À segunda vista |✅|

Ponto forte

“Se todos possuímos nossas vulnerabilidades, todos temos também aquilo que nos torna mais fortes, que nos balançam para fora de nossos medos, de nossas vulnerabilidades, que nos tiram nossas limitações, todos temos um ponto forte.”

Istambul.
Sexta feira.
12:09 horas.

Era a quarta ligação que ela rejeitava, estava ignorando a tia, inclusive saiu de casa escondida pela manhã. Tudo para não ter que lhe confirmar as suspeitas.

Estava namorando o chefe...

Mas era certo de que essa fuga não duraria muito, ninguém escondia nada de Ayfer por muito tempo, a mulher tinha faro para descobrir as coisas. Mas Eda era uma mulher adulta, então, por que estava fugindo do assunto?

Era óbvio, Serkan era o motivo. Se fosse um homem comum não teria tanto receio, mas era Serkan Bolat — O senhor Gelo — a pessoa que ela vendeu como o próprio diabo sem coração, não apenas para a tia, mas para todo mundo. E agora estava pagando com a língua, estava em um relacionamento com ele.

O que diria para ele?

“Preciso arrasta-lo até minha casa, senta-lo em uma cadeira e observar enquanto minha tia tenta descobrir suas verdadeiras intenções comigo.”

Isso quando nem mesmo ela sabia quais eram as intenções dele.

Estavam namorando, isso era certo, há quase um mês. — Não pode evitar sorrir. — o que tinham feito nesse tempo?

Ficavam juntos, e ela mentia para tia, não, omitia algumas coisas da tia. Tentou inclusive dizer a ela algumas vezes, mas geralmente se engasgava com o chá, ou perdia o foco com algum assunto secundário e nunca conseguia admitir que tinha se apaixonado pelo Sr. Gelo. Não admitia nem para si mesma, porém segundo Ceren era óbvio.

Também vinha participando da rotina de Emir, aos poucos, o que não tirava a importância do fato. Ela já o tinha buscado na escola por duas ocasiões, nas quais Serkan havia ficado preso em reuniões. Depois disto, cada vez que ele entrava em uma reunião ela cruzava os dedos para que ele ficasse preso lá e Leyla viesse até ela pedir que ela fosse até a escolinha buscar o menino.

Ela adorava essa parte, principalmente porque os dois se fechavam em sua sala e ficavam lá com os blocos e as folhas de desenho até alguém — Serkan — bater na porta e se desculpar por tê-la tirado do trabalho. Ele ainda não entendia que ela não via Emir como um sacrifício.

Seu celular vibrou, uma mensagem dessa vez, ou melhor um intimato.

“Domingo, às 13:00 horas. Esteja aqui!”

“Com o seu chefe!”

“O senhor Gelo!”

— Pronto! — Disse soltando o ar que havia prendido ao ler o nome da tia na tela. — Agora não tenho mais para onde fugir.

Deixou a cabeça cair de encontro a mesa produzindo um barulho alto quando a testa se chocou com a madeira.

— Estava planejando fugir? — Teve um sobressalto e levantou a cabeça para a porta entreaberta. — Espero que não de mim.

Poderia ser uma boa solução para não terem aquela conversa, ou poderiam fugir juntos e evitar a tia.

A segunda opção em particular era muito atraente.

— Há quanto tempo está aí? — Perguntou esfregando a testa. — Me assustou Serkan.