Stephanie Fearblood, vampira
Tudo aconteceu rápido demais.
Jaime Fearblood deixou o castelo trajando uma armadura alva duas horas depois que o sol nasceu.
— Volto logo - disse quando passou por ela no pátio semi-circular. Ficava a céu aberto, cercado por colunas e com quatro bonecos de couro marrons e marcados por golpes.
— Certo - respondeu, do chão, fazia flexões. Braços, peitoral e barriga queimando. Suor escorria do rosto e torso ao piso.
Depois levantou, ele há muito ido.
Correu, fez abdominais, moveu a espada. Deu aos soldados de couro novos hematomas com uma lâmina sem fio. O exercício matinal terminou em quatro horas. Respiração regular, fios de cabelo colados a face. Estava pronta para aumentar a carga há duas semanas.
— Conserve parte da energia para os estudos - seu pai dissera, então permaneceu sem alterá-la.
Flores.
Nos jarros a esquerda e direita do armeiro ao fundo e as costas dos bonecos. Próximas as colunas dos corredores do pátio. Rosas, lilases e sombras noturnas.
Virou. Largou a arma de torneios no chão. Banheiro, lavar-se. Trocar a camisa azul puída, o short desgastado e as roupas íntimas.
O fez como viera fazendo há cinco anos.
Depois de trocar-se para trajes vermelhos andou. Pelos corredores à cozinha, então uma garrafa de sangue congelado que aqueceu e bebeu.
Depois aos degraus da torre.
O castelo do lorde da Cruz do Primeiro possuía quatro. Uma de pé ao norte com vista para a muralha, outra erguida no sul à feira principal. Da do leste olhava-se de cima a praça de Faustos. No Oeste, aguardando a partida do sol e austero diante da guilda de aventureiros, uma última.
Encontrou o aposento de uma delas.
A norte. Onde armários de madeira rosa e rabiscada com simplórias silhuetas de raposas cobriam metade da sala. Sobre elas, e dentro das gavetas, livros, jornais e mapas. Eram móveis posicionados em linhas verticais do meio, e treze passos à frente da entrada, até a extremidade direita, a cada três eram espaçadas pela distância de duas.
No outro lado, próximo a janela da torre, do aposento, uma mesa de ferro clara adornada com vinhas de metal pretas em cima e escarlates na estrutura abaixo. Livros e um suporte para pedra de mana, item substituto para a iluminação de velas, a ocupavam, além de ser acompanhada por uma poltrona.
Stephanie entregou mais um manuscrito à mesa clara. Capa branca, bordas douradas, gema alva no centro. O encarou ali. Tirou-o dali.
Pesado, famoso e assustador. Livro dos reis, portador de profecias e arauto do caos, ele não deveria estar na Cruz do Primeiro.
Das seis grandes metrópoles, as nortenhas eram Sangue Branco dos elfos, Musashi dos humanos, Torre de Ivan dos anões, e a dela, Cruz do Primeiro dos vampiros. Semiramis vinha abaixo dotada de licantropos e mestiços sem fim, mais ao inferior do mapa ainda a Bélica com onis e seus pequenos chifres e portes robustos.
Aquele livro pertencia às terras élficas. Ao Grande Templo onde eles cultuavam o deus Branco, onde tomavam suas decisões governamentais e realizavam cerimônias de condecoração. Era considerado a caixa de mensagens da divindade que cultuavam e previra com êxito a aparição de doze eventos com potencial apocalíptico.
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A Queda das Espadas
FantasyA Cruz do Primeiro, cidade pertencente aos vampiros, é destruída sob o ataque do exército élfico. Fugindo de lá às pressas, Stephanie Fearblood carrega consigo o prenúncio de uma catástrofe e o desespero da perda de seu lar e pai. Numa busca para im...