27. Justapostos

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O dia seguinte passou tão rápido quanto Ian no volante. Isso porque ocupei todo o meu tempo limpando a casa e tentando não me arranhar muito ao roubar frutas nas árvores alheias.

Já estava escuro quando eles chegaram.

— Fez isso tudo sozinha ou chamou gnomos para ajudar? — Ian comentou ao reparar na limpeza da casa.

— Gnomos é claro.

Deby foi a próxima a subir. Olhava em volta com cara de impressionada.

— Nossa, você trabalhou duro, hein? Até que ficar aqui está fazendo bem para você, amiga. Quem diria.

Por último, Caio.

— Oi, Jake — ele me abraçou. — Bom ver você. Sinto muito por tudo isso.

— É bom ver você também, Caio — apertei ele. Ficar o dia inteiro sozinha estava de deixando carente.

Assim que Caio se juntou a Ian no tapete, todos ficaram parados me olhando em um silêncio estranhíssimo.

— O que vocês estão esperando? — coloquei as mãos na cintura. — Vamos logo, desembuchem. Quem pichou a diretoria?

— Talvez seja melhor você comprar uma passagem para outro país, amiga — disse Débora, sentando-se na cama.

— Mostrem — exigi, impaciente.

— Talvez não seja... — começou Caio.

— Agora. Quero ver agora — caminhei até a mesa onde Caio colocou um laptop. — Está aqui? — apontei. — Vamos! Me mostra isso logo — cruzei os braços batendo um pé no chão.

— Já começou com os chiliques. Que tal um "por favor"?

Revirei os olhos para Ian.

Caio levantou a tampa do aparelho e eu fui me sentar ao seu lado.

— Nossa, que demora — reclamei da tela iniciando.

— Aí, amiga, você tá muito estressada — atrás de mim, Deby colocou as mãos em meus ombros e começou a massagear.

— Isso não está ajudando — afastei as mãos dela, observando ansiosa Caio procurar pelo arquivo.

— Está pronta? — Caio virou para mim com o dedo pairando sobre o mouse. A luz da tela iluminou um lado de seu rosto e fez sombra no outro.

— Dá logo o play — ordenei e então o vídeo começou a rodar.

Era uma imagem noturna do corredor da diretoria. Estava tudo parado, mas de repente alguém entrou em cena. A pessoa vestia roupa escura e estava de capuz na cabeça, não tinha como saber se era homem ou mulher. Tirou de dentro da mochila uma lata de spray e em instantes as paredes estavam cobertas de ofensas. Ela/ele parou por um momento como se estivesse analisando seu trabalho. Aí, bem aí, baixou o capuz.

E era...

— Você, Jake — Caio disse.

Fiquei de pé em um sobressalto.

— Essa aí não sou eu! — exclamei apontando para a tela.

— Olha lá o seu cabelo loiro, Jake — Débora disse e eu lhe dirigi um olhar assassino.

— Quantas pessoas de cabelo loiro você acha que existe no mundo?!

— Se não é você, então é um cosplay muito bom — o rosto de Ian não tinha uma gota sequer de seriedade. É como se estivesse assistindo um filme de comédia, ele estava achando engraçado.

— Cosplay, Ian?! — me dirigi a ele, completamente irritada. — Você não está vendo que essa coisa desengonçada aí não tem nada a ver comigo?! — apontei o dedo para o computador. Aliás...

Em posição de oposiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora