Meu cabelo estava horrível, eu sentia que tinha um inseto dentro da minha roupa e não havia dormido bem. Mas fora isso, estava tudo ótimo.
Depois de uma longa caminhada pela mata, voltei para casa com a mochila abastecida (e alguns arranhões nos braços, parece que eu já não era tão boa em subir em árvores). Ao menos o almoço (salada de frutas) ficou bom.
Durante a tarde tratei de tirar o esmalte velho das unhas e lixá-las, o tamanho estava se mostrando um obstáculo nessa minha vida selvagem.
Sentada na varanda da frente, observei o sol se pôr enquanto esvaziava a última das três garrafas de água mineral que Ian trouxera na noite anterior.
A despedida do sol era a minha deixa, coloquei a mochila nas costas e fui para os estábulos. Dessa vez vesti um short jeans e uma blusa cor creme de manga longa. Eu duvidava muito que a mãe de Ian não fosse sentir falta de uma blusa da Dolce & Gabbana.
De volta à casa na árvore, posicionei a mine mesa no meio do tapete, coloquei a luminária sobre ela e me sentei com caderno e caneta na mão no intuito de fazer funcionar a minha "mente maligna" — termo usado por Ian quando combinamos de pensar em um plano para descobrir quem armou para mim.
Fiz uma lista de suspeitos e a honra do primeiro lugar coube a Gustavo. Fiquei meio mal por colocar meu amigo como principal suspeito, mas agora sentia que não o conhecia de verdade.
Mesmo assim pareceu absurdo que ele tivesse feito aquilo só para se livrar de mim. Isso não adiantaria muito, pois eu contaria para Débora de qualquer forma. A não ser que ele planejasse negar tudo com o argumento de que eu era uma pessoa ruim que só queria prejudicar a vida dos outros, como "fiz" com Rosildine humilhando-a na frente de toda a escola.
Como ele teve acesso ao meu armário nos leva ao suspeito número dois: Laura. Ela teria dado a ele a minha senha. Por mais que eu me recusasse a acreditar que Laura seria capaz de uma coisa dessas, ela também não era a pessoa em quem eu mais confiava no momento.
O próximo suspeito começava com "M" de Manco do Cérebro. Seria conveniente para Steven se eu fosse mandada para um internato, assim ficaria com os meus pais só para ele.
E por fim a quarta pessoa da lista, a ruiva que beijou Ian no meio da aula de história. Que ela não gostava de mim, não era nenhum segredo. Depois que derramei corretivo em suas coisas, então, devia me odiar. Porém, não fiquei pensando muito nela. Aquela ali não devia ter inteligência suficiente para sequer apertar o spray do lado certo.
Encerrados os suspeitos, parti para a lista intitulada: "Perversidades envolvendo cacos de vidro para me vingar de quem armou para mim". As ideias eram vastas e renderam uma folha e meia. Só parei de escrever porque escutei um carro lá embaixo.
Fui soltar as escadas e voltei para o tapete. Com a caneta na mão, comecei a rabiscar coisas aleatórias. De repente senti uma euforia estranha.
A verdade é que eu não sabia se depois daquele momento em que nos abrimos um com o outro eu deveria tratar Ian como sempre.
Posteriormente ao abraço, mantivemos uma conversa pacífica sobre como eu ia sair dessa. E foi nesse momento que Ian me convenceu a ir para a casa dos meus avós assim que conseguíssemos provar minha inocência.
Escutei passos na varanda e ergui a cabeça. Minha mente ficou em branco assim que cravei os olhos na pessoa que acabou de entrar.
Levantei-me sobressaltada. Meus globos oculares quase saíram para fora de tanta incredulidade. Impossível.
— Você está viva! — exclamou e veio depressa até mim.
Senti o aperto, mas meus braços permaneceram caídos ao longo do corpo. Olhei para Ian lá na frente e ele encolheu os ombros.
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Em posição de oposição
Teen FictionSincera, irreverente e uma verdadeira peste. Jaqueline (Jake para os mais íntimos) é esperta demais para saber que deveria manter distância do garoto que foi eleito o mais bonito de todos por uma listinha suja que circulou os corredores da escola. I...