Família

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“Cada ser humano é ligado de alguma forma a outro. Enquanto crescemos conhecemos pessoas que passam a ocupar lugares especiais em nossas vidas, por mais que os laços sanguíneos sejam fortes, algumas vezes os laços com aqueles que escolhemos para nos agregar se tornam mais fortes ainda... Nós escolhemos nossa família.”


Istambul,
Sábado à noite.


— Quê? — Serkan questionou o filho.

— Que meu desejo se realizou… — Falou baixo. — A Eda vai ser a minha mamãe!

Enquanto o menino erguia os olhos acanhado de encontro aos dela sentiu seu corpo inteiro congelar, sabia que o filho sentia falta de uma figura materna mesmo que a mãe e Ceren estivessem sempre por perto, ele sentia falta de uma mãe.

Pensou em Yasemin por um momento e a culpa voltou a assolá-lo de maneira rápida e violenta, mas ao estudar o filho nos braços dela sentiu tudo cair por terra.

Se fosse culpado como achava que era pela perda precoce que o filho precisou enfrentar quando ainda nem mesmo tinha idade para entender o que aquilo significava, nada seria mais justo que dar a ele algo que equivalesse a aquilo.

Sabia que o amor materno era algo forte e por mais que no início negasse o óbvio, Eda tinha uma ligação com o filho, ela o tinha retirado da concha na qual ele vivia e vinha o trazendo para o mundo aos poucos. Se ele pudesse escolher alguém para ser a mãe de seu filho a escolheria, em todas as vezes escolheria Eda Yildiz para ser deles.

E ali teve certeza disso, afinal seu filho a tinha escolhido.

Eda o tinha aceitado.
Aceitado aos dois.

Seu coração se apertou no momento em que viu os olhos dela se encherem de lágrimas, e os braços de Emir a apertar.

Ela estava sorrindo entre as próprias lágrimas, parecia tão surpresa quanto ele, sem que se dessem conta tinham se transformado em uma família, mesmo que em tão pouco tempo. Quem questionaria aquilo? Quem questionaria o sentimento mais puro que já existiu?

Ele não o faria, por mais descrente que já chegou a ser, no momento tudo em que acreditava era no que tinha a frente, e tinha a frente a coisa mais preciosa do mundo.
Tinha sua família.

— Eu vou! — Ela disse e ele acompanhou a lágrima rolar pelo canto dos olhos dela até a alcançar no sofá e os puxar para si.


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Istambul.
Domingo, 8:05 horas.

— Eu já sou um homenzinho! — Emir disse para si mesmo ao entrar no banheiro na manhã de domingo, puxou o banquinho que lhe permitia alcançar a pia e preparou sua escova de dentes.

Sorriu para o ursinho de pelúcia cuidadosamente apoiado no cesto ao lado da porta.

— Viu irmaum... Quando você crescer e tiver dentes eu vou te ensinar a fazer isso também. O papai me ensinou e eu vou ensinar para você.

Sirius que estava deitado perto da banheira descansou sua cabeça nas patas atento aos movimentos do menino. Emir virou-se cuidadosamente no banquinho até conseguir enxergar o cachorro que o vigiava.

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