Capítulo 13.5° - Terei a Cabeça de Stephanie Fearblood sob Meu Pé

11 2 0
                                    


Ícaro, elfo - Vinte e dois dias após a queda da Cruz do Primeiro



Estava sentado, cotovelos apoiados nas coxas e bochechas nos punhos. Os olhos pairavam completamente abertos e suor frio o descia as têmporas. O que foi que eu fiz?

— Ele não vai contar onde você está.

Fitou a licantropa de canto. Pelagem branca, orelhas de raposa e olhos vermelhos. Não, mas a menos que eu descubra uma forma de matá-la, é questão de tempo até que consiga por si só. Soltou o ar pela boca. Óbvio que a troca que ela mencionou é mentira. Aquele demônio não se importa com mais nada além de me matar.

Uma náusea o subiu do estômago ao peito. Droga. Droga. Por que caralhos mandei aquele humano matar Jason?! Porra! Irritar a criatura mais poderosa do continente justo quando caiu em minhas mãos o poder para mudar de vida!

— Eventualmente faremos aquela... praga mudar de ideia, foque apenas em manter seus zumbis auxiliando nas patrulhas.

Ícaro fechou os olhos. E o maldito lobo do Enzo sabe que sou um necromante, o terceiro e mais velho governante dessa cidade. Suor o descia a pele. Eu apostaria toneladas de ouro que planeja me dar um fim assim que a crise do aumento absurdo da aparição de monstros for sanada.

Ergueu as pálpebras.

— Obrigado - disse à licantropa.

Estavam em uma pousada quatro ruas atrás daquela que antecedia a mansão dos Fearblood. Não muito longe, não muito perto, foi uma boa escolha. Levou os dedos a taça sobre o criado mudo. Se Camila não houvesse aparecido...

Bebeu. De novo.

— Não precisa agradecer. É um negócio, precisamos do seu serviço, isso é tudo.

Pelos relatórios de seus mortos vivos, cerca de treze mil monstros de raças variadas surgiram nos últimos três dias por toda fronteira norte. É ouro ter sido descoberto como necromante nessa situação, se nada mais for. Suspirou.

Se eu conseguir invocar Heracles... ou algum dos Jormugands anteriores, eu teria uma chance dourada de matar aquele demônio. Ou talvez o lendário ferreiro Ivan consiga fazer armas o bastante para termos uma chance...

Bebeu. Não consegui nem trazer Jason. Que porra! Eu até tinha a porcaria do cadáver em mãos e a porcaria simplesmente falhou!

— Sabe de algum lugar bom para uma emboscada? - Ícaro.

A íris rubra alaranjada da licantropa o encontrou de soslaio.

— Seria sábio deixar a poeira baixar, aquela praga é... fora de qualquer escala. Ao menos que tenha um arsenal de heróis lendários, o melhor a fazer é ficar quieto.

Ícaro riu, colocou o copo vazio no criado mudo. Eu não consigo dormir. Eu... olhou para o punho, trêmulo.

— Musashi Miyamoto e Lancelot.

Os olhos da licantropa abriram por completo, o tronco girou na direção do elfo.

— Você...?

Ícaro assentiu.

Ela semicerrou as pálpebras e encarou a taça a frente do elfo. Três segundos de silêncio. Voltou a fitar o embaixador de Sangue Branco.

— O mercado cultural na área três tem um pátio descoberto como centro, seus corredores o cercam dando um boa vista do segundo andar para lá e há passagens subterrâneas. A estrutura também é majoritariamente pedra.

É bom o bastante. Respirou fundo. Se der errado eu vou perder minhas melhores unidades... fechou os olhos. Quase perdi me apressando e mandando-os naquela ideia idiota para propor um acordo. Ergueu as pálpebras. Farei dar certo e terei a cabeça de Stephanie Fearblood sob meu pé.

— Me mostre - Ícaro e se ergueu do sofá. 

A Queda das EspadasOnde histórias criam vida. Descubra agora