Pedro é tão sortudo! Ele finalmente conseguiu um emprego e pelo visto não odiou, se considerarmos o bom salário. Seu trabalho é em um pet shop e, como já tem certa experiência cuidando de animais, não será um sacrifício para ele.
Eu, por outro lado, estou saindo do banho, pronta para minha jornada rumo a um emprego. E a ansiedade me toma conforme me enfio em jeans e camisa azul marinho. Borrifo um pouco de perfume em meus pulsos e pescoço, tomando cuidado para não exagerar na essência. Prendo meus cabelos em um rabo de cavalo e calço as sapatilhas antes de verificar minha pasta com currículos e documentos.
Assim que saio do quarto, encontro minha mãe e sua prima na sala de estar, entretidas em uma conversa. Pedro está no novo trabalho e, como é seu primeiro dia, saiu bem antes de mim.
— Já está indo? — mamãe questiona, com um sorriso. Assinto. — Boa sorte.
— Espero que dê tudo certo, Margarida. — dona Noemi diz.
— Obrigada. Se Deus quiser, vou conseguir. — esboço um sorriso nervoso. — Está na minha hora. Tchau pra vocês. — me aproximo da porta antes de girar a maçaneta.
Despeço-me uma última vez e encosto a porta atrás de mim assim que saio. Minha caminhada até a parada de ônibus mais próxima não é cansativa, porém não passo muito tempo nela porque logo um ônibus aparece. Não hesito em entrar no mesmo, orando para não me perder em BH. Caso algo assim aconteça, tenho meu celular jurássico que ainda serve para fazer ligação. Espero não precisar dele por esse motivo.
***
Horas depois...
Confesso que estou exausta depois de ter entregado tantos currículos. Entrei em tantas lojas que até perdi as contas de quantas vezes precisei sorrir e murmurar: posso deixar meu currículo aqui?
Claro que algumas pessoas se negaram a receber e isso me deixou um pouco decepcionada, mas esse sentimento foi deixado de lado porque a maioria das pessoas aceitou o documento. Apenas espero que não pare em uma lata de lixo qualquer e eles realmente me liguem caso se interessem.
Decido sentar em um dos bancos de uma praça depois de comprar uma garrafinha de água. Eu me refresco, amando a textura da água contra minha garganta seca. Passo a mão contra a testa suada, encarando os arredores com curiosidade. Vejo algumas pessoas fazendo caminhada, enquanto outras conversam casualmente ali perto.
Praticamente esvazio a garrafa antes de guardá-la na bolsa.
— Sua merdinha!
Eu me sobressalto com o grito e viro o rosto, encontrando um grupinho de garotas enfiadas em uniformes escolares. Há uma roda composta por um total de cinco meninas. Estão de pé, rodeando outra garota que aparenta ter a mesma idade delas. Eu não daria mais de quinze anos para as mesmas.
E considerando aquele horário, provavelmente acabaram de sair da escola.
A garota no centro da roda está encolhida, e o cabelo loiro cobre parcialmente o rosto visivelmente assustado.
Estreito os olhos, analisando a situação e não demoro muito para me dar conta do que se trata.
— Diga alguma coisa, retardada! — a menina mais agressiva a empurra, fazendo-a cair em cima dos seixos.
Ela continua de cabeça baixa, mesmo depois de ter caído.
Uma olhadela nos arredores é o suficiente para eu perceber que ninguém dá a mínima para o que está acontecendo. Parece, infelizmente, até uma espécie de show para eles. Total falta de empatia.
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Me Abrace Bem Forte
Любовные романыMargarida Bellini é tão peculiar quanto seu nome. Bonita como a flor do campo, consegue capturar a atenção de Eduardo Bittencourt assim que se veem pela primeira vez na pequena região onde vive com a mãe e o irmão. Depois do primeiro encontro, não v...