Capítulo 34 visita indesejada

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Gal sabia que não tiraria nada de produtivo daquela conversa, e ele não imploraria pelo seu perdão, ele não poderia se deixar humilhar daquela forma. Ele tinha seu próprio orgulho!

E uma ideia maluca invadiu os pensamentos de Gal por um breve segundo que o induziu ao pânico que quase o fez delirar, Gal realmente considerou a opção de... dar a sua senhora uma nova casa para morar. Faça uma nova e pequena casa que seja aconchegante para ela em algum lugar que tenha o mínimo de pessoas possíveis, ele a manteria lá e garantiria que ela não pudesse ir embora. Ele iria visitá-la todos os dias e dar-lhe presentes e tudo o que ela precisasse ou quisesse e com o tempo ela aprenderia a confiar nele, e como Gal sempre imaginou, a dependência era um tipo de amor em si e...

E antes que seus planos pudessem se transformar em mais do que apenas pensamentos, o conselho de Lene voltou a sua mente e com as palavras do amigo ressoando em seus ouvidos, ele se forçou a se acalmar o suficiente para voltar a pensar em alguma ideia que não tomasse proporções tão dramáticas.

E com seu alívio veio seu horror.

Ele poderia ter cometido GRANDES erros, e Gal sabia disso, tudo o que ele havia feito até o momento apenas a fez odiá-lo. Mas... mas verdade seja dita, aquela pequena ideia de mantê-la em um lugar onde só ele pudesse ver e estar com ela era... no mínimo fantástico.

Mas ele sabia que se ele fizesse tal coisa, ele nunca mais a veria sorrir, nunca mais a veria cantar. do que vale uma gaiola de ouro para um pássaro que tem o céu? Ele a queria, mas pela primeira vez ele percebeu que talvez as coisas não seriam feitas do jeito dele.

— Gal está me ouvindo? — Kax estava a frente dele estalando os dedos próximo aos ouvidos do mais velho, Gal percebeu que seu irmão estava novamente de cara amarrada. Algo havia acontecido. — Por quanto tempo pretende ficar na frente da porta da mulher irmão?

Gal olhou para os lados percebendo que talvez ele tivesse perdido um pouco da noção de tempo.

— Eu já estava de saída...

— Não, vá para seu quarto e arrume-se e depois vá para sala, temos uma visita um tanto quanto inesperada. — Pela forma que as sobrancelhas de Kax franziam talvez a palavra "inesperada" não fosse tão própria quanto a palavra "indesejada". Sim, a segunda opção parecia caber-lhe melhor com a situação. — Irmão seja rápido. — Kax disse enquanto dava as costas para seu irmão.

Gal não poderia dizer, apenas por olhar e observar o comportamento de seu irmão mais novo, quem poderia estar a espera pelos dois em sua sala de visitas, mas quem em todo o território de Solenne teria tamanha coragem de os visitar ser um aviso prévio anterior? A maior parte dos moradores e associados faziam de tudo para não terem que se encontrar com o Copae mais novo, e não era para menos depois da imagem assustadora que Kax havia deixado a todos aqueles anos atrás...

A intenção de Gal era tomar banho antes de trocar suas vestes, mas assim que o mesmo se despiu para entrar dentro da água seu irmão invadiu o banheiro, algo bem incomum e contrário à sua própria educação, Kax parecia um vulcão prestes a entrar em erupção ele passou a apressar Gal de maneira repetitiva e irritante. Gal estava cansado fisicamente e emocionalmente e essa carga o fez se vestir de maneira talvez casual até demais, não havia nada chamativo ou ostentoso em sua vestimenta.

Os dois irmãos seguiram até a sala e se encontraram com duas pessoas conversando, duas ninfes idosas, uma era nonna e a outra a Dione, a fonte de estresse de Kax.

Os dois homens se acomodaram no sofá à frente das duas senhoras, mesmo que os dois estivessem em completo desconforto.

— Não a olhem como se ela houvesse invadido nossa casa. — Nonna se pronuncia ao ver os olhares hostis dos irmãos dada a visitante. — Eu a chamei aqui. — Os homens se mantiveram calados, mas ainda sim era perceptível os olhos confusos direcionados a nonna. — É sobre a garota que Gal trouxe...

— O que pode haver de errado com ela? — Gal falou se precipitando.

— Eu não tinha muitas certezas se o que pensava estava realmente certo ou se tinha algum fundamento. — Nonna simplesmente ignorou a interrupção de Gal e continuou a expor suas indagações aos presentes na sala. — Ela é um tipo de ninfe diferente, algo que eu apenas havia visto uma vez em muito tempo, mas antes de eu contar a vocês eu precisava de uma segunda opinião por isso eu pedi que Dione vinhe-se até mim, para que ela confirmasse que aquela mulher é uma ninfe aurea.

Um pequeno silêncio se instalou no ambiente por alguns segundos antes que Kax se pronunciasse:

— Ela é como minha mãe? Semelhante e mim? Ela tem os mesmos dons que eu? — Ele falou descrente.

"Isso era loucura, completamente impossível! Aquela velha havia chegado ao limite de sua sanidade!" Pensou Gal, sua pequena dama não poderia ser como Kax, ela não poderia ser tão perigosa e ainda sim mal conseguir se defender de pequenos humanos... "Mas quando ele a encontrou... aquele cenário de morte, todos aqueles homens mortos. Não, não poderia ser... mas e se realmente tivesse sido ela?"

Se ela realmente fosse capaz de tais coisas, por que ela não havia se defendido dele? Por que ela não havia se defendido de David antes de toda aquela merda acontecer? Não tinha lógica ter tanto poder e ainda sim viver como um rato.

— Tem certeza, ela não me parece alguém que consiga invocar um aurea. — Kax volta a dizer ainda descrente, Gal consentiu com o irmão apenas com um aceno de cabeça. — Se ela realmente é como eu, como poderíamos te-la encontrado de forma tão deplorável? Se ela fosse semelhante a mim, ela não teria parado essa situação antes mesmo de a levarem... Nona tem certeza do que fala? Entenda minha descrença, não faz sentido.

— Ela pode até não ter certeza, mas eu tenho. — Dione falou convicta. 

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