Após um grave acidente, Lexie é obrigada a voltar para o lugar que esperava nunca mais ver: a casa de sua tia, de volta ao seu antigo lar ela precisa lidar com a culpa que a atormenta, e como se isso não fosse o bastante: agora tem que conviver com...
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Levanto do sofá com o copo e o balde de pipoca agora vazios, completamente satisfeita com a maratona de filmes que fiz essa manhã. Caminho até a cozinha e encontro meu irmão colocando uma travessa de vidro no forno, deixo o copo e o balde na pia que está cheia de louça suja.
— Vamos receber um exército hoje? — indago me encostando na bancada.
— Pior, vamos receber meus amigos — responde com um sorriso. — Todos os finais de semana ficamos juntos, assistimos séries e filmes, jogamos ou vamos para alguma festa.
— Todo final de semana? — repito e ele assente, indo até a pia e começando a lavar a louça. — Vocês não estudam no mesmo colégio?
— Estudamos, mas é o último ano e queremos aproveitar enquanto ainda temos tempo, você sabe... antes da faculdade.
— Por falar em colégio, você não foi ontem.
— Convenci nossa tia a me deixar faltar para tentar conversar com você.
— Então eu fui sua desculpa para não ir estudar? Não deveria estar aproveitando ao máximo o tempo que tem com seus amigos? — as palavras saem mais ásperas do que eu previ.
— Um dia não faz mal e você é minha irmã, então foi por uma boa razão.
— Então agora você se importa com isso? — alfineto.
Não é o rumo que eu achei que a conversa teria, mas não deu para evitar. Quem eu quero enganar? Nem tentei realmente evitar, Alex merece cada uma das minhas provocações.
— Qual é, Lexie? Eu sempre me importei com você — me encara e meu sorriso de deboche aparece. — Não sorria desse jeito para mim, Alexandra! Eu estou falando sério e você sabe disso.
Reviro os olhos ao ouvir meu nome.
Apenas os nossos pais e a nossa tia quando está brava nos chamam de Alexandra e Alexander.
— Claro, irmão — respondo com mais deboche e ele respira fundo.
— Eu soube o que aconteceu em São Paulo e...
— Não — digo firme antes que ele termine a frase, sua boca permanece um pouco aberta mas ele não fala nada. — Não quero falar sobre isso e se quisesse, certamente não seria com você.
— Tudo bem, um passo de cada vez — volta sua atenção para a louça. — Você pode ir ao mercado, por favor? A lista está pregada na porta da geladeira e tem dinheiro no mesmo lugar de sempre.
Vou até a geladeira, pego a tal lista e algumas notas no pote em cima da bancada.
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