Capítulo 39 Do lixo para o luxo

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Os olhos de Taliw se arregalaram em choque enquanto ela observava Gal, o mitre que, até este ponto, tinha demonstrado a ela seu amor por poder e controle, ficar no meio da cozinha por apenas um segundo antes de grunhir e lentamente sentar-se do outro lado dela, obedecendo às ordens do amigo.

"Que raio de história esses dois têm", Taliw não pode deixar de pensar, agora olhando abertamente para o homem sentado à sua frente. "Gal apenas obedeceu a uma ordem. Não foi uma sugestão ou um pedido. Lene deu-lhe uma ordem e Gal a seguiu."

Taliw deu outra olhada no homem, pensando que ela devia ter perdido algo sobre Lene na primeira vez que o viu. Pele negra e cabelos raspados, dentes arredondados e olhos escuros como o céu noturno, ele não era mais alto que Gal e estava vestido como um dos homens que trabalham duro. Ele não usava nada que mostrasse que ele era rico e aparentemente ele seria o único a consertar a porta dela. Assim, ele fazia trabalho manual, um trabalho muitas vezes assumido por homens de famílias de baixa renda.

E ele certamente não parecia estar na mesma posição de poder ou ter a mesma força de Gal, que tinha os tais "dons" semelhantes as ninfes (que os mitres em geral não tinha).

"Ou este homem deve está chantageando Gal com algo suculento", Taliw não pode deixar de sorrir, pois ela gostou da ironia se realmente fosse o caso, "ou os dois são realmente bons amigos. Somente a família e os amigos realmente bons podem obter o cartão gratuito "saia da prisão" quando se trata desse tipo de coisa."

— Que aposta? — Gal murmurou, colocando o cotovelo na mesa e apoiando o queixo na mão. Ele bateu os dedos de sua mão livre contra a madeira.

— Aquela coisa das regras do beisebol, — Lene respondeu antes de se virar para Taliw. Seus olhos brilharam de excitação. — Eu sei que vou ganhar esta aposta, — Ele declarou piscando para Taliw antes de lançar um sorriso malicioso para Gal.

Taliw observou Gal dar seu próprio sorriso desafiador.

"Definitivamente amigos", Taliw decidiu, sentindo-se apenas um pouco mal por Gal não estar sendo chantageado, mas ela não podia negar seu choque e surpresa pelo fato de Lene, um sujeito decente, amigável e feliz (pelo pouco tempo que ela o conhecia) ser um amigo dele.

— Nah, aquelas moedas são tão boas quanto as minhas. — Gal rebateu e se virou para Taliw. Seus olhos brilhavam preguiçosamente e agradavelmente. — Então, boneca, quando éramos crianças, e isso foi quando éramos muito jovens para conseguir qualquer tipo de trabalho que pagasse um bom dinheiro, tanto eu quanto Lene...

Lene agarrou a mão da ninfe, desviando sua atenção de Gal e começou a falar sobre o mitre mais velho. Taliw ouviu outro rosnado baixo de Gal, mas como Lene não parecia muito preocupado e continuou falando, Taliw também relaxou um pouco.

— Em primeiro lugar, você sabe como o beisebol é jogado, certo?

Taliw piscou com a pergunta. Beisebol? Ela acenou com a cabeça, as memórias dela agachada atrás da placa base, seu equipamento de apanhador quente e desconfortável agarrado a seu corpo e rosto instantaneamente inundou sua mente.

Embora o beisebol fosse um "jogo de meninos", já que muitos meninos da classe de Taliw no ensino fundamental diziam a todas as meninas que queriam jogar durante o recreio e as baniam do esporte, alguns dos mesmos meninos que jogavam depois da escola não eram tão arrogantes ou exigentes sobre quem estava em suas equipes. Verdade seja dita, se não fosse pelo fato de que não havia meninos suficientes no pequeno bairro de Taliw para formar dois times, a menina nunca teria jogado o jogo. Mas não havia meninos suficientes, então, com grande relutância, muitos amigos do sexo masculino de Taliw permitiram que a mesma e as outras meninas brincassem.

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