Os olhos multicolores pousaram em meu rosto e desceram para o meu corpo, fazendo o meu coração pular ainda mais. Será que ele me achou bonita?
Bom, eu o achei muito bonito de camisa social, calça caqui, cabelo penteado e relógio prata no pulso. Ele ia sair? Abri a boca para perguntar isso, mas fui cortada.
— Está atrasada — ele veio para o lado de fora, trazendo consigo o cheiro desnorteante de seu perfume.
— Você é que está adiantad... Ei! — Ian pegou o meu pulso e começou a me carregar. — O que está fazendo?
Sem responder, Ian me levou até a porta do passageiro, abriu e indicou para que eu entrasse.
Fiquei parada olhando para ele.
— Não vou entrar — cruzei os braços.
— É sério, estamos atrasados — ele insistiu.
Encarei seu rosto bonito com curiosidade. Seja lá no que Ian estava me metendo, a minha vontade de descobrir era maior que a vontade de desafiá-lo.
— Só vou entrar porque eu quero — mudei o cabelo de lado, erguendo o queixo, e entrei.
Assim que Ian entrou e colocou o próprio cinto, perguntei:
— Para onde está me levando?
Ian ligou o carro e manobrou para sair, depois de uma olhada rápida no retrovisor, ele olhou para mim. Novamente seus olhos estavam me analisando. Afinal, ele estava me achando bonita ou não?
— Pelo que sei, você tem horário marcado com Isa — disse apenas e voltou sua atenção totalmente para o trânsito, dirigindo velozmente, se achando o próprio Dominic Toretto.
Eu estava meio nervosa, pois ainda não sabia ao certo o que lhe dizer. Por isso liguei o rádio do carro. E para o meu completo horror/euforia, a música que acabou de começar naquela estação de rádio foi nada menos que Yellow, a música que Ian e eu cantamos juntos no Clube.
Foi instantâneo: nos entreolhamos.
Fiquei ainda mais nervosa, então desviei os olhos para a janela ao meu lado.
Será que agora aquela música era, sei lá, tipo, a nossa música ou algo assim?!
O resto do trajeto foi preenchido por músicas aleatórias. Minutos depois, Ian parou o carro e abriu a porta para mim.
Passamos a pé por uma entrada com luzes douradas de cada lado, produzidas por pontos de luz no chão. Dava para ver que, lá dentro, a decoração era branco e dourado.
Quando vi a quantidade de pessoas, entendi que se tratava de uma festa. Além da música que vinha de dentro do salão. E se era uma festa, eu não teria como conversar com Ian lá dentro.
Movida pela urgência, segurei o braço dele.
— Ian...
Ian parou, virando-se para mim. Seus olhos me observavam com atenção, enquanto eu hesitava, reunindo as palavras embaralhadas em minha cabeça.
— Antes de entrar em seja lá o que você está me metendo — soltei um suspiro longo —, eu preciso te falar uma coisa.
Ao olhar silencioso de Ian, senti a música de fundo ficar distante. As vozes de conversa desapareceram. Senti minhas mãos suando e soltei o braço dele.
Fechei os olhos e respirei fundo. Ao olhar para ele novamente, senti a coragem abandonar cada célula do meu corpo. Ian estava sério, indecifrável. Será que ele havia mudado de ideia?
Só tinha um jeito de descobrir.
— Bom... — apertei as mãos uma na outra, torcendo para que ele não estivesse escutando os batimentos estrondosos do meu coração. — Eu gosto de você, Ian — soltei de vez, sem pensar muito. — Mas eu não sei dividir, não quero ver você beijando outras meninas — franzi a testa ao imaginar ele beijando Mel, aquela salsicha defeituosa. — Na verdade, eu mal consigo imaginar isso sem sentir raiva — sacudi a cabeça com uma careta, tentando afugentar a imagem. — Eu quero você. Só não quero ser mais uma das suas muitas ficantes.
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Em posição de oposição
Ficção AdolescenteSincera, irreverente e uma verdadeira peste. Jaqueline (Jake para os mais íntimos) é esperta demais para saber que deveria manter distância do garoto que foi eleito o mais bonito de todos por uma listinha suja que circulou os corredores da escola. I...