Pensa rápido, Jaqueline. Você é esperta. Já saiu de situações piores, pensa rápido — eu me auto incentivava mentalmente, enquanto o escamoso me olhava com ar de vitória.
Tudo ia tão bem, ele estava caindo na armadilha. Um pequeno deslize meu, um mero sorriso maldoso no canto da boca, colocou tudo a perder. Não que Steven fosse esperto, ele só me conhecia o suficiente.
Ou então nunca caiu no meu plano e fingiu esse tempo todo. Eu jamais saberia. O que importava agora era resolver aquele grande problema: como eu poderia ir ao café italiano com ele para esperar Débora se ela nunca chegaria?
Admitir minha mentira e voltar para casa, depois de ter gastado meu perfume Chanel, estava fora de questão.
— Para esse carro — ordenei, segurando a saia com força para conter o impulso de pegar a cabeça dele e bater contra o volante, jogá-lo para fora e chegar no Clube dirigindo. Era a minha chance de colocar em prática todos os tutoriais de direção que assisti no YouTube.
Steven encostou o carro.
— Algum problema, maninha? — Ele estava claramente se divertindo
Fechei os olhos para me concentrar em um plano de emergência, igual a quando Sherlok Holmes entrava em seu Palácio Mental.
Só havia uma saída. Estendi a mão para ele, abrindo os olhos no processo.
— Preciso fazer uma ligação.
— Pois sim — ele colocou o celular na palma da minha mão e eu tive vontade de beijá-lo e dizer o quanto era lindo. O celular, não o saco de lixo com peruca.
Fechei o aparelho entre as mãos. Ninguém mais o tiraria de mim.
— Destrava o carro — mandei.
— Está me achando com cara de idiota? — Era para responder mesmo?
— Preciso de privacidade.
— Se você fugir...
— Vai ter que arriscar — desafiei-o com um olhar incisivo. Ele sabia que confiar em mim era o que tinha para hoje se quisesse ver Débora.
Steven suspirou alto, visivelmente contrariado, e apertou um botão. Carro destravado, saltei para fora. A brisa fria me acertou, talvez eu tenha errado em não ter escolhido o cardigã, no fim das contas.
Três toques depois, uma voz feminina chegou ao meu ouvido:
— Oi, Jake. — Havia um zumbido de vozes do outro lado da linha, aparentemente de televisão.
— Deby, preciso de você.
Gustavo que me perdoasse.
O barulho diminuiu. Se eu bem conhecia Débora, agora ela estava com uma cara de preocupação do tamanho da lua.
— O que aconteceu? Jake, o que você aprontou? Você está no Clube?
Olhei em volta como quem não quer nada, mas estava era calculando a probabilidade de escapar correndo. Se eu chegasse no táxi antes de Steven me alcançar, ele não poderia impedir a fuga, mas me seguiria. Além do mais, esses sapatos não ajudariam na corrida.
Soltei o ar, frustrada.
— Não, estou a caminho de lá e preciso que você vá também.
— O quê? Não! Eu não posso. Não é uma coisa só com a galera do terceiro C? — Esse era um detalhe que eu também tinha que resolver.
— Não importa, eu resolvo isso. Eu preciso de você lá comigo.
Essa era a parte em que Débora soltava um suspiro de derrota. Ela não era boa em dizer não para as pessoas. Apesar de eu sempre incentivá-la com xingamentos sortidos para que parasse com aquela estupidez de fazer o que os outros pediam, lá estava eu me aproveitando dessa sua fraqueza.
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Em posição de oposição
Teen FictionSincera, irreverente e uma verdadeira peste. Jaqueline (Jake para os mais íntimos) é esperta demais para saber que deveria manter distância do garoto que foi eleito o mais bonito de todos por uma listinha suja que circulou os corredores da escola. I...