capítulo 2

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Praticamente corro pelo caminho de terra, sentindo a brisa suave da manhã. Preciso realmente me apressar, afinal não é todo dia que tenho a sorte de estarem precisando de alguém na cozinha da Fundação. Não sou melhor do que minha mãe no que diz respeito à culinária, mas não sou péssima.

E como é só por um mês, posso descolar uma boa quantia em dinheiro para levar para a capital. Confesso que estou ansiosa para finalmente conhecer Belo Horizonte, e só preciso esperar mais algumas semanas. Pedro não parece tão animado quanto eu, já que não passava por sua cabeça ter que deixar o campo, mas aceitou ir de qualquer forma.

Eu vejo a construção de três andares, um pouco mais a frente, e admiro um pouco antes de finalmente passar pelo portão. O porteiro, um senhor na casa dos cinquenta e poucos anos, acena quando me aproximo.

— Oi, Margarida. Veio ver as crianças? — seu Chico sorri, levantando-se de sua cadeira. — Elas sentem sua falta.

— É mesmo? Também sinto falta delas. — sorrio, afastando um mosquito do braço. — Mas vim para outra coisa também. Eu soube que estão precisando de uma cozinheira temporária por aqui. Interessei-me pela vaga.

— Oh, que ótima notícia! Jaciara pediu licença do trabalho por algumas semanas e a vaga está disponível. As crianças vão adorar se você a conseguir. — aponta um caminho nos fundos do casarão enorme. — Você pode seguir por ali. Rosário está na cozinha. Ela vai te explicar tudo sobre a vaga.

— Obrigada, seu Chico. — passo por ele.

Praticamente corro para os fundos da construção, encontrando a porta que dá acesso à cozinha, aberta. Como as crianças já estão nas suas respectivas aulas, encontro somente dona Rosário perto do fogão enorme e algumas moças conversando animadas. A cantina é em outro compartimento ligado a cozinha, e daqui eu consigo ver que o pátio está vazio, sem qualquer movimentação infantil ou de adolescentes.

— Bom dia. — murmuro, entrando no cômodo. As moças me olham e respondem à saudação, enquanto dona Rosário apenas sorri.

— Soube da vaga? — questiona ela.

— Sim. Estavam comentando na vila. Acabei me interessando por ela. — digo, na verdade, praticamente imploro.

— Você sabe cozinhar? Tem alguma experiência? — questiona a menina morena com aparência de ter uns vinte anos.

— Experiência comprovada eu não tenho. — murmuro decepcionada e elas se entreolham. Eu me apresso em me corrigir. — Mas tenho prática de sobra. Trabalhei em uma pequena fazenda aqui perto e fazia de tudo. Não quero me gabar, mas sei cozinhar muito bem. Minha família não se cansa de me elogiar. — falo muito rápido e confesso que exagerei um pouco, tentando impressioná-las.

— Você pode mostrar?

— Como assim? — amplio os olhos, nervosa. — Eu não trouxe nenhuma foto comigo e...

— Não, não é isso que eu quis dizer. — ela ri. Eu me sinto uma tapada. — Você pode cozinhar alguma coisa? Pode ser uma comida rápida, para provarmos. Se você passar no teste, está aprovada.

— Eu... — quando estou pronta para dar uma resposta afirmativa, ela me interrompe com um gesto da mão. — Hoje não! Vamos agendar para sábado de manhã. Quero ver sua técnica na cozinha. Se você passar no teste, o trabalho é seu.

— Mesmo?

— Sim, realmente.

— Obrigada. — murmuro muito feliz. — Nem sei como agradecer.

— Agradeça se passar no teste.

— Sim. Eu vou indo, então. Vejo a senhora no sábado.

Ela e as outras mulheres se despedem com um murmúrio e eu saio dali, sem me segurar de alegria. Bom, o primeiro passo foi dado. Agora eu só preciso passar no bendito teste.

***

Oi, galera. 

Em breve tem mais!

Me Abrace Bem ForteOnde histórias criam vida. Descubra agora