17 - Célébrités

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Se em cada momento da vida há um sabor diferente, com certeza os momentos pelos quais Bianca está passando hoje são imensamente amargos; sabor este que está acostumada a sentir sempre que se lembra de sua mãe, e agora teme em passar por isso mais uma vez com sua irmã. Porém, infelizmente, não há o que fazer além de rezar e esperar que Bruna saia do coma.

A culpa já tomou todo o seu corpo e agora o arrependimento está a consumindo. Enquanto segura firme a mão dela, agora que tem permissão para ficar com a irmã, pergunta-se: Por que nunca consegui perdoá-la? Ela deve ter sofrido tanto por causa de mim e eu, egoísta, não percebi.

Um abraço caloroso chega de mansinho em seus ombros. Bia olha para o lado com seus olhos vermelhos e inchados e vê seu namorado.

- Você deve estar muito cansada, não quer ir para casa?

Neste momento, ela se lembra que eles passaram a madrugada toda no hospital, já está amanhecendo e todo mundo já foi embora. Ela assente e, antes de se moverem, olham mais uma vez para Bruna, que além dos pontos que levou na testa, ainda quebrou o braço.

Bia chega em sua casa com dor de cabeça e a primeira coisa que faz é sentar-se no sofá e encostar sua cabeça na parede, olhando para o teto, pensativa. Julien se aproxima devagar, preocupado, e ela ergue a cabeça na direção dele ao reparar.

- Não quer ir para casa? - pergunta ela, com os olhos tristes.

- Não posso ir para casa e deixar você assim.

- Vou ficar bem.

- Até lá, eu fico com você. - Ele senta-se ao seu lado e oferece seu abraço para tentar confortá-la.

- Eu sou a pior irmã do mundo, Julien... Se ela morrer, jamais vou me perdoar, tudo isso é culpa minha.

- Não fale assim, Bia.

- Eu vou falar o que? É a verdade!

Julien queria lhe dizer algo útil, mas devido a tristeza do momento, não tem ideia. Ele só queria que fosse possível tomar para si todos os sentimentos negativos do coração de Bianca. Concluí que ficar em silêncio é a melhor opção.

Neste momento, as amigas de Bia saem do quarto, pois escutaram a conversa deles.

- A gente não conseguiu dormir - diz Delphine, sem animação.

- Vou passar um café - complementa Manon, abatida.

- Acho que preciso dormir - responde Bia, dirigindo-se a Julien, e ele concorda balançando a cabeça.

- Só tem um problema: vou conseguir dormir somente com o seu abraço, Ju. Fica comigo até eu pegar no sono? - suplica, já com a voz embargada.

- Claro que sim.

Bia o leva para o quarto. Em seguida, arrancam seus sapatos, deitam-se abraçados na cama e cobrem-se:

- Ainda bem que você está aqui comigo, não sei o que seria de mim sem você - diz ela, ganhando um beijo na testa. - Prometa-me que nunca vai me abandonar?

- Prometo. Eu não vou e nem quero te abandonar, meu amor. - Tranquiliza-a com um cafuné.

Ela o abraça forte e fecha seus olhos pensando em sua irmã no hospital.

A jornada de uma estrangeira Onde histórias criam vida. Descubra agora