capítulo 24

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Durante a noite, respondo as mensagens de Edu e depois decido ler um livro de romance.

Estou distraída até que ouço batidas hesitantes na porta.

Deixando o livro de lado, sigo até a mesma e giro a maçaneta.

A presença de Luíza me saúda e fico surpreendida pela visita.

— Olá, a senhora deseja algo?

— Sim. Posso entrar?

— Claro. — abro passagem e ela entra.

Encosto a porta e a observo, esperando suas próximas palavras.

Elas não demoram a vir:

— Sabe... — hesita e me encara. Parece até meio envergonhada. — Eu finalmente caí na real.

— Sobre o quê?

— Sobre seu caráter. Na verdade, eu nem devia ter duvidado para começo de conversa. Você nunca me pareceu uma pessoa soberba ou ambiciosa. Sempre cuidou de Agnes, a fez sair do isolamento. Também fez meu Eduardo sorrir mais, coisa que Pilar não conseguia fazer com frequência.

Faz uma pausa, e estudo a situação, pensativa.

— O que eu quero dizer é que fui rude ao te julgar prematuramente. Você realmente é uma boa pessoa e nunca demonstrou o contrário. Quero pedir perdão pela forma como te tratei antes. Pode me desculpar?

Nem hesito.

— Claro. — esboço um pequeno sorriso. — Sabe, eu não esperava isso da senhora. Nem sei o que dizer.

— Apenas me desculpe então. Não vou mais me meter na sua relação com o meu filho. Quero que sejam felizes juntos.

Nossa, é tão surreal ouvir isso! Luíza realmente me surpreendeu.

— Obrigada pelo apoio.

— Posso te dar um abraço? — murmura depois de um tempo.

— Pode sim.

E ela faz. Após o gesto, Luíza sorri e me deseja uma boa noite antes de deixar o cômodo.

Ainda chocada, encosto a porta atrás dela e não penso duas vezes antes de pegar meu celular e expor as boas novas para o Eduardo.


***

Agnes

Depois do momento angustiante na praça, eu tive mesmo que contar tudo o que estava acontecendo para os meus pais. O motivo da intimidação, tudo... Eles ficaram do meu lado e inclusive foram na escola, exigir alguma solução, que estava meio distante devido ao fato de eu não ter provas concretas contra Liliana e sua turminha do mal.

Minha mãe está até pensando em me transferir de escola.

Durante a semana seguinte, estou na escola sem a companhia de Marcela, minha única amiga, que decidiu faltar. Sigo para o banheiro feminino e retoco minha maquiagem. Fazia tempos que eu não me cuidava assim, devido às ofensas incabíveis de Liliana.

Falando nela...

Acabou de entrar no banheiro, acompanhada de sua tropa.

Congelo no lugar, tentando não encará-las através do espelho.

De toda forma, sei que elas não podem me agredir aqui, afinal temem as câmeras de segurança. Por isso, sempre dão um jeito de me obrigar a ir para a praça. E como sou apenas uma e covarde pra caramba, não tenho forças para impedir.

— Você é engraçada, Agnes. — ela ri sem humor, recostada contra uma cabine. Está de braços cruzados enquanto me avalia. — Fiquei sabendo que revelou o nosso segredinho para seus pais e aquela garota ridícula que te defendeu na praça.

— Hm, é mesmo? — sem dar atenção, passo meu brilho labial.

Ele para no chão em instantes com o tapa que a amiga de Liliana dá nele.

— E as pessoas estão comentando... estão me vendo como a vilã da história.

— Mas é isso que você é. — encontrando coragem, eu a encaro fixamente através do espelho.

Nunca entendi direito o motivo de tanto bullying. Aconteceu desde que entrei nessa escola e nos topamos. Liliane é bolsista, assim como duas de suas amigas, e me odiou desde que descobriu que minha família é uma das mais ricas. Marcela especulou certa vez que Liliana morre de inveja de mim, por isso sempre tenta me diminuir.

— Como eu te odeio, sua vadia rica! — dispara. — Acha mesmo que vão acreditar que bati em você? Nem provas você tem.

— Mas posso conseguir. — dou de ombros e ela faz uma careta desagradável.

— É mesmo? E pode me dizer como?

Pela sua cara, ela está mesmo duvidando de mim.

Cansei dessa garota e de suas amigas desagradáveis. Cansei do bullying e de parecer tão fraca. Mesmo que seja a força menor aqui, tenho que me defender... usando minhas armas, é claro.

— Você duvida mesmo de mim, não é, sua pentelha? – bufo. Liliana amplia os olhos surpresa e as outras meninas parecem chocadas com a minha coragem. Dou uma risada sem humor e ela estreita os olhos. — Oh, não vai rebater? Pensei que fosse mais corajosa, grande saco de merda!

Assim que disparo, Liliana perde o controle de vez e parte para cima de mim.

Eu nem tento lutar, e duas das meninas segura meus braços. Sinto gosto de sangue assim que meu rosto é estapeado em cheio. Tomada pela raiva, cuspo na cara de Liliana, deixando-a possessa de ódio, o que a faz me chutar perto do estômago. Não reajo mais, porque tudo está saindo como o planejando, mesmo que eu saia com alguns hematomas depois.

As outras meninas estão rindo alto, e eu encaro Liliana quando ela faz uma pausa.

— Agora eu tenho provas, querida Liliana.

Ela recua com os olhos arregalados e encara a câmera de segurança apontada em sua direção no teto. Volta seus olhos chocados para mim, e as outras duas me soltam.

Aproveitando o momento, me lanço no chão e começo a chorar alto, meio que esperneando. Estou sentindo certa dor, mas o choro é mais uma farsa do que qualquer coisa. Tudo precisa ser registrado.

— Ferrou! Vamos sair daqui, Lili. — diz uma de suas amigas.

Tenho vontade de rir quando elas saem praticamente correndo. E em questão de segundos, pessoas entram no banheiro. Reconheço o professor Tony e mais alguns adultos da coordenação.

Eles verificam meu estado e alguém me ajuda a seguir para a enfermaria. Posso andar, mas quanto mais encenação melhor. Só assim Liliana e sua turma podem pagar pelo que fizeram.

E elas realmente pagam.

No dia seguinte, minha família e a das garotas estão reunidas com o diretor e mais algumas pessoas importantes. Agora tenho uma prova e quase dou risada da cara de puro ódio no rosto de Liliana e das outras garotas.

Elas conseguiram uma expulsão imediata da escola além de diversos dedos apontados na cara. Liliana e duas das meninas foram as que mais sofreram porque perderam suas bolsas de estudo.

Na saída, assim que estou próxima ao carro do meu pai, tenho o prazer de esboçar um sorriso vitorioso em direção à Liliana, que está ao lado de seus pais furiosos.

O gostinho de justiça é realmente incrível.

Me Abrace Bem ForteOnde histórias criam vida. Descubra agora