Stephanie Fearblood, vampira
Se perguntassem? Sim, se sentia amaldiçoada, desgraçada, infeliz e fraca. Estava tudo ali, pulsando a cada momento em que olhava para o passado e encontrava um amontoado de carne fria e morta. Quando olhava para os lados e a única consigo era uma bêbada criminosa e assustadora. Quando lembrava do combate no pátio do mercado cultural onde fora rendida em três movimentos. Por Lancelote... mas que diferença faz quem era? Fui inútil do dia em que nasci à agora, capturada por um zumbi, sobrevivendo a queda da Cruz do Primeiro só para chegar e avisar um governo que já sabia sobre a profecia. Alguma coisa que fiz alguma vez importou?
A sala ficava no subterrâneo do mercado cultural, as paredes eram escuras e o chão áspero. Fedia a carne congelada, água, lama e um casal suado. Lancelot estava à esquerda dela, ambos sentados de frente a abertura que dava a rua circular. Três zumbis pairavam em cada lateral do cômodo de pé e com bestas apontadas para a entrada. Estão esperando a bêbada. Ela é a única ameaça, a vampira é uma fraca chorona. Stephanie cerrou os punhos e mordeu o canto da boca.
O odor da oni se afastou. Três minutos e o humano surgiu no batente, o local na direção do coração afundado e sangue escuro o vazando por entre os lábios.
— Vamos indo - ele soltou e virou-se.
Lancelote pôs-se de pé e gesticulou para a saída com a cabeça. Stephanie levantou e o seguiu. Para a morte, para algo pior... assim como antes, não deve fazer diferença. Seguiram para a escadaria, então à fora do mercado cultural.
O ar pairava rico em medo, raiva e ansiedade. Licantropos, mestiços de todos os tipos e mais ao norte... feras lupinas, algo diferente do que já encontrara antes. Os ventos eram frios. É assim desde que estou próxima dos zumbis, antes só vinham mornos ou frescos.
Correram. Stephanie não saberia dizer por quanto tempo ou para onde. Não importa. Os olhos estavam fixos nas costas sob aço azul escuro do cavaleiro do lago. Minha correria nunca importou. O coração comprimia dolorosamente. Meu treino desde os onze foi inútil. As vias seguiam em um silêncio próximo e ruídos distantes de gritos e rosnados. Esses guardas lutando importam. Os membros pareciam ocos. Eu... Tropeçou e o rosto encontrou a casa à esquerda. Eu estou de saco cheio. A pedra era fria, a placa acima dizia ''O açougueiro'' e dor a pulsou sobre o nariz. Eu odeio isso. Empurrou a parede com o braço esquerdo. Lancelot e o humano tinham parado e virado para fitá-la. Me matem. Fincou-se de pé e a armadura a cobriu a pele. Stephanie ergueu os punhos, ativou o nível dois e encarou-os o rosto através da fresta no elmo. Venham. Ativou o nível três, os sentidos foram aguçados e cada descida de relevo na pele do humano, cada curva e gota de água na armadura do cavaleiro, cada mover do líquido escuro e da energia mágica em seus corpos se tornou clara como a silhueta deles abaixo da luz da pedra de mana alaranjada.
— Pare com isso. Só vai se machucar.
Não, só vou cometer suícidio em outro ato inútil. Avançou, a distância foi devorada em meio segundo, lançou o punho rumo ao queixo do samurai, tocou a pele coberta por barba, avançou um terço de milímetro e a cabeça dele girou para esquerda junto ao tronco e o golpe seguiu reto, sem impacto. O braço da vampira foi segurado, firme e forte, ela foi erguida ao ar, frio agitando-se na barriga e pálpebras completamente elevadas, movida nele e... a cabeça do zumbi estava ao alcance da perna. Chutou. O rosto pálido do humano foi virado sob o golpe, dente e sangue negro voaram da boca. Mas o atirar da vampira ao solo continuou, o piso rachou e afundou ruidosamente sob a queda dela. Stephanie engoliu um gemido, o ar a escapou os pulmões e a boca correu para recuperá-lo. ''Ei'' soou da borda da esquina.
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A Queda das Espadas
FantasyA Cruz do Primeiro, cidade pertencente aos vampiros, é destruída sob o ataque do exército élfico. Fugindo de lá às pressas, Stephanie Fearblood carrega consigo o prenúncio de uma catástrofe e o desespero da perda de seu lar e pai. Numa busca para im...