XLVII. Meu Jacobe.

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Existe três tipos de reação a morte, a morte informativa, que só passa de um informação do nosso dia, como aquele.

— Sabe quem morreu? — E deitamos sem que aquele pensamento sem se quer nos incomode por mais que tenhamos ficado um pouco triste.

Tem aquelas que nós deixa surpreso mas passa rapidamente, e falamos um “está em um lugar melhor agora”

E tem a morte choque, aquela que você fica em choque, sem conseguir acreditar, não sente as lágrimas descendo ou o corpo vacilando e indo de encontro ao chão, sua mente lembra de todos os momentos que teve com aquela pessoa, e a dor de que nunca mais vai vê–la é insuportável.

A morte nunca me surpreendeu muito, nunca.
Por que na minha mente eles estavam em um lugar melhor.

Mas agora, olhando a parede branca do hospital, percebi que a morte nunca me surpreendeu por que talvez a pessoa que morreu não fosse tão próxima assim de mim.

— É uma cirurgia de risco, peço que esteja preparada se algo acontecer. — Foi o que o médico disse quando veio me falar sobre o caso dele.

O que é estar preparada?
Não faço a mínima ideia, mas com toda certeza, eu não estou.
Caminhão.

Um caminhão bateu no carro dele, um acidente.
Um motorista acabou dormindo no volante depois de passar a noite toda dirigindo.

Ele estava de cinto e o Airbag ajudou, mas o carro foi totalmente destruído, umas das peças se soltaram e

E...

Lágrimas começando a cair de novo, tentei me acalmar, respirei fundo.

Estava treinando para falar com a mãe dele, Esme.

Meu celular estava sendo segurado com força em minha mão.

Você consegue, ela precisa saber.
Se, se algo acontecer...

Não.

Chamando.

Ela atendeu no primeiro toque.

— O-Oi E-Esme. — Gaguejando, respira, você consegue.

— Vênus? Oi, querida. Está tudo bem? — Ela estava alegre, percebia isso pela a voz, ela era madrinha de Saturno, minha mãe e ela se aproximaram muito.

Minha mente não conseguia se ajeitar.

— O Nicholas, ele, aconteceu algo. — Tentei falar segurando o choro mas não dava, engasguei em lágrimas.

— Vênus? O que aconteceu? — Ela parecia desesperada.

Respirei fundo.
Tentando acalmar os soluços que caiam sem minha permissão.

— Um acidente de carro.
— Oh Deus, de novo não. — Ela já tinha recebido essa notícia uma vez.

O pai dele. A mesma coisa. E ele morreu.

Ele morreu.

Não, não pode acontecer isso de novo.
Não com ele, por favor.

Hoje de madrugada estávamos rindo na cama, como ele pode estar entre a vida e a morte agora? Por que não acordei mais cedo e o impedi de ir?

Por que?

— Um caminhão, o motorista acabou dormindo no volante e bateu no carro dele e destruiu completamente. E-Ee, o carro, carro amassou e nisso, uns dos ferros entrou nele, atravessou a,  atravessou a virilha, acabou com a bexiga, eu não entendi bem, sei que o risco de infeção geral é muito grave, o médico, o médico explicou mas não consegui entender, ele falou que ele pode, ele pode. — As lágrimas voltaram e eu escorreguei no chão, puxando o cabelo e tentando respirar. Ele pode morrer. — Acabar não resistindo.

Love Or Sex?Onde histórias criam vida. Descubra agora