Antes de chegar ao meu quarto, escutei uma manada de bois pisoteando as escadas e logo em seguida invadindo o corredor.
— Espera! — Steven segurou o meu braço, me virando para si. — O que foi que você disse? — Os olhos dele estavam esbugalhados.
— Quer que eu desenhe? — Puxei meu braço de volta.
— Você está... dizendo que eu vou sair com a cachinhos de chocolate? — Steven passou a mão pelos cabelos, parecendo lutar para conter a euforia. — Com a Deby, minha Deby. Jake... não brinca comigo...
Respirei fundo.
— Não estou brincando. Ela não é sua. Não se anime. Deby tem namorado. Vocês vão sair como amigos. Coloca isso na sua cabeça grande e vazia. — Falei uma coisa de cada vez porque é assim que se conversa com pessoas cognitivamente prejudicadas.
— Tá, tá bom. Como amigos. Eu sei — sua empolgação não diminuiu. — Vou pegar o seu celular — ele se virou depressa para sair, mas o segurei.
— Tem outra condição.
— Eu aceito — disparou debilmente.
O cara estava babando pela minha amiga. Eu poderia tirar muito proveito disso.
— Além de me devolver o celular você vai me ajudar a sair de casa. Vai falar com os meus pais e convencê-los — ditei.
Isso seria moleza para ele. Era só falar que queria sair com a "irmã favorita" ou sei lá o que. Eles sempre concediam os desejos do filhinho querido.
— Fechado — concordou depressa.
Revirei os olhos para o desespero de Steven.
— Sairemos às oito e trinta. Esteja pronto no horário — ordenei de queixo erguido, me sentindo no poder.
Meu corpo se direcionou para seguir meu caminho, porém fui surpreendida com um abraço na cabeça. Quem abraça a cabeça dos outros? Eu detestava quando Steven fazia isso.
— Eu te amo, garota! — e beijou o topo do meu couro cabeludo.
— Me larga! — Empurrei ele com força e o encarei friamente ao dizer: — Pena que não é recíproco. — Dei as costas e segui para o meu quarto.
°*°*°
Eu teria comprado roupas novas para sair com aqueles idiotas se:
A. Eles não fossem os idiotas insignificantes que eram;
B. Eu estivesse indo para algum lugar interessante e não aquele muquifo;
C. Minha mãe não tivesse confiscado todos os meus cartões de crédito.
Mesmo assim, o conjunto Armani que escolhi merecia mais do que a presença daqueles insetos. Saia alta rosa-cherry, cropped branco e casaquinho na mesma cor da saia, até os cotovelos. Meus sapatos Yves Saint Laurent também eram valorosos demais para usar em algo tão sem importância.
O máximo de acessório que eu estava usando era uma pulseira de cristais pendurados, em forma de mini-globos, que, ao serem balançados, produziam um tilintar suave. Foi um presente de consolo que meus pais me trouxeram de Milão, como se aquilo compensasse o fato de terem me deixado para trás.
Eles não gostavam de me levar nas viagens de trabalho porque eu "dava muito trabalho e muita dor de cabeça". Mas aos retornarem, tinha toda a coisa do olhar arrependido.
Meus pais adoravam me dar coisas caras para aliviar o peso de suas consciências em situações em que tinham me negligenciado. Talvez essa fosse a explicação para eu ter tanta coisa de marca de luxo.
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Em posição de oposição
Teen FictionSincera, irreverente e uma verdadeira peste. Jaqueline (Jake para os mais íntimos) é esperta demais para saber que deveria manter distância do garoto que foi eleito o mais bonito de todos por uma listinha suja que circulou os corredores da escola. I...