Capitulo 17

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Em dois dias, Ariela já havia ido a mais lugares do que em sua vida toda, — isso se sua vida fosse baseada em apenas aquilo que ela conseguia se lembrar— isso era a liberdade, e era bom senti-la. 

Era uma viajem de mais ou manos três horas, de Olria até o chalé. Três entediantes horas, com Eleonora reclamando das estradas, Nikolás fazendo piadas sem graça, e Laís amolando uma faca, enquanto Ariela observava a ultima carta de H., o lacre era bonito e peculiar, a cera nas cores azul, branco e preto, formavam um desenho que ela não conseguira identificar o que era. 

Laís parou de amolar a faca para olhar para a carta. Ela a tomou das mãos de Ariela.

— Nikolás, reconhece esse selo? Da carta de algum duque ou conde? — Ela perguntou. 

— Não, apenas das cartas de H., por que? 

— Achei que apenas os nobres usavam lacre de cera nas cartas. 

— Você acha que H. pode ser um nobre? — Perguntou Leo.

— Talvez, é só uma teoria. 

Ariela olhou para Nikolás, e o mesmo pensamento passou pela cabeça dos dois: haviam nobres que não fariam exatamente tudo que o rei pedisse, e talvez fosse esses que poderiam ser mortos. 

                              —◇—

O chalé era uma casa de madeira, escondida pela floresta de pinheiros, bem perto das altas e imponentes montanhas que formavam a cordilheira Tigre Cinzento. Eles entraram no chalé, e o coração de Ariela começou a bater mais forte. Ela foi andando de costas para a porta, mas colidiu com Nikolás. 

— Onde você vai? Por acaso tem medo de aranhas? 

— É claro que não, é só que esse lugar não me trás uma sensação boa. 

— Entrem logo vocês dois. É só um chalé abandonado. — Falou Laís. 

Ariela continuou andando para a frente. O lugar estava uma bagunça. Na sala, havia uma mesa e cadeiras destruídas, e espadas e adagas jogadas no chão. Haviam dois quartos, em um deles haviam três camas, elas eram grandes e estavam bagunçadas, e no outro, os lençóis estavam cobertos por uma enorme mancha de sangue. 

— Oque será que aconteceu aqui? — Questionou Nikolás. — E porque H. escolheu um lugar tão estranho para que estreguemos o livro?

Eles voltaram para a sala. Ariela reparou em uma das espadas jogadas no chão. Ela era linda, o cabo era feito de ouro, com uma asa (também feita de ouro) de cada lado, e no meio, havia cravada uma pedra de safira. Na lamina, haviam palavras escritas naquela língua estranha que queriam dizer "força", "coragem", "poder" e "flyers", as palavras se repetiam por toda a espada. Ela pegou a espada e a girou na mão, surpreendentemente, sem se machucar. 

— Ei, cuidado com isso. Essa lamina está muito afiada, um corte e você vai virar uma cachoeira de sangue. — Avisou Laís. 

— Tudo bem. — Ariela pegou a outra espada que estava no chão e a jogou para Laís. — Gostaria de tentar um duelo? 

— Claro. 

Laís investiu um golpe que Ariela defendeu com a própria espada. O som de lamina contra lamina se espalhou pelo chalé, e uma sensação familiar e divertida tomou conta de Ariela. Laís era muito boa, mas Ariela também era. Ariela estava investindo golpes e mais golpes, fazendo Laís recuar, até que estivesse encurralada na parede, e suas espadas estivessem pressionadas uma contra a outra. 

— Uau, você é boa. — Disse Laís. — Como aprendeu a lutar com uma espada?

— Obrigada, e eu não faço a menor ideia. 

Laís pegou a bainha de ouro da espada e a deu para Ariela. 

— Leve essa espada, aposto que não tem dono, e assim podemos treinar juntas. 

— Eu não sei se Dália vai gostar muito dessa ideia, mas claro.  

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