Capitulo 3

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Ela mergulhou na banheira, e recapitulou cada momento daquele dia, cada acontecimento, e cada coisa que Laís havia dito. Ela não havia matado ninguém, era só alguém normal. Mas então por que ainda se sentia culpada? E como havia perdido a memória? As perguntas giravam em sua cabeça. Depois de limpa, Dália cuidou do corte em suas costas e emprestou a ela algumas roupas bem simples, apenas uma camiseta branca e calças pretas.

Ela voltou para sala, onde as mesmas pessoas de antes a esperavam, mas ao lado delas, no sofá, estava sentada uma moça, seu rosto se parecia com o de Laís, mas diferente dela, a mulher tinha lindos cachos loiros na cabeça.

— Ah, então essa era a missão. — Não foi bem uma pergunta. — Prazer, sou a Leo.

Leo, Laís havia citado o nome antes, mas Ariela achara que era um homem. Pelo visto estava enganada, pois a pessoa a sua frente era a feminilidade e arrogância encarnadas.

— Ariela, essa é minha prima, Eleonora. — Apresentou Laís.

— Por favor, me chame só de Leo.

Ela não respondeu. Apenas se sentou em uma das poltronas vazias. Olhando para todos, muito atenta.

— E então, vão me contar quem são vocês agora?

— O que quer saber?

— Quem são vocês, o que fazem, por que me salvaram...

Laís deu um suspiro antes de responder.

— Vamos lá, eu sou uma assassina, Leo é ladra, Dália é padeira e Nikolás e Cassandra, são o príncipe e a princesa de Cortlend.

Ariela engoliu em seco, e se afundou um pouco mais na poltrona, recuando.

— Não se preocupe, nós não queremos te matar. — Disse o príncipe em uma tentativa de humor não muito bem sucedida.

— Nós te salvamos por que recebemos uma ordem.

— E de quem, posso saber?

— De H., ele é quem nos comanda e elabora os planos.

— Planos para o quê?

— Para matar o rei.

                                                                                                      — ◇ —

Palavras simples, com um significado enorme, matar o rei.

Por que queriam matar o rei? A que ponto uma pessoa pode ser tão ruim, para que os próprios filhos queiram matá-la. Ela conseguia entender o lado de Nikolás, com a morte do pai, ele seria coroado rei, mas Cassandra, ela só perderia um membro importante da família.

— E o que eu tenho a ver com isso?

— É o que gostaríamos de saber, mas você não sabe quem é, e H. não nos deu nenhuma pista.

— E quem é esse tal de H.?

— Nós também não sabemos. A seis meses, cada um de nós recebeu uma carta com um convite para participarmos do plano dele para matar o rei, mas nunca o vimos, ele só se comunica por cartas e disse que nós deveríamos esperar por uma outra pessoa antes que ele dissesse o que devemos fazer.

— E essa pessoa sou eu?

— Ao que tudo indica sim. — Respondeu Leo. — Ele nos deu ordens bem claras de que Laís a resgatasse e a trouxesse pra cá.

— Acho que já tem todas as respostas que queria. — Disse Laís saindo da sala.

Em seguida, os outros se levantaram, alegando que tinham missões, e trabalho a fazer. Deixando ela sozinha na sala com Nikolás.

— Sua irmã aceitou participar desse plano?

— Claro, por que não aceitaria?

— Talvez porque vão matar o pai dela, e ela nem vai virar rainha.

Ele deu um riso de escárnio.

— É um grande erro achar que Cassandra gostaria de se tornar rainha, ou que fique em real luto pela morte de nosso pai.

— Por que querem mata-lo?

— Achei que você mais do que ninguém fosse entender. Afinal, ele quase te matou.

Ela entendia, entendia muito bem. E se perguntou como ela havia sido incriminada, por que a prenderam no lugar de...

Nikolás se levantou também e a deixou sozinha com seus pensamentos. Sozinha, sempre sozinha. Ela nunca teria alguém que se importasse, seu salvador nunca passaria de apenas um sonho. Ela estava em uma eterna queda, e no fim se estatelaria nas pedras.

E então, um flash em sua mente. A imagem dela em uma montanha e uma mulher que se parecia com ela. A mulher apenas a olhou e disse:

Vá em frente, você nunca estará sozinha, Caçadora do Vento.  

Prisão De Asas E MemóriasOnde histórias criam vida. Descubra agora