Stephanie Fearblood, vampira
Cansaço. Não há nada no futuro e só existem perdas no passado. Suspiro. O corpo se movia sem desconforto ou tensão. Dor, medo e raiva. Não me movem, só cansam.
Cama. Aquela sob si era fofa, ligeiramente fria e cheirava a orquidias. Eu não quero levantar. Baixou as pálpebras. E nada parece mais capaz de me motivar a fazê-lo. Umidade a subia aos olhos.
Odeio isso. Odeio, odeio, odeio...
O demônio lia um livro no sofá a frente da janela. Stephanie dissera estar com sono quando perguntada sobre contar sua história. ''Oh, que triste'' fora a resposta a resposta.
Os odores de Jurandir e do licantropo com traços de tigre... e todas as pessoas nas proximidades... tênues. Não consigo focar neles por causa do cheiro dessa bêbada idiota. Girou de lado e abraçou o segundo travesseiro sobre o colchão. Ela é perigosa e não é apenas seu odor que o diz. Os lábios tremeram.
Nem essa ameaça me dá a menor vontade de levantar.
— Foi muito difícil? - a oni.
Stephanie ergueu uma pálpebra e a encontrou sob um quimono escuro e... a vampira ruborizou. O traje da pequena mulher estava aberto, revelando o centro do corpo alvo e sem interrupção de tecidos. Ela está nua. A íris vermelha pendeu a direita, acima, ao colchão, de volta a nudez e então o olho fechou.
— Me refiro a seu trajeto até aqui. Majoritariamente árduo ou tranquilo? Dúvido que tenha sido por inteiro um dos dois.
Os punhos de Stephanie fecharam. Foi difícil o tempo todo. A respiração se fez profunda. Doeu o tempo todo. Os músculos enrijeceram. Que merda de dúvida é essa? É óbvio que foi completamente horrível! Ainda está sendo!
— Díficil... - a vampira murmurou.
— Matou um monte de gente, pirralha?
Stephanie tensionou mais. Os dois elfos batedores, um sem fim de lobos demoníacos, feras de uma vintena de tipos, três daquelas pessoas a serviço da Mommy.
Silêncio.
— Gostou? - o demônio.
Stephanie girou ao outro lado.
— Que pergunta boba. Ainda baba pensando em todo aquele sangue, sim? Seu estômago se agita, suas pupilas dilatam e essas belas presas expandem em três centímetros afiados ansiosos por perfurar, certo? - a pequena mulher, levantando e pondo passos a soaram contra carpete. Ela parou ao lado da cama. - Já tem um tipo favorito? Humano, licantropo? Elfo?
Stephanie pôs-se sentada de súbito. Algo parecia se espalhar do centro do peito a garganta. O cheiro daqueles elfos na estrada de Roma. Saliva a subiu a boca. Não, não. Mordeu o canto dos lábios e apertou mais o travesseiro.
— Não... gosto disso... - murmurou. Mas estava ali. Baba, desejo e certeza. Mesmo sem provar sabia que seria o melhor gosto, provavelmente a melhor experiência, que já teve ou teria.
— Mentindo para a pobre eu? - o demônio, colocando um joelho sobre a cama e logo as mãos. - Somos ambas adeptas do sabor da vida, como oni e vampira. Timidez é desnecessária, sim? Eu te entendo. O gosto, o cheiro, a textura, a aparência... oh, só de pensar isso coloca arrepios a subiram lá de baixo, certo? Você quer devorar alguém, sim? Sentir aquela quente e saborosa vida enchendo sua boca...
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A Queda das Espadas
FantasiA Cruz do Primeiro, cidade pertencente aos vampiros, é destruída sob o ataque do exército élfico. Fugindo de lá às pressas, Stephanie Fearblood carrega consigo o prenúncio de uma catástrofe e o desespero da perda de seu lar e pai. Numa busca para im...