— Se você não vai falar com ele, poderia ao menos disfarçar. — Andrômeda revirou os olhos, chamando a atenção de Sirius com uma cotovelada de leve no braço do garoto, fazendo-o quase dar um pulo de susto.
Não era a primeira vez que a sonserina pegava o primo no flagra encarando sua “paixonite”, algo que já havia se tornado como um hobby, e parecia estar longe de ser a última vez. Na verdade, Andrômeda não sabia como os cabelos cor de cobre, os olhos escuros e o sorriso gentil de Remus Lupin não eram algo que todas as pessoas se rendiam sempre que aparecia uma oportunidade de admirá-lo. Ele era uma baita visão, não era atoa que deixava o grifinório absorto daquela forma.
— O quê? Do que você está falando? — Sirius ajeitou sua postura um tanto relaxada (não em um bom sentido) que tinha enquanto aguardava pela garota em um dos corredores abertos de Hogwarts, onde era possível ver as finas camadas de neve tomando conta da paisagem momentaneamente, um presságio do inverno. — Remus é só meu amigo.
Andrômeda deu um sorriso largo ao vê-lo se entregar, aquilo foi menos desafiador do que imaginou que seria.
— Isso não torna tudo mais fácil? James iria adorar dar uma de cupido com vocês dois, eu até posso ajudar ele. — Implicou, fazendo-o franzir o rosto com a ideia desastrosa de ter seu melhor amigo como cupido.
O garoto não resistiu retrucar o comentário com a provocação dele próprio se fazer de cupido para Andrômeda uma hora ou outra, o que a fez revirar os olhos e desviar do assunto de imediato, o arrastando pelo braço em direção ao seu destino. Sirius estranhou a leve reação da garota a brincadeira, geralmente ela teria ameaçado usar alguma azaração nele ou coisa do nível, talvez esconder uma cobra inofensiva (porém ainda aterrorizante) em sua cama, mas não.
A sonserina particularmente adorava a tradição que ela e o primo tinham de sempre que possível irem para a biblioteca, só os dois. Lá era o único lugar onde ninguém nunca ousaria se intrometer no que quer que eles estivessem fazendo ou conversando, então era onde ficavam; grande parte das vezes, precisavam conversar através de um pergaminho para não correr o risco de serem expulsos pela professora responsável pelo local, no entanto ainda assim era seu passatempo favorito.
“Ainda com a ideia de ser professora?”
Sirius escreveu no papel logo ao se sentarem e colocarem suas mochilas e livros na mesa mais afastada que puderam encontrar, recebendo em troca a expressão indagadora de sua prima, já ela nunca havia contado aquilo nem para ele. O garoto levou o silêncio dela como uma outra pergunta.
“Você pediu minha ajuda para consertar seu diário antes das férias, lembra? Vi por acidente.”
A ideia de pedir ajuda para alguém quando se tratava de feitiços não era algo que acontecia muito regularmente, o que fez Andrômeda se recordar da ocasião assim que ele mencionou o diário, mas também a fez lembrar do motivo pelo qual precisou de sua ajuda, o que ainda conseguia ser irritante.
Mais silêncio.
“Você não vai dizer nada?”
Sirius arqueou a sobrancelha, estendendo a pena que segurava na direção dela como um convite. Ignorando o gesto, Andrômeda inclinou seu corpo para perto dele, com os braços cruzados como se não soubesse exatamente o que fazer com eles.
— Acho que você já sabe de tudo que importa, não? — Deu de ombros, um sorriso torto em seu rosto. A última coisa que desejava era despejar naquela mesa seus planos para o futuro, planos esses muito instáveis devido a dezenas de motivos. — Vamos estudar, eu meio que não prestei muita atenção na última aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.
Sirius quis perguntar se o que a distraiu foi um certo lufano, mas não o fez; não valia a pena ser ousado nesse nível em troca de sentir uma cobra se enrolar em sua perna no meio da madrugada, não mesmo.
