

— Não é. — Disse Eda encarando o marido. — Estou bem, convivo com isso a muito tempo e nunca rolei uma escada sequer.  — na verdade havia rolado uma escada na universidade uma vez, mas não estava relacionado aos desmaios e não era algo que gostaria de dividir com o marido, não estando grávida. Serkan estava a ponto de colocar elevadores na casa, isso se não a prendesse no quarto. — Ele está exagerando. — Bufou e o ouviu Bufar ao lado. — Aliás, é bom que tenha tocado no tema saúde, Serkan tem uma dúvida muito boba… 

— Pertinente. — a corrigiu. 

— Pertinentemente boba. — Retrucou. — Sobre a gravidez e o S.E.X.O.  

O rosto de Defne fincou encarando os dois, ela com certeza teria sua mente prejudicada quando deixassem aquele consultório, teriam sorte se conseguissem um retorno. O que não era bom já que Eda tinha gostado bastante dela.  

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