Aimlessly |H.S|

24- Meu dia com ele (pt. 2)

CONFERE SE LEU O CAPÍTULO 23

Andei em silêncio ao seu lado, fingindo que estava ocupada demais tirando areia do meu cabelo para interagir de qualquer forma. Ele parecia relaxado, chutando a areia branca e olhando o horizonte, e lindo demais, com a brisa sobrando seu cabelo para trás. Quando terminei de desembaraçar o cabelo, vi ele parar na areia e estender as toalhas, sentando em uma delas em seguida. Olhei para seu corpo sentado de pernas cruzadas e ele sorriu, apontando para o local vago ao seu lado, me sentei e olhei para a praia deserta, apreciando a vista e o som pela primeira vez.

Não muito a nossa direita a praia terminava em um amontoado de rochas escuras, me fazendo concluir que aquele era o motivo do vazio. A areia quente era branca e fofa onde estávamos sentados, cerca de 5 metros de distância de onde a maré azul alcançava.

- Aqui é bonito. – digo sentindo a brisa no meu corpo e me viro para encará-lo.

- Não é? – ele diz animado – As vezes é difícil demais ir à praia, aqui não tem erro. Está sempre vazio.

- Deve ser chato as vezes. – comento e ele vira para mim – Quero dizer, ser reconhecido em qualquer parte do planeta.

- Não é sempre ótimo, sabe? – ele diz risonho – Faz parte do que eu amo fazer e os pontos positivos superam os negativos. Mas não vou dizer que é fácil.

- Não consigo nem imaginar o que você passa.

- Você tem muitas fãs no Brasil. Não da pra ter uma ideia?

- Não mesmo. – digo – Antes de vir para cá eu tinha 3 milhões no YouTube e um pouquinho mais de um milhão no Instagram. Isso espalhado pelo Brasil que é enorme, eu era reconhecida poucas vezes. E não tem paparazzi lá, pelo menos não como tem aqui.

- Se prepara. Daqui pra frente só piora. – ele diz e eu solto o ar pesadamente – O que?

- É estupido dizer que estou com medo? Mais medo do que animação? – pergunto hesitante – Não sei, quando eu penso em famosos de Hollywood eu só consigo ver os hates e assédio de paparazzi. Dá vontade de ir embora. – acrescento antes que ele responda.

- Não vou mentir. Vai acontecer. – ele fala, no tom sempre calmo, por mais que eu soe nervosa – Mas você vai aprender a lidar. Fica mais fácil.

Assinto em resposta, não sabendo o que dizer, e coloco as mãos no colo, deixando o desconforto me atingir. Depois de alguns minutos em silêncio, brincando com meus dedos, sua grande mão aparece em meu campo de visão, apoiando suas costas em meu joelho, como se pedisse para segurar. Coloquei a minha mão sobre a sua e ele apertou devagar, depois fazendo um leve carinho com o polegar.

- Você vai ficar bem. – sua voz corta o vento e eu olho para ele com um sorriso.

- Eu sei. – assinto – Obrigada.

Ele solta minha mão e nos voltamos para a paisagem, apreciando enquanto a conversa fluía em uma naturalidade surpreendente. Pela primeira vez, desde a briga, foi fácil estar com Harry, conversar sobre a vida, sonhos e medos, dos estúpidos aos mais reais. Depois de alguns minutos, deitamos lado a lado enquanto jogávamos um jogo qualquer em meu telefone e eu ria toda vez que ele ficava irritado por perder.

- Esse jogo tá roubando, Jade. – ele reclama e eu rio.

- Claro que não, Harry. – falo olhando para o mar – Você que é muito ruim.

- Cansei. – ele reclama e joga o celular na minha frente, se pondo de pé logo depois – Vem.

Me levanto e caminho com ele até a beira da praia, onde a água toca nossos pés descalços. Fico distraída com as ondas se formando no fundo e se quebrando perto de mim, apreciando o som e os movimentos que o oceano oferecia e deixando a nostalgia me preencher.