O tempo que estou passando em Seattle tem me mostrado o quanto sou capaz de controlar meus impulsos, se assim o desejar. Ficar perto de Nicholas que está usando uma camisa preta de manga, uma calça jeans rasgada e os cabelos pretos caindo na testa, enquanto mantém a droga de um sorriso nos lábios e me força a lutar para não beija-lo; é definitivamente a maior prova de que estou aperfeiçoando a arte do autocontrole.
O garoto vem até mim e me entrega um algodão doce verde, sem deixar de devorar o mesmo doce azul que segura como se o mundo pudesse acabar antes dele terminar de comer.
— Não sabia que você é fã de doces — digo andando em direção à fila para a montanha russa.
— Não é um doce qualquer, é tipo uma nuvem colorida que derrete na boca — responde como se isso significasse muito.
— Você quer que eu te deixe sozinho com sua nuvem colorida ou posso continuar aqui? — sorrio debochada.
— Eu estava tentando encontrar uma forma de pedir isso educadamente, mas já que você se prontificou... — dá de ombros. — A fila está enorme, podemos voltar mais tarde.
— Foi o que você disse todas as cinco vezes que viemos para esse lado do parque - semicerro os olhos para ele que rouba um pouco do meu algodão doce. — Não está com medo, está?
Ele para de andar, analisa toda a extensão do brinquedo por um longo tempo e então suspira puxando meu pulso para que voltemos a andar mais rápido, dou uma risadinha baixa.
Esperamos alguns minutos até finalmente entrarmos no carrinho da montanha russa, os nós dos dedos de Nicholas estão brancos devido a força que ele põe para apertar a barra de segurança do brinquedo.
— Última chance de falar que tem medo, anjo — provoco, ele não responde.
O carrinho começa a se mover, a empolgação percorre cada célula do meu corpo, e a cada vez que o brinquedo despenca e os gritos são ouvidos eu sinto meu sangue ferver em resposta à adrenalina, poderia fazer isso todos os dias da minha vida e não enjoaria.
Quando a brincadeira acaba, eu e um Nicholas pálido como um fantasma saímos do carrinho, o garoto corre até a lata de lixo mais próxima e vomita todos os lanches que comemos desde que chegamos aqui.
Sei que provavelmente é a coisa mais cruel que já fiz à ele, mas não consigo segurar a risada a cada passo que dou em sua direção.
— Se em todos os nossos encontros eu tiver que vomitar para fazer você rir, vou precisar de um estômago novo — diz limpando a boca no ombro, apenas reviro os olhos.
— Não seja tão fraco, Nicholas, teria sido divertido se você relaxasse — o puxo pelo braço para afasta-lo da lixeira.
— Teria sido divertido se não tivéssemos entrado naquilo — resmunga.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amor e Culpa ||PAUSADA||
Ficção AdolescenteApós um grave acidente, Lexie é obrigada a voltar para o lugar que esperava nunca mais ver: a casa de sua tia, de volta ao seu antigo lar ela precisa lidar com a culpa que a atormenta, e como se isso não fosse o bastante: agora tem que conviver com...