44- Olhos bonitos

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Harry parou o carro na mesma vaga de onde saímos e o desligou. A garagem não estava mais escura, era perto de 7 da manhã e eu estava exausta, mesmo com aquele sentimento morno e confortável dentro de mim. Ele saiu do carro primeiro e eu o segui, fechando a porta devagar e me arrastando até onde ele me esperava, sem condições de fazer qualquer tipo de esforço.

- As meninas vão me matar. – falei baixinho assim que entramos no elevador – Marcamos de nos encontrar pra tomar café às 9:30.

- Se você realmente vai sair as 9:30, você vai precisar de café. – ele disse numa risada.

- E você? – perguntei, me apoiando na parede do elevador – Não vai sair?

- Bem... eu ia. – ele respondeu dando de ombros – Mas o cenário mudou bastante de ontem pra hoje. – ele explicou num sorriso de canto.

Revirei os olhos de leve, sem segurar o sorriso que o seu criou em mim. Ao olhá-lo novamente, seu sorriso se aliviou e ele se aproximou para me beijar novamente. O álcool estava fora de mim, o sono tomava conta e eu não estava arrependida, eu me sentia leve e feliz por ele estar ali.

O apito do elevador nos interrompeu e logo estávamos no hall do 16° andar, não demos mais de 10 passos até eu ouvir a voz irritada de Connor após a esquina do corredor. Parei imediatamente de andar e olhei para Harry, que se voltou para mim também. Gesticulei nervosa, num pedido silencioso que ele me ajudasse a me esconder.

Ele olhou para os lados e logo deu alguns passos rápidos, me puxando pela mão. Ele abriu uma porta e me guiou para dentro, fechando em seguida. Era um almoxarifado, pequeno e escuro, levemente iluminado pela luz do dia que atravessava o vão entre a porta e o chão. Considerei procurar uma forma de ascender a luz, mas desisti temendo fazer qualquer barulho. Pouco tempo depois, pude ouvir a voz de Connor com clareza.

- Harry, onde você esteve? – ele perguntou, ainda irritado porém não muito agressivo – Pedi para ficar no hotel.

- Fui tomar um café, no hall. – ele respondeu com a voz calma – Algum problema?

- Você viu a Jade?

- Não. Por que? Está tudo bem?

- Eu encontrei com ela ontem à noite, ela estava indo dormir. – ele comentou – Mas horas depois fui até lá para verificar e ela não estava.

- Ela não deve ter respondido porque está dormindo não? – Harry questionou – Ela deve aparecer daqui a pouco.

- Ela não está lá, eu entrei no quarto.

Um arrepio correu a minha espinha, a tensão familiar obstruindo meus ouvidos e garganta, podia sentir o suor gélido se formar na minha testa. Tão interna naquele sentimento vazio muito mais familiar do que gostaria, demorei a perceber que o estresse se expandia para além do cubículo em que me encontrava. O silêncio palpável no corredor começou a me atingir, não podia ver Harry, nem Connor, mas sabia que eles estavam num impasse quieto.

- Você... entrou no quarto dela? – ouvi a voz rouca dizer – E se ela estivesse lá, o que ia fazer?

- Acho que você me entendeu errado, Harry. Eu fui com um segurança.

- O que não torna nada disso menos pior. – ele respirou pesado, ouvi dois passos amaciando o carpete do corredor – Connor, não é a primeira vez que você extrapola os limites do que é apropriado.

- Harry! – sua voz leve e divertida, contrastando com o tom obscuro do de olhos verdes – Acho que você está entendendo errado. Eu só me preocupo com o paradeiro e segurança da minha equipe.

Aimlessly |H.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora