31. Orgulho

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Após deixar um Gustavo amedrontado para trás, segui rumo ao refeitório. Nesse meio tempo decidi que não precisava enfrentar meus pais e Ian imediatamente. Eu tinha outras prioridades no momento, como convencer meu avô a instalar um chuveiro quente.

Logo que entrei no refeitório, notei as mesas repletas de embalagens revirada, pratos vazios e copos caídos. Significa que eu teria poucos minutos para almoçar, considerando que chegaria no Bigodes antes de tocar a sirene.

O que eu queria mesmo era um Monstro. Caminhei determinada. Nada nem ninguém ia me deter.

— Jaqueline!

Quem era o infeliz gritando o meu nome eu não sabia e não queria saber. Comecei a andar mais rápido.

— Jake, espera! — a voz estava se aproximando.

Corri. A sapatilha de Deby não era muito bonita, mas era confortável. Eu sentia que podia correr uma maratona. Ninguém ia me impedir de comer o Monstro desta vez. Eu já conseguia ver o homem de bigode mexicano com sua espátula na mão. Ele seria o responsável por preparar o meu Monstro e...

— Ei! Por que a pressa? — então o peso do mundo todo caiu sobre os meus ombros. Alexandre.

Tentei ignorar o braço daquele monstro e correr para o Monstro, mas ele atrasou meus passos.

— Cara, me disseram que na casa dos seus avós tem uma piscina da hora!

Concentrei toda minha atenção no Bigodes. Outras secções de alimentos, como da comida vegetariana que não fazia muito sucesso, já haviam encerrado. E agora ele também estava começando a...

— Não tô querendo abusar nem nada, mas, poxa, Débora disse que a piscina tem até trampolim.

ELE ESTAVA FECHANDO.

Mas ia dar tempo. Eu tinha tempo. Só precisava chegar perto o suficiente para gritar. Consegui dar um passo, apesar do peso do troglodita.

— Você é um fofoqueiro, Alexandre! — Aí Débora parou bem na minha frente.

— Foi você que contou sobre a piscina.

Fechou. A porta de metal desceu até o balcão. O Bigodes fechou.

— É, mas precisava vir correndo falar pra Jake?

Direcionei olhos raivosos na direção das duas pessoas que iriam ficar com a vida curta em breve.

— Jake? O que foi? — perguntou Débora, hesitante.

Ergui as mãos, elas faziam o formato exato para encaixar em um pescoço. Enquanto eu decidia quem mataria primeiro, dei um passo à frente e ambos recuaram.

— Olha, era brincadeira, eu... — a montanha de músculo sorriu sem graça — eu não queria saber sobre a piscina... Que piscina? Acho que vai chover, vou para casa tirar a roupa do varal — e deu mais um passo atrás.

Senti meu rosto endurecer de fúria. Talvez fosse melhor atacar Alexandre primeiro, Débora não iria muito longe.

— Jake, que cara é essa? — a voz dela saiu estrangulada. — Eu juro que não falei por mal, só...

— Ian! Dá um jeito na Jake — Alexandre pulou atrás de alguém que acabou de se aproximar.

Meu coração disparou.

Estava preparada para dar o bote e me detive. Débora também se escondeu atrás dele e agora ambos me espiavam sobre o ombro de Ian.

— Vocês! — apontei o dedo para um, depois para o outro. — Seus dois idiotas! Ficaram me atrapalhando e o Bigodes fechou! Agora eu vou morrer de fome por culpa de vocês!

Em posição de oposiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora