25- Sentimentos trancados

934 85 61
                                    

Quando cheguei no apartamento aquele dia, Ian me esperava com um jantar especial de aniversário. Pizza e bolo de sorvete, meus favoritos. Ele me abraçou e desejou um feliz aniversário, me fazendo chorar lágrimas grossas em seu ombro e tive que me convencer que estava emocionada e esse era o único motivo para o choro. Na verdade eu sabia que era meu ego ferido que estava em jogo.

Deitei na cama para dormir e avaliei meus sentimentos com calma, eu me sentia novamente no ensino médio, quando eu disse para Roberto (o dono da minha virgindade) que eu estava apaixonada e ele riu ou quando a minha melhor amiga Alice beijou meu crush supremo Arthur na formatura dos nossos veteranos. Rejeição era o nome e não podia ser pior. A parte obscura da sensação era que eu não sabia definir porque Harry me rejeitar machucou tanto, e como essa parte me fez perceber que aquele sentimento era antigo, já que no Lounge, anos antes, apenas o conceito me tirou do eixo por dias.

Acordei na segunda-feira decidida. Aquilo era delírio e só há uma forma de fazê-lo sumir: ignorando. O que me fez enfiar o sentimento em uma caixa, fechar com força, trancar e lançá-la para o fundo da minha mente, onde eu não mexeria por muito tempo, até que eu não sentisse mais.

- Você não me retornou ontem. – Amanda disse quando entrei no trailer.

- Verdade. Me desculpa, não tive tempo. – ela se levanta e vem até mim me abraçando.

- Parabéns atrasado. – ela diz e eu sorrio retribuindo o abraço.

- Obrigada.

- Enfim, não era disso que eu queria falar. – ela fala e eu a olho confusa – Eu não falei na hora para não constranger vocês dois, mas meu Deus, Jade. – ela ri pelo nariz e eu gesticulo com as mãos incentivando que ela fale, mas ela me olha como se eu já soubesse.

- Você vai falar ou vai me deixar confusa mesmo? – ela senta na mesinha e me olha com a sobrancelha erguida.

- Qual é!! – ela exclama e solta a caneta – "Tá gozando comigo?" e "Ainda não"? – ela faz aspas com as mãos e ri – Sinceramente.

- Oh meu Deus. – resmungo ao ver que ela trouxe Harry para o assunto – Não foi nada. Foi só uma má escolha de palavras.

- Soou como um belo de um flerte. – ela dá de ombros – Não queria ver se vocês tivessem sozinhos naquela casa.

- A gente esteve e nada aconteceu. Nós conversamos, tocamos piano e fomos para praia como bons amigos. – digo de uma vez, no intuito de encerrar o assunto, porém gerei a reação oposta.

Amanda me olhou por alguns segundos, como se analisasse se eu estava falando sério, ao ver minha expressão neutra, ela abriu a boca e arregalou os olhos. Esperei ela falar algo, mas talvez pela dificuldade de aceitar os fatos, ela demorou a me dar alguma coisa.

- Você dormiu na casa dele? – não respondi e sentei no banco – Você totalmente dormiu lá! – ela exclama – E vocês foram pra praia e tocaram piano?

- Por que estamos falando de mim? Você que foi embora com o Zayn. – digo e ela suspira.

- Demos uns amassos no carro, mas só. – minha atividade cerebral relaxa por ela ter ignorado Harry e eu – Ele me deixou em casa e foi embora. – ergo a sobrancelha pra ela, duvidando de sua declaração – Que foi? Eu não dou de primeira, jamais. – solto uma gargalhada alta.

- Verdade, isso é mais a cara da Rachel. Mesmo que ela não tenha transado com o Niall. – dou de ombros – Enfim, o que temos para hoje?

Ela me entrega o cronograma e vejo que tenho uma cena com Harry de manhã e outra no fim da tarde até a noite e estaria livre na primeira parte da tarde. Pego meu celular e sigo Amanda para o conhecido camarim para Rachel me preparar para as gravações, Harry aparece não muito depois e só me dou o trabalho de responder seu bom dia em um coro com os demais presentes. Já pronta, sai com a Amanda para o cenário marcado para a manhã.

Aimlessly |H.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora