Capítulo 33 Perdão?

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Taliw tentou não parecer tão temerosa e em pânico quanto se sentia quando a porta de onde repousava se abriu, Gal cautelosamente e silenciosamente entrou no quarto achando que a mulher ainda estava adormecida. Taliw se sentou na cama dando um pequeno susto no mitre que parecia um pouco... bagunçado. Sim, é isso. Ele parecia bagunçado.

Ele não estava usando o paletó preto ou o colete vermelho e os usuais anéis  haviam sumido de seus dedos. Sua calça estava suja de terra na altura dos joelhos e a camisa preta de abotoar estavam enrugadas, e alguns dos botões da camisa estavam desfeitos ou colocados nos buracos errados. E, para completar, ele estava segurando um pequeno vaso azul de flores  vazio... bem, mas de onde Taliw estava dava para ver perfeitamente que estava cheio de terra escura até a borda.

"Ele parece uma criança que tenta se vestir sozinha" A mulher pensou, mas não encontrou nenhum tipo de humor em sua aparência desleixada.

— Nós precisamos conversar. — Gal quebra o silêncio depois de alguns minutos dos dois se encarando. Ele não sabia por onde começar, ele tinha tentado planejar algo, e ele tinha um pré roteiro a seguir, mas quando ele viu ela, tudo ficou confuso e bagunçado em sua mente.

"Sobre o que? O que mais você quer de mim?"  Taliw pensou enquanto esperava que o homem falasse, mas para seu desespero e crescente inquietação, o mitre não disse nada pelo que pareceu uma hora. E quanto mais Gal esperava, mais Taliw começava a pensar que essa visita aleatória e inesperada era mais do que apenas outra tentativa de aborrecê-la e mostrar quanto poder ele tinha sobre ela. Ela não se lembrava de absolutamente nada da noite anterior, tudo o que ela sabia sobre o suposto resgate era o que a velha senhora e o outro mitre haviam dito a ela pela manhã quando a acordaram para que se alimentasse.

Taliw deu outra olhada nele enquanto ele permanecia em silêncio, olhando para o vaso vazio em oposição a ela. Isso também não era típico dele. Cada vez que eles estavam juntos, seus olhos nunca a deixavam. Essas órbitas vermelhas sempre a seguiram.

Mas agora... em vez de parecer algum tipo de empresário rico e presunçoso (mafioso) que gostava de exibir e mostrar o quão sofisticado e de alta classe ele era, Gal sinceramente parecia que tinha acabado de acordar e largado tudo o que estava fazendo sem incomodar-se em se limpar para correr até aqui.

— Nós... hum... eu não tenho agido de uma boa forma com você, não é, boneca? — Ele falou em um tom tão baixo que ficou apenas por um sussurro.

E Taliw quase não ouviu Gal. Junto com seu pânico opressor e seus batimentos cardíacos altos, juntamente com o quão baixo Gal estava falando, ela quase não pode compreender o que ele havia dito. 

A voz dele não parecia ter o tom desagradávelmente arrogante, profundo, presunçoso de sempre que quase sempre parecia provocar um arrepio medonho em sua espinha. Ela não tinha certeza de qual emoção estava fazendo com que a voz dele ficasse mais baixa e gaguejasse um pouco, mas ouvi-lo falar com aquela voz de alguma forma milagrosa aliviou um pouco a paranoia de Taliw. 

Finalmente Gal ergueu os olhos. 

— Eu... — Taliw começou a dizer também em um tom baixo, sem saber o que sairia de sua boca, mas Gal rapidamente a interrompeu:

— Você passou por muitas coisas, e eu só piorei para você... e você deve estar com muita raiva de mim, certo? Quer dizer, eu entendo por que você não está muito satisfeita comigo no momento, mas não gosto do fato de você estar infeliz... hum... Pensar nisso deixa um gosto ruim na minha boca. Então... eu pensei que talvez... eu poderia... você sabe fazer algo por você... para mostrar a você... hum... que você deveria se sentir com sorte por eu estar prestando tanta atenção em você. 

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