Capítulo 12.5° - Alguém Assustador é Justamente o que Precisamos

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Augustus, elfo - dezessete dias após a queda da Cruz do Primeiro



Aquela coisa descrita por Merlim, em seu livro de memórias póstumas como ''a única criatura mais destrutiva que os dragões. Ora, sim, os lagartos alados virão hoje ou ano que vem, quando estão com fome ou buscando tesouros ou entediados. Mas este camarada aqui? Ele não para, animais, plantas, e claro, pessoas, ele gosta particularmente de pessoas. Varreram a parte leste da VI Avalon, trinta mil pessoas, dez mil animais e toda vegetação. Fome se seguiu e levou mais algumas centenas antes de ser controlada. Foi pouco, muito pouco, para o que aquela praga réptil podia trazer''.

Augustus respirava pesadamente. Ainda era difícil acreditar que estava vivo. Que aquilo parou. Que cerca de trinta e três mil daquelas coisas estava presa no buraco feito às pressas, que Zéfiro pudera fazer um tão grande depois de dois dias de combate.

''Veja bem, ela expele esporos assim que avista seu alvo, pequenas bolas marrons que uma vez que tocam um ser vivo o fazem ser ignorado pelas bestas. Bom, não é? Isso só ocorre a partir da fase adulta, que leva a essas criaturas uma hora para alcançar. O pequeno problema nessa suposta proteção é que o beneficiado entra em estágio de gestação de uma nova fera. E o parto é automatizado, com a criatura rasgando espalhafatosamente a carne de sua 'mãe'.''

Augustus olhou para Helena, coberta de suor e sangue.

''Elas não são particularmente fortes, veja bem. Se apenas sua capacidade de luta, um esquadrão de mil ranks um lidaria facilmente com até três vezes seu número. A complicação é o fato dos esporos reprodutivos serem emitidos entre dez a vinte por besta e a depender do vento isso pode significar a condenação imediata. Fogo não parece ter efeito neles e eletricidade mostrou, inconvenientemente, dividir os esporos em partes igualmente funcionais.''. As palavras de Merlim sobre o evento conhecido como a crise da Gula.

O pequeno contingente de elfos restantes pairava no topo da igreja de Francisco, cem deles cercados por uma cratera circular que se estendia por sete quilômetros e estava abarrotada de figuras esbranquiçadas manchadas de rubro e esporos marrons. O som de passos em lama, escorregões e ganidos de milhares de criaturas soava.

''Eles não se dão bem com lama, mesmo uma pequena poça foi capaz de atrasar um deles por dois minutos. Um grande poço e bastante lama seriam minha solução caso tenhamos o terrível azar de encontrar essa espécie outra vez.''.

Zéfiro ainda estava de pé mantendo o vento sob controle para que esporos não os alcançassem. Qualquer outro mago já teria sido esgotado antes do final do primeiro dia da aparição desses monstros. Chega a ser assustador. Outros atacantes de longa distância disparavam contra as criaturas, descansavam, então voltavam a fazê-lo. Com água congelada ou pedras lançadas de modo a partirem em pequenos pedaços para evitar suportes de onde as bestas pudessem pular.

Zéfiro ainda não parou por um minuto.

— Assim que acabarmos aqui, marcharemos para Semiramis. Encontraremos a garota e o livro, enviaremos uma carta a Sangue Branco e aguardaremos a decisão do parlamento élfico - ele havia dito quatro horas atrás, ''aqui'' ainda perdurava. A ração era curta, o tempo que os outros magos podiam manter a ofensiva só diminuía. Zéfiro gastou qualquer real capacidade ofensiva ao abrir o buraco e transformar o solo em lama. Ele era um amontoado de suor e arfar, ali na borda do edifício.

O ar estava quente.

''A pele da criatura expele calor e seu tempo útil de vida está por volta de um a dois dias. Provavelmente por isso é tão voraz em busca de reproduzir, os safadinhos.''.

Augustus imaginava que os lagartos alvos e humanóides iriam estar devidamente mortos em mais um dia. Se houvesse magos mais talentosos presentes poderiam arriscar uma ponte suspensa de terra ou gelo. Ou se Zéfiro não estivesse no limite poderiam fazê-lo sem qualquer risco.

Vamos sobreviver se formos pacientes. Fitou Helena de soslaio. E iremos mudar o foco do exército para o que quer que realmente a profecia alertou sobre.


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Quando o último das ''pragas da gula'', como Merlim batizara, caiu imóvel, Zéfiro virou e fitou os elfos por sobre o ombro.

— Preciso que Arimeteu assuma os ares. Os esporos terão sumido por inteiro em vinte minutos, partiremos em trinta - o chefe máximo do exército, então despencou para trás. Aeolos avançou, o segurou, Arimeteu pôs-se a controlar os ares e dois outros comandantes se aproximaram do líder.

A pele grudava aos ossos e profundas covas pairavam sob os olhos. Augustus levou dois dedos a garganta dele. Quase não sinto o pulso. Helena se agachou, as íris fitando-o friamente, e ergueu as mãos a boca do elfo, a abriu e criou uma bolha rósea que deslizou-o a dentro.

— Irá acordar em algumas horas. Um grão de arroz... é o que parece o núcleo de mana dele nesse momento... Normalmente alguém assim estaria a instantes da morte - a elfa. - Ele é assustador.

Augustus o fitou. Se mais monstros como a praga da gula estão por aí, alguém assustador é justamente o que precisamos.

''O grande mau se ergue e de suas veias pingam seres ferozes e famintos'' o livro dos reis profetizara e Augustus, agora, via.

Stephanie Fearblood não era o problema, os vampiros chacinados não o foram.

Que o Branco nos perdoe.

A Queda das EspadasOnde histórias criam vida. Descubra agora