Capítulo 3.5° - Já aquilo... medíocre

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Stephanie Fearblood, vampira



Foi roubado e colocado na biblioteca deles. O livro dos reis, o item dotado de profecias macabras. Jaime Fearblood não estava preparado ou se preparando, ele passara os últimos dias quietamente no castelo quando qualquer idiota saberia que furtar aquilo de Sangue Branco era começar uma guerra. Um terceiro, a conclusão seguinte, roubou-o e trouxe à Cruz do Primeiro pelo prazer de ver as cidades que odeia nas gargantas uma da outra? A mando de um grupo criminoso cujos negócios seriam favorecidos pelo conflito? Edard Collen? Ele não visitava a Cruz do Primeiro desde que Jaime Fearblood se recusara a acolher um de seus garotos como protegido. Tinha retirado os descontos que oferecia em transações comerciais e repôs impostos para acesso à cidade dele. E não quero entrar no ponto dos rumores que espalhou sobre meu pai e, pelo que ouvira de pessoas conversando ao lado do muro do castelo algumas vezes, sobre ela também.

Mas que diferença faz? E se tiver sido o governo de Semiramis? Um frio subiu e desceu-lhe a espinha. Uma gota gélida deslizou pela têmpora. O que faria então?

Não tinha pensado em ir para Crepúsculo ou Centelha em meio a fuga de casa. Depois de cogitar as opções, já no meio da floresta dos Uivos, era tarde, descer dali seria passar por onde jazia o exército élfico(além da sua orientação espacial estar toda cagada). E ambas são vilas, com poderio militar baixo se comparado a cidades. Sangue Branco as esmagaria se recusassem entregar a Fearblood ou a deixá-los averiguar seu território. Além da profecia que anuncia a chegada de um grande mau. Não pensariam duas vezes antes de dar a mim e o livro aos elfos para que lidassem com isso.

Se fosse Semiramis o culpado... estaria morta. Não pensariam duas vezes antes de matá-la, devolver o livro e ganharem um generoso agradecimento pela treta a qual eles mesmo haviam dado início.

— Foi mal mesmo.

Um arrepio a tomou, as pálpebras ergueram-se num salto, íris encontraram o mercador. Do outro lado da mesa, vestindo um colete sujo de poeira acima de camisa que um dia fora branca. Sinais de barba pontilhavam o maxilar arredondado e a boca pairava numa quase linha reta.

Foi mal pelo quê? Fechou os olhos e esfregou a umidade neles com as costas da mão. Tinha parado de prestar atenção no mestiço e começado a racionalizar suas decisões quanto a direção havia alguns segundos.

— Não importa, não precisa responder. Vou te levar para Semiramis e pronto - Antony, então suspirou. - E...

A boca dele fechou, abriu e fechou. O olhar desviou para a direita. Silêncio. E o quê? Quanto tempo faz que parei de ouvir o que ele falava? Qual o contexto mesmo? O mercador fitou a retaguarda da vampira, os lábios mantiveram-se quietos. Uma veia de irritação pulsou na têmpora dela.

Que seja. Stephanie respirou fundo, o odor de pão e álcool e sangue se aproximando sob o som de sandálias contra piso. As pessoas ao redor trocavam umas palavras, riam e bebiam.

A comida chegou. O moleque que os trouxe ali, Ed, bambeou a mão com a bandeja, um pouco das bebidas ameaçou cair, os olhos do sardento esbugalharam, o punho pendeu para um lado e outro, então parou. O piso passou incólume por aquela entrega. Ed terminou de baixar os itens, os desejou uma boa refeição e partiu.

Stephanie bebeu o sangue. Amargo e aguado. O mercador passou cinco minutos revezando entre morder pão e tomar cerveja.

A mesa da esquerda foi deixada por duas licantropas com orelhas lupinas e um anão. Usavam cotas de malha feitas de ferro, marcadas por poeira e dotadas de rachaduras. Fediam a álcool e mato e sangue de bestas. Para trás uma dúzia de moedas de bronze, um largo prato e três copos vazios.

A Queda das EspadasOnde histórias criam vida. Descubra agora