Me levantei da cadeira cambaleante na tentativa de chegar até a mesa da diretora.
— Senhora Rosildine — minha voz saiu fraca, quase um sussurro.
Dei mais alguns passos, meus pés vacilaram, tive que me segurar em uma das cadeiras. O garoto que ocupava aquele assento me lançou um olhar de pânico, minha cara provavelmente estava péssima.
Através de olhos quase fechados, vi a diretora levantar a visão do notebook para mim.
— O que há com você? — Ela se levantou.
Coloquei as duas mãos acima do peito e meu rosto se contorceu em uma careta de dor.
— Por favor... Eu acho que vou...
Minhas pernas cederam. Caí no meio da sala com um baque. Minha cabeça acertou o chão e a dor aguda me fez contorcer o rosto.
Ao redor ouviu-se um burburinho de desespero e em segundos havia mãos sobre mim.
— O que aconteceu com ela?
— Ei? Garota? Abre os olhos. — Dois tapinhas do meu rosto.
— Meu Deus, gente, Jaqueline morreu!
Senti o vento chicotear meu rosto de um lado para o outro, como se mãos estivessem me abanando.
— Eu vou chamar a enfermeira! — Alguém afirmou e saiu depressa.
— Jaqueline? — A diretora chamou, sacudindo o meu ombro.
O burburinho de vozes em volta continuou, mãos de todos os lados tentavam me reanimar.
Em poucos segundos, a pessoa que anunciou ir buscar a enfermeira retornou, falando em tom de urgência:
— Diretora, a enfermeira está presa! Parece que alguém a trancou dentro da enfermaria de propósito.
— O quê?! Mais essa!
Senti quando as mãos pesadas dela me deixaram.
— Se me der as chaves eu posso voltar lá e...
— Que absurdo está dizendo, Ian?! É claro que não vou lhe dar as chaves! Acha que eu colocaria o molho com todas as chaves na mão de um aluno?!
— Mas a pobre garota está passando mal, precisa de ajuda. A senhora tem que...
— Não me diga o que eu tenho que fazer! Eu mesma vou buscar a enfermeira!
O som do salto de madeira no piso ecoou pela sala até alcançar a porta, depois o corredor e em poucos segundos não mais se ouvia.
Abri os olhos e me deparei com várias cabeças inclinadas sobre mim.
— Você está bem? — Alguém desimportante perguntou e eu ignorei.
Ian estendeu a mão para mim e eu a peguei.
— Deu certo — ele disse com um sorriso vitorioso, me puxando para cima.
Quando Ian me mandou a mensagem explicando o que eu tinha que fazer, eu não tinha certeza se daria certo. Duvidava que Rosildine acreditaria em minha atuação. Ian ficou com o trabalho mais fácil, fingir que ia chamar a enfermeira.
Ao meu redor, rostos confusos me encaravam. Não liguei, não era da conta deles.
Ian seguiu para porta, mas quando tentei ir atrás, alguém se colocou em meu caminho.
— Você estava fingindo?! — Uma ruiva indignada questionou.
— Não, imagina! — Passei a mão pelos cabelos para ajeitar os fios bagunçados. — Estava ensaiando para entrar para o clube de teatro da escola.
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Em posição de oposição
Ficção AdolescenteSincera, irreverente e uma verdadeira peste. Jaqueline (Jake para os mais íntimos) é esperta demais para saber que deveria manter distância do garoto que foi eleito o mais bonito de todos por uma listinha suja que circulou os corredores da escola. I...