Capítulo 35 Leão e o gato

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Depois da vinda de Gal ninguém mais havia vindo visitá-la, não que Taliw estivesse reclamando, era quieto no quarto e fazia tempo em que ela não dormia em uma boa cama ou em lençóis tão macios. Ela olhou para a janela vendo o sol já se pondo, o céu alaranjado dava ao jardim uma bela imagem a se admirar, Taliw ainda tinha a flor azul nos braços e sentia que não queria deixá-la.

— Mamãe, o que eu faço agora? — Taliw perguntou como se Margarete fosse respondê-la.

Durante aquele tempo sozinha algo veio perturbar sua mente, ela havia sido levada a alguns dias atrás por homens estranhos. E a única pista que a garota tinha sobre o motivo era que os mesmos acreditavam que ela era algum tipo de amante do mitre... Então podia-se chegar a conclusão de que mesmo indiretamente, ainda sim, Gal era culpado por mais uma das lembranças mais assustadoras dela, mas o problema era: E se essa falsa notícia já estivesse correndo pelo bairro? Se seus vizinhos acreditassem nessa fábula? Quanto tempo demoraria para ocorrer novamente? Para a arrebatarem novamente?

E o pior, Macon estava envolvido. Ele era vizinho dela, ele havia pedido para cortejá-la e logo depois teve uma ideia muito errada da relação dela com o mitre, até que ponto o ciúme pode influenciar alguém? Bem, no caso do Macon já sabemos, chegou ao ponto dele se juntar ao seu colega e vede-la...

Taliw sentiu seu peito apertar, nada disso era para ter acontecido... parecia que os resquícios que sobraram para uma vida tranquila havia escorrido pelo ralo, como ela arrumaria essa situação? Ela não tinha dinheiro o suficiente para sair da cidade, e ela não tinha coragem de pedir ao Zippini ou a senhora Bell eles já haviam a ajudado demais e cada um tinha seus próprios problemas como poderia ela levar os dela para eles, isso soava no mínimo injusto.

Algumas batidas na madeira da porta a fez sair de seus devaneios, ela esperava que a pessoa apenas entrasse no cômodo, mas depois de alguns segundos ela percebeu que a mesma estava esperando por uma permissão dela, após ela consentir em voz alta o mitre entrou no cômodo e a cumprimentou de forma educada pedindo licença antes de se sentar em uma poltrona próxima a cama.

Taliw se lembrava dele, o mesmo havia vindo trocar algumas poucas palavras com ela. Ela não sabia como se sentir exatamente em relação a ele, o mesmo era muito cordial e respeitava o espaço pessoal dela. Tudo o que havia sido falado era sobre seus vizinhos e sobre os comércios da cidade humana, Taliw tentava analisar o homem e suas expressões enquanto ela falava sobre o quão pobre aquele povo era.

E pelas expressões de desgosto do homem, uma vibração de esperança floresceu no peito de Taliw enquanto ela continuava a falar. Talvez Gal fosse um bruto, mas havia uma chance desse mitre ser muito mais gentil. Pode ser um pouco mais misericordioso e gentil com as pessoas de sua área.

Uma garota pode ter esperança, não é?

Quando Taliw sentiu que já havia dito o bastante pode-se perceber o silêncio que havia se instalado, o rosto do homem denominado Kax havia ficado com uma expressão de desconforto. E por um momento o mesmo parecia ter esquecido da presença da mulher, pois ele ficou pensativo e não disse nem sequer uma única palavra.

Taliw tirou esses segundos para analisá-lo numa tentativa de deduzir o que pensava ou de como ele era, ela não pode deixar de compará-lo com Gal, eles eram realmente diferentes um do outro desde a aparência até seu comportamento.

Kax parecia ser mais alto e a cor da pele eram realmente muito diferentes, Kax tinha a pele morena quase dourada e as linhas de seu rosto eram mais delicadas dando-lhe um ar mais amigável, Gal era de um tom branco acinzentado e suas feições eram no minimo mais rústicos, as únicas duas coisas que os dois tinham em comum eram os cabelos negros e os olhos vermelhos.

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