— Você tá diferente. — Ele murmurou, hesitante, fingindo estar prestando atenção em um livro qualquer aberto diante de si. — O que aconteceu nas férias?
Oh. Aquela pergunta era uma das poucas que Andrômeda se recusaria a responder ao primo, justamente porque era daquilo que tentava tanto se distrair enquanto estava em Hogwarts; não era atoa que passava o menor tempo possível na Sala Comunal da Sonserina — e perto de qualquer integrante dali, até sua irmã mais nova. Tudo que a recordava das coisas que aconteciam dentro da Mansão Cygnus, Andrômeda desejava esquecer, e se ela tentasse bastante, conseguia.
— Nada fora do comum. — Ela forçou um sorriso fraco, dando de ombros, o que fez a expressão do grifinório ficar um tanto tensa. Ele sabia exatamente como aquelas coisas eram, e ver a garota que considerava sua irmã mais velha passar por aquilo não o deixava feliz. — Não é nada que eu não esteja acostumada.
Murmurando um pedido de desculpas por tocar no assunto, Sirius teve uma ideia súbita e não pensou duas vezes antes de perguntar se Andrômeda gostaria de ir em uma pequena aventura: entrar escondido na Grifinória e encontrar suas amigas lá para uma tarde de estudos — plano que tinha escutado sua melhor amiga, Marlene McKinnon, comentar uma vez ou outra durante a semana. Era perfeito.
Os dois já haviam feito aquilo uma vez ou outra, e não tornavam um hábito justamente porque era perigoso testar os limites da paciência de McGonagall com Sirius e as coisas que gostava de aprontar, mas um pressentimento os fazia acreditar que até mesmo Dumbledore sabia que faziam aquilo uma vez ou outra e nunca se incomodou em impedi-los.
Andrômeda sentia saudades de suas amigas, então não demorou a se render ao sentimento e aceitar a proposta de Sirius. Em poucos minutos, reuniu metodicamente todas as suas coisas na mochila e fez o pequeno pergaminho que Sirius usou para escrever evaporar com um toque da sua varinha. Seu primo, ao contrário dela, simplesmente entulhou suas coisas dentro da mochila sem cuidado algum, o que fez Andrômeda revirar os olhos por um instante.
Seguindo o caminho até a porta da biblioteca, a sonserina notou com a visão periférica que a poucas mesas de distância onde ela e Sirius estavam, Edward Tonks e seu grupo de amigos estudavam, fazendo da mesa de madeira uma enorme bagunça, lotada de livros, pergaminhos e penas. Ela não deixou escapar o fato de que o olhar do garoto foi desviado em sua direção mais de uma vez enquanto andava, o que a fez se lembrar de uma coisa.
Ainda com a varinha em mãos depois de arrumar suas coisas, a garota diminuiu seu passo, deixando Sirius caminhar adiante falando sozinho, e com um único movimento da varinha fez a pena na mão de Ted levitar por um segundo antes de se dirigir ao pergaminho diante do garoto por vontade própria.
“Eu adoro dançar”, a pena escreveu, logo caindo de volta em cima da mesa. Sem dar tempo para o garoto sequer voltar o olhar em sua direção, e também sem ver a reação dele, Andrômeda acelerou o passo para alcançar Sirius, os cantos de seus lábios se curvando levemente em um sorriso satisfeito.
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oi :) gostaram do capítulo de hoje, que tal? talvez eu tenha me atrasado um pouquinho em postar mas o importante é que eu lembrei !!
obrigada por lerem, significa o mundo pra mim 🌹 a tensão tá chegando família !
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starry night - a tedromeda fanfic.
FanfictionAndrômeda Black odeia Ted Tonks desde o primeiro segundo em que pôs seus olhos nele. Edward Tonks finge sentir o mesmo por ela, porque é a única forma de ficar perto o suficiente da garota que conseguiu chamar a atenção da pior forma possível. Não m...