6- E se?

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Ian se contorceu levemente no sofá, provavelmente incomodado com meu olhar irritado/preocupado em cima dele.

- Eu vou... ahm... deixar vocês dois conversarem. – Rodrigo disse e saiu da sala, segundos depois ouvi a porta do meu quarto sendo fechada.

Não sei exatamente quanto tempo ficamos em silêncio, mas pareceu uma eternidade. Suspirei e me joguei no sofá. Eu não sabia o que nem como perguntar, e por conta disso várias possibilidades passaram pela minha cabeça, todas obviamente ruins.

- Jade. Não sei porque você está tão nervosa, não tem nada demais. – ele disse.

- Então porque você não desembucha logo?! – rebati – O Rodrigo entra aqui, solta uma pergunta nada a ver com nada e você não se da o trabalho nem de explicar. Você veio pela minha formatura? Ou você quer alguma coisa?

- Não.

- Não o que?

- Não vim pela formatura e não, não quero nada. – ele esclareceu, muito calmo na minha concepção – Eu uni o útil ao agradável.

- Como assim? – perguntei seca, eu já não entendia mais nada.

- Jade. Tira essa cara de irritada e de que me odeia do rosto e deixa de pirraça. Eu to conversando com você. – bufei. Era óbvio que eu estava fazendo um pouco de pirraça, mas eu nunca ia admitir.

- Ian. Como assim uniu o útil ao agradável?

- Você tem que me prometer que vai avaliar todas as possibilidades – assenti – que vai manter a calma e que não vai surtar e...

- Anda logo Ian! – falei irritada.

- Vamos pra LA no sábado para um teste?

- Teste? – perguntei.

- Para um filme. Uma adaptação de um livro.

Minha reação foi de surpresa nos 3 segundos seguintes e depois disso, eu travei. Simplesmente porque eu não sabia o que pensar nem o que dizer. Ser atriz era um desejo reprimido, mas nos últimos 3 anos ficou mais reprimido ainda, a faculdade finalmente se tornou realidade, a ficha caiu pra mim, eu seria administradora e era isso.

Além disso, o trabalho de Youtuber tomou todo o meu tempo e acabei internalizando que eu permaneceria nisso até o fim da plataforma. Outros diversos pontos passaram pela minha cabeça em segundos, aquilo foi tão inesperado que nem parecia real, as dúvidas ocupavam um espaço enorme dos meus pensamentos e não sabia qual externalizar primeiro.

- Da pra falar alguma coisa? Qualquer coisa mesmo. – ele disse despreocupado.

- Você consegue me responder todas minhas dúvidas?

- Alta probabilidade.

- Como? Como você conseguiu isso?

- Eu não consegui nada, meu amigo falou sobre um teste que estavam fazendo e disse que meio que era por indicação. Legendei um dos seus vídeos, ele mostrou pra equipe e eles gostaram muito de você.

- Um vídeo? Mas porque eu? Eu sou uma desconhecida, sem experiência NENHUMA na televisão ou em filmes. Não faz sentido nenhum.

- Olha Jade. Sem complexos repentinos de inferioridade, odeio essas suas recaídas. Eles viram aquele vídeo que você representa uma menina que sofreu abusos sexuais do tio. Te acharam legal, parece. Não é um teste apenas por indicação, mas os caras te conhecem, te da maiores chances.

- Mas.. m-

- Sem mas. – ele me interrompeu. Me deixando de boca aberta. – Você quer ir ou não?

Aimlessly |H.S|Onde histórias criam vida. Descubra agora