Dias depois...
Ansiedade e temor me definem nesse momento. Minhas mãos estão trêmulas enquanto ajudo Pedro e minha mãe com as bagagens. Em questão de segundos, elas já estão no porta-malas do ônibus e não demoramos muito a estarmos assentados em nossos lugares.
É minha primeira vez saindo da pequena cidade no coração de Minas e estou apreensiva sobre como me adaptarei na capital. E durante algumas horas, imagino como será a casa em que vamos ficar temporariamente.
Dentro desse turbilhão de pensamentos, acabo adormecendo contra a poltrona.
***
— Vamos, Margarida. Chegamos. — desperto quando Pedro me cutuca e esfrego os olhos antes de ficar de pé.
Descemos do ônibus assim como os demais passageiros e acompanho minha mãe e Pedro até o local onde o motorista devolve as bagagens.
Seguro minha mala e logo estamos seguindo para fora da rodoviária. Já sou capaz de notar o fluxo de pessoas, tão diferente do que eu via na vila onde morava.
Belo Horizonte é muito diferente do que imaginei.
É bonita, mas...
Observo carros por toda parte e um barulho incessante. É um belo lugar, mas confesso que prefiro o campo onde morava. Mas meu ponto de vista apenas está firmado porque não estou acostumada com as características tão distantes da paz campestre.
Faço uma careta e Pedro imita meu semblante, igualmente assustado. Mamãe sorri de nossa reação. Ela só está calma dessa mineira porque já morou nesse lugar quando era adolescente.
— Assustados?
Eu e Pedro assentimos e mamãe amplia o sorriso.
— Não imaginei que fosse assim. — Pedro comenta, enquanto esperamos dona Noemi em frente à rodoviária. Ela acabou de ligar para a mamãe e disse que o trânsito atrapalhou sua chegada.
— Dona Noemi vem mesmo? — questiono apreensiva.
Não passa pela minha cabeça me perder no meu primeiro dia em BH. Estremeço apenas de imaginar algo do tipo.
— Ela vem. Não se preocupe.
— Que bom. — puxo a garrafinha da mochila, bebericando um pouco de água. Noto que alguns taxistas se aproximam de nós, e minha mãe tem que negar a carona a todo o momento.
Respiro aliviada quando uma mulher se aproxima de nós e envolve minha mãe em um abraço. Parecem felizes em se reencontrarem e sorrio quando dona Noemi me cumprimenta após falar com Pedro.
— Espero que tenham feito uma boa viagem. — diz a mulher, que aparenta ter uns quarenta e poucos anos.
— Sim, foi ótima. — mamãe responde. — Só estamos um pouco cansados.
— Imagino... Vamos para casa. Preparei uma refeição caprichada para vocês. Aposto que ainda não comeram nada.
— Não. Apenas um lanche. — Pedro confessa, claramente animado com a ideia de comer algo.
— Então se preparem, porque vão comer até se empanturrarem.
Que bom. — pensei.
Logo depois decidimos seguir até o táxi mais próximo e ele não demorou muito a dar partida rumo ao bairro de Noemi.
Claro que eu fiquei abismada conforme o carro percorria as ruas de BH. É um lugar tão diferente da região onde vivi por anos. Não se assemelha em nada ao campo, e há barulho e carros por todo lado, além de pessoas de vários estilos.
Sorrio ao ver a mesma expressão no rosto de Pedro.
Quando o carro estaciona em frente a uma casa pequena e com um aspecto bem cuidado, descemos do veículo e dona Noemi demora o suficiente para pagar o taxista.
Lanço um olhar para a rua asfaltada, observando o táxi se distanciar enquanto a proprietária da casa abre um pequeno portão. Nós adentramos a varanda, com plantas por toda parte, e em questão de segundos entramos na casa, contentes por termos chegado.
Assim que dona Noemi abre as janelas, encaro os quatro cantos quadrados da sala de estar. Ela tem paredes verdes com alguns retratos pendurados, além de uma TV mediana sobre uma mesinha de centro. Tomo cuidado para não sujar o carpete com meus tênis enquanto encaro os dois sofás na sala.
— Venham. Quero que conheçam seus quartos. — dona Noemi nos recepciona, animada.
Sua empolgação é contagiante e, como mamãe disse que é solitária, entendo seus sentimentos.
***
Pedro está acomodado em um dos quartos, enquanto eu e mamãe dividimos o maior. Confesso que é bem mais amplo que meu antigo quarto no interior. E a janela dá acesso para a brisa maravilhosa que encontra seu caminho até mim.
Conforme os dias passam, a prima da minha mãe decide nos levar para conhecer a cidade, o que é uma ótima oportunidade para visitarmos diversos lugares, incluindo pontos turísticos e shoppings. Além de toda a questão referente ao lazer, isso também me ajuda a decorar a localização de alguns locais. Considerando que dentro de alguns dias precisarei procurar emprego, realmente é algo bom.
Só espero ter opções satisfatórias, sem precisar me sujeitar a qualquer espécie de humilhação.
***
Olá, galerinha.
Demorei, mas estou de volta.
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Beijos.
O próximo capítulo está surpreendente!
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Me Abrace Bem Forte
عاطفيةMargarida Bellini é tão peculiar quanto seu nome. Bonita como a flor do campo, consegue capturar a atenção de Eduardo Bittencourt assim que se veem pela primeira vez na pequena região onde vive com a mãe e o irmão. Depois do primeiro encontro, não v...