capítulo 16

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Margarida

Dias depois...

Estou no pátio da escola após a reunião dos pais, da qual tive que participar porque o senhor e a senhora Bittencourt estavam no trabalho.

Em meio ao meu devaneio, percebo que alguém se aproximou, então me dou conta de que é um dos professores de Agnes, o simpático Tony.

Ele me cumprimenta educadamente e me acompanha até a saída, onde espero Agnes terminar de conversar com sua amiga. Eu a vejo de longe, sorrindo com uma garota de cabelos cacheados, e volto minha atenção para o rosto animado de Tony.

— Sabe, te conheço há pouco tempo, mas consigo notar o motivo de Agnes ser tão apegada a você.

— E qual seria? – questiono divertida.

— Bem, você sabe conversar com as pessoas de forma a não deixá-las entediadas. Conheço parentes de alunos dessa escola que discutem por besteiras como bolsas de grifes ou quem tem a maior conta bancária. Já você me parece bem simples.

— É porque sou. Eu apenas trabalho como acompanhante de Agnes. Antes eu morava no interior. Não sou rica nem nada, mas estou bem assim.

Antônio sorri e fica me encarando pensativo. Fico sem graça diante do seu olhar perscrutador.

— Eu andei pensando... — diz, segundos depois. — Droga, nem sei por onde começar.

— Pelo começo.

Ele ri um pouco.

— Não vai me achar presunçoso pela proposta que vou fazer?

— Primeiramente devo saber o que é.

— Está bem. — respira fundo antes de dizer. — Quer sair comigo sábado à noite? Desejo muito levá-la para jantar. — Eu o encaro surpresa e ele continua. — Sem compromisso. Apenas um convite de amigo.

Não sei como reagir no primeiro momento, e quando estou prestes a dizer algo, vejo uma mão pousar firmemente sobre o ombro do Tony, fazendo-o se virar um pouco.

Eduardo, que é um pouco mais alto, o encara com os olhos estreitos.

O que ele está fazendo aqui?

— Margarida já tem compromisso nesse dia. — mente na cara limpa e fico chocada com sua audácia. — Eu vou levar a ela e Agnes para sair.

Ele vai? Engraçado que nem eu sabia disso!

— Oh, é uma pena, então vamos marcar para outro dia? — me encara esperançoso e assinto com um pequeno sorriso. Eduardo apenas observa nossa interação com indiferença.

Tony se despede e o vejo se afastar antes de voltar meus olhos para o Eduardo. Ele me encara com os olhos divertidos.

— Aquele cara tá mesmo afim de você?

— Não. Acho que não. – murmuro sem graça e ele bufa.

— Ele está sim, mas não é dessa vez que vai conseguir roubar a minha flor. — aproxima-se e estremeço quando ele se abaixa um pouco para sussurrar. — E espero que ele fique bem longe. Não fui com a cara dele. — afasta-se e vejo um pouco de irritação em seus olhos azuis.

Reviro os olhos.

— E sobre sairmos? Não estava falando sério, né?

— Sim, estava. — amplio meus olhos. — Quero te levar pra sair. Mas relaxa. Não vou te atacar, afinal Agnes vai junto.

— Mas é meu dia de folga, então...

— Mas você não vai trabalhar nesse dia. Na verdade, só quero te levar para se divertir com minha irmã, mas apenas se você aceitar. Não curto pressionar uma mulher.

— Não sei...

— Pense e me dê uma resposta até mais tarde.

Penso por um momento e então faço a pergunta que está me incomodando a um tempinho:

— O que está fazendo aqui? O motorista...

— Eu o dispensei essa manhã. Decidi vir buscar você e minha irmã. — surpreende-me ao dizer. — Aliás, onde ela se meteu?

— Bem ali. — aponto, percebendo que Agnes finalmente se despediu de sua amiga e está caminhando calmamente até nós.

— Oi, maninho. — parece entusiasmada e beija a bochecha de Eduardo, que sorri. Depois beija minha bochecha. — Vamos para casa?

— Claro. Entrem. — aponta o veículo luxuoso estacionado a poucos metros e me surpreendo com a beleza do mesmo. Será que é do Edu? Provavelmente sim.

Durante o caminho para casa, sinto o olhar dele em mim através do retrovisor, já que decidi vir atrás após muito insistir para Agnes sentar ao lado do irmão. Eu não sei se suportaria ficar tão perto do Edu e não surtar.


***

Na sexta à noite, estou mexendo na internet, quando Eduardo adentra o quarto.

Surpreendo-me com sua presença ali e deixo o celular de lado.

— O que houve?

— Nada de mais. Eu vim apenas receber minha resposta. — franzo o cenho. — E aí? Aceita sair comigo no sábado, ou não?

— Não!

— Que direta. Nem se eu insistir?

— Nem se insistir. Você está noivo. Seria estranho tudo isso.

Ele solta um suspiro afetado e fico desconfiada.

— Que pena. Agnes estava tão animada. Acabei de passar no quarto dela e percebi que já até escolheu a roupa para ir. Creio que vai ficar desapontada quando perceber que você não vai conosco. — força um semblante decepcionado.

Bufo, contrariada e sem saída.

— Que jogo sujo, Edu.

Ele sorri, percebendo minha expressão torturada.

— E então...?

— Eu vou, tá bom? — ele nem disfarça a animação. — Mas quero um horário e o local para poder encontrar vocês.

— Não é necessário. Eu vou te buscar. Me passa seu endereço.

Repasso a localização da casa da tia Noemi para ele, após ele puxar seu celular do bolso. Ele digita algo nele, e então guarda o aparelho.

— Te vejo amanhã, flor. — murmura animadamente antes de sair do quarto.



Me Abrace Bem ForteOnde histórias criam vida. Descubra agora