"Por favor"

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Istambul,
14:21 horas.

— E então? — Eda o questionava sobre o mesmo a cada dois minutos e a resposta simplesmente não mudava.  — Serkan?

Serkan se virou para ela, Eda conseguia ver o nervosismo centelhando nos olhos verdes dele, mas não apenas nervoso, Serkan estava com medo. Apavorado, na verdade.

Nunca tinha se sentido tão impotente como agora, ver o desespero nos olhos da pessoa que amava a partia por dentro e tornava ainda mais difícil se manter forte por ele, por Emir. Nos minutos que se decorriam naquela sala, depois de terem visto as câmeras de segurança — por mais de uma vez — ela mal conseguia raciocinar.

Selin o tinha levado sem qualquer aviso e o pior não atendia a droga do telefone.

— Ainda não... Está caindo na caixa postal... DROGA! — Serkan apertou o telefone entre os dedos e passou a mão livre pelos cabelos, perdido. — Ainda não entendo o porquê, eu simplesmente não consigo entender o motivo de Selin ter feito isso.

Eda se aproximou dele levando as mãos ao rosto apreensivo, ela mesma não estava melhor que ele, estava desesperada sem notícias de Emir, seu filho. Mas, Serkan precisava dela, Serkan Bolat precisava mais dela do que jamais precisou.

Ela deixou que os polegares acariciassem o rosto dele, na esperança de que aquilo o tranquilizasse mesmo que de maneira efêmera, qualquer coisa que lhe provocasse conforto seria bom.

Serkan lhe olhou nos olhos, permitindo que ela se aproximasse dele e trouxesse para mais perto, para um abraço. Das vezes em que o viu bravo, ou corroendo de desejo ele se tornava vulnerável também, não era a primeira vez que o via relativamente “fraco”, mas era a primeira vez que a dor dele parecia machucar tanto.

O temor, mesmo que soubessem que Selin estava com ele, ela era a tia do menino, não faria nada contra Emir, mesmo que não entendessem os motivos dela ainda não ter entrado em contato. Mas, só de pensar no nome dela sentiu o já familiar frio na espinha, sabia que o menino alimentava uma difícil relação com a tia e estava temerosa por ele.

Enquanto Serkan abraçava sua cintura e apoiava a cabeça em seu ventre, Eda se perguntou se era assim que uma mãe se sentia, se era assim que uma mãe — de verdade — se sentiria. Em uma corda bamba.

O celular vibrou na mão dele, ela sentiu as ondas curtas em sua cintura. Levou as mãos para os ombros dele enquanto ele se concentrava na mensagem na tela.

Serkan passou os olhos rapidamente pelo celular e se levantou.

“Estou em Bursa, na casa da montanha.
Emir está bem, o trouxe para um passeio, mas o sinal é péssimo.”


— O que foi? — Eda perguntou tentando controlar sua voz enquanto Serkan suspirava aliviado passando a mão pelo rosto. — Emir?

Ele a abraçou, tão apertado. E quando a afastou para olha-la nos olhos ela achou que ele fosse chorar.

— Selin o levou para Bursa.

— Bursa? O que ela tem na cabeça para tira-lo da cidade sem a sua permissão? — Eda respirou fundo, Bursa ficava a quase duas horas de viagem de Istambul, era um bom destino para férias de inverno e coisa do tipo. — Por que ela fez isso? 

— Disse que queria leva-lo para passear. — Ele agitava a cabeça com irritação. — Selin não deveria tê-lo levado para lá. Emir não tem boa resistência ao frio. Não estava vestido para isso.

Eda sentiu seu coração apertar com a sensação ruim que começava a crescer em seu interior. 

Não sabia como uma mãe de “verdade” se sentiria, mas ela sentia que mal podia respirar.

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