15. Clube

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Pensa rápido, Jaqueline. Você é esperta. Já saiu de situações piores, pensa rápido — eu me auto incentivava mentalmente, enquanto o escamoso me olhava com ar de vitória.

Tudo ia tão bem, ele estava caindo na armadilha. Um pequeno deslize meu, um mero sorriso maldoso no canto da boca, colocou tudo a perder. Não que Steven fosse esperto, ele só me conhecia o suficiente.

Ou então nunca caiu no meu plano e fingiu esse tempo todo. Eu jamais saberia. O que importava agora era resolver aquele grande problema: como eu poderia ir ao café italiano com ele para esperar Débora se ela nunca chegaria?

Admitir minha mentira e voltar para casa, depois de ter gastado meu perfume Chanel, estava fora de questão.

— Para esse carro — ordenei, segurando a saia com força para conter o impulso de pegar a cabeça dele e bater contra o volante, jogá-lo para fora e chegar no Clube dirigindo. Era a minha chance de colocar em prática todos os tutoriais de direção que assisti no YouTube.

Steven encostou o carro.

— Algum problema, maninha? — Ele estava claramente se divertindo

Fechei os olhos para me concentrar em um plano de emergência, igual a quando Sherlok Holmes entrava em seu Palácio Mental.

Só havia uma saída. Estendi a mão para ele, abrindo os olhos no processo.

— Preciso fazer uma ligação.

— Pois sim — ele colocou o celular na palma da minha mão e eu tive vontade de beijá-lo e dizer o quanto era lindo. O celular, não o saco de lixo com peruca.

Fechei o aparelho entre as mãos. Ninguém mais o tiraria de mim.

— Destrava o carro — mandei.

— Está me achando com cara de idiota? — Era para responder mesmo?

— Preciso de privacidade.

— Se você fugir...

— Vai ter que arriscar — desafiei-o com um olhar incisivo. Ele sabia que confiar em mim era o que tinha para hoje se quisesse ver Débora.

Steven suspirou alto, visivelmente contrariado, e apertou um botão. Carro destravado, saltei para fora. A brisa fria me acertou, talvez eu tenha errado em não ter escolhido o cardigã, no fim das contas.

Três toques depois, uma voz feminina chegou ao meu ouvido:

Oi, Jake. — Havia um zumbido de vozes do outro lado da linha, aparentemente de televisão.

— Deby, preciso de você.

Gustavo que me perdoasse.

O barulho diminuiu. Se eu bem conhecia Débora, agora ela estava com uma cara de preocupação do tamanho da lua.

O que aconteceu? Jake, o que você aprontou? Você está no Clube?

Olhei em volta como quem não quer nada, mas estava era calculando a probabilidade de escapar correndo. Se eu chegasse no táxi antes de Steven me alcançar, ele não poderia impedir a fuga, mas me seguiria. Além do mais, esses sapatos não ajudariam na corrida.

Soltei o ar, frustrada.

— Não, estou a caminho de lá e preciso que você vá também.

O quê? Não! Eu não posso. Não é uma coisa só com a galera do terceiro C? — Esse era um detalhe que eu também tinha que resolver.

— Não importa, eu resolvo isso. Eu preciso de você lá comigo.

Essa era a parte em que Débora soltava um suspiro de derrota. Ela não era boa em dizer não para as pessoas. Apesar de eu sempre incentivá-la com xingamentos sortidos para que parasse com aquela estupidez de fazer o que os outros pediam, lá estava eu me aproveitando dessa sua fraqueza.

Em posição de oposiçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora