capítulo 1

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Observo o garoto magro sobre o cavalo. Ele é péssimo nisso e eu não consigo evitar a risada quando ele cai direto na lama. Sua roupa fica encharcada e o cavalo relincha assustado.

— Pare de rir! — Pedro me repreende, mas noto sua vontade de rir tanto quanto eu. Ele se levanta com dificuldade da lama onde estava estirado e, completamente sujo, prende a corda do cavalo em uma cerca, fazendo um carinho na cabeça do animal.

— Você é péssimo nisso... Aliás, é péssimo na maioria das coisas que tenta fazer. — eu me afasto do banco onde estava sentada e me aproximo, sacudindo a terra dos chinelos. Meu cabelo castanho tapa a minha visão brevemente antes de eu afastá-lo com um gesto das mãos. — Por que você não tenta seguir a carreira de pintor? Parece que na cidade grande as pessoas gostam disso.

— Você acha que eu vou sobreviver fazendo isso? Só se for pedindo esmolas. —meu irmão me dá as costas, entrando na casa de madeira.

Eu o sigo, afastando Karine, uma das galinhas da mamãe, do meu caminho.

— Pode ser. — brinco.

Ganho um olhar matador, que me faz calar a boca imediatamente.

— Você é sonhadora demais. A profissão de pintor nunca me ajudaria o bastante. Como eu sustentaria você e a mamãe?

— Não sei. Por que você não tenta? De toda forma, vamos nos mudar para lá. Sabe que podemos ter um futuro melhor na capital.

— Eu sei. Mas quando estivermos lá, vou conseguir qualquer emprego. Não diga que não sei fazer nada, porque isso é mentira.

— Desculpa então. — observo a água ferver dentro da panela no fogão a lenha. Ainda preciso passar o café. — Mamãe demorou. — decido mudar de assunto.

— Hoje é segunda, então ela tem muito trabalho na casa da dona Elilde.

— Provavelmente. — penso na senhora de idade que mais parece uma capitã do exército. Ela é patroa da minha mãe há anos e não hesita em exigir que a casa fique perfeitamente, ou melhor, exageradamente limpa e cheirosa, apesar de não ser tão rica como deixa transparecer.

Eu, por outro lado, já terminei os estudos e fui demitida semana passada do meu emprego como empregada doméstica em uma pequena fazenda aqui perto. O problema foram os recentes assédios do meu antigo patrão. O velho que, por um bom tempo, foi simpático não conseguiu mais se controlar e sempre deixava a mão boba escorregar sobre meu traseiro ou seios no horário de trabalho. Um dia eu finalmente explodi, e desci a vassoura nele. Sua esposa não quis me entender ao flagrar a cena.

No final, eu acabei sendo demitida sem nenhum tostão furado.

E agora não posso deixar todas as despesas nas costas da minha mãe. Se Deus quiser, em breve estaremos na capital e finalmente ela poderá descansar como merece.

***

Olá, amadinhos.

Se vocês gostaram desse primeiro capítulo, não se esqueçam de deixar a humilde estrelinha ou um comentário para essa autora que vos fala.

Beijos🥰🙂

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