— Vejo que esteve bastante ocupada em Hogwarts.
Foram as primeiras palavras que Druella Black disse à sua filha enquanto a estudava de cima a baixo, com um olhar que Andrômeda sabia que, lá no fundo, continha desprezo. A mesma frase fez as pernas da garota fraquejarem, precisando reunir todas suas forças existentes para se manter de pé sem se apoiar no batente da porta.
— Sim, estive. NIEMs. — Respondeu, tentando disfarçar a voz trêmula. Não... Edward não podia ter escrito para ela tão cedo, mal havia completado um dia longe dele, não podia ser.
Com uma risada ácida, a mãe da garota dobrou o pergaminho com as duas mãos e a encarou frente a frente.
— Pela primeira vez, você me deixou sem palavras, sua insolente...
Sempre que escutava aquele insulto direcionado a si sentia como se uma faca fosse cravada em suas costas. Não havia expressão melhor para descrever. Seu pulmão pareceu prender todo o ar dentro dele enquanto Andrômeda juntou suas mãos atrás de seu corpo, entrelaçando seus dedos nervosamente.
— O que eu fiz dessa vez?
Os lábios da garota pareceram formar as palavras por pura e espontânea vontade, já que sua mãe a chamava de insolente, não faria mal fazer jus ao apelido. Por dentro, no entanto, tinha a sensação de que iria desmaiar.
Druella se levantou, caminhando até ficar a apenas poucos centímetros de distância da filha, suas mãos ainda segurando firme aquele papel amarelado.
— Dessa vez? O que você acha que vem fazendo desde que te coloquei nesse mundo, Andrômeda? Têm envergonhado a mim, ao seu pai, a essa família, fazendo tudo que construímos de piada. — Se não a conhecesse tão bem, a garota poderia até se confundir com o tom baixo da voz da mãe, achando que ela não estava irada até os ossos. — Você não está ocupada com os malditos NIEMs, tenho certeza que nada nesse nível entra em seu crânio oco.
Uma risada cheia de desafeto ecoou no local, e os olhos de Andrômeda se fixaram nos de Druella como nunca fizera antes, começando a espelhar o desprezo mútuo que também sentia por sua mãe.
Seu pai continuava imóvel e em silêncio.
— Não sei o que você quer que eu diga, mãe.
E Andrômeda realmente não sabia, assim como não podia ter certeza do que havia naquele pergaminho e muito menos perguntar. Tudo que ela tinha certeza era que odiava sua aquela mulher de feições duras; o sentimento provavelmente sempre esteve ali, regado ano a ano, mês a mês, mas que foi colocado em negação por muito tempo. Dizer "eu odeio a minha mãe" não era a mesma coisa que dizer "eu odeio ervilhas", as pessoas não iriam a olhar de soslaio com estranheza ao externalizar um ódio por ervilhas.
— Por muito menos Sirius foi deserdado por Walburga, sabe, garota? — A mulher falou entredentes, aproximando seu rosto mais ainda do de Andrômeda. — Mas eu te dei uma chance, por causa de suas irmãs, porque Narcissa é tão bem comportada que eu quis conceder o desejo dela de você permanecer conosco pelo maior tempo possível, e é assim que você se mostra grata... se envolvendo com um sangue ruim.
Ela, com certeza, tinha noção do efeito que aquela expressão em particular fazia com Andrômeda, porque ela tinha um prazer quase insano em dizê-la em voz alta, fazendo o estômago da filha revirar mil e uma vezes. Estava tão perto de perder todos os limites que impôs a si mesma por tanto tempo pelo seu próprio bem — para não ser machucada — que chegava doer.
Andrômeda apenas continuava a inspirar e expirar, imóvel, apenas se deixando ser ferida por palavras cuspidas em seu rosto, mas Druella parecia desejar do fundo de sua alma que a garota dissesse algo, então ela disse.
— Você acha mesmo que é tão honorável? O máximo que você chega a ser é intimidada por pessoas que não se importam com o que você acha e que não se importam em te dizer não. Pessoas como eu.
A cada palavra que a sonserina dizia era como se algo estivesse borbulhando dentro de seu corpo, um combustível, lhe dando coragem para fazer algo que nunca faria em situações normais.
— Eu sei que você já usou a Maldição Imperius nas minhas irmãs, e que provavelmente está usando nele também. — Apontou para seu pai. — Já cheguei até a me perguntar por que você nunca a usou em mim... será que é porque você sabe que eu sou uma bruxa mais poderosa do que você, poderosa o suficiente pra não ser manipulada, ou outro motivo? Você teme ouvir a verdade, ou não ter alguém do seu lado pra apoiar as coisas que saem desse seu crânio oco, mamãe?
Parecia que o olhar de Druella ficou preso ao de Andrômeda por horas naquela sala, chegava a ser insuportável a sensação, e quando a garota já estava começando a não ficar mais tão inquieta internamente Cygnus se virou, com sua varinha em mão, e tudo passou a acontecer muito rápido.
O jato de luz do feitiço atirado na direção de Andrômeda pelo homem foi interceptado pela filha com um feitiço de anulação — que sequer sabia como havia conseguido lembrar tão rápido — e provavelmente também anulou qualquer feitiço que Druella havia posto no marido, porque assim que a sonserina abaixou sua varinha percebeu que os olhos de seu pai estavam arregalados, seu primeiro sinal de emoção genuína em bastante tempo.
— Você acabou de provar meu ponto. — Murmurou, suspirando alto, como se aqueles poucos segundos tivessem lhe gasto a energia de uma vida inteira. — Você pode me devolver a carta agora? Tenho certeza que ela não é sua.
Por sorte, Cygnus devia estar tão confuso que só alternou seu olhar entre a esposa e a filha, enquanto Druella encarava Andrômeda como se ela fosse uma bomba-relógio, dando alguns passos para trás. Se Narcissa escutou algo do que aconteceu ali, foi muito inteligente em não se meter, ou poderia piorar a situação.
— Como você ousa...
Eram as últimas palavras que Andrômeda precisava ouvir para se permitir explodir de vez. Um riso ácido subiu em sua garganta enquanto ela se aproximava de sua mãe.
— Não, como você ousa... me fazer viver esse inferno... sou eu quem deveria estar te perguntando essas coisas. Se me assistir envergonhar essa família é tudo o que você mais odeia no mundo, então é justamente o que vou me empenhar em fazer daqui pra frente, com todo o orgulho.
Agora era a vez de Druella deixar escapar uma gargalhada ácida, e seu dedo indicador apontou para a porta sem hesitar.
— Fora da minha casa, e da minha família. Quem sabe assim você aprenda um pouco a se portar como uma Black, e só então pise nessa casa de novo.
Andrômeda sentia como se fosse explodir em mil pedaços. Ao que aquelas palavras chegaram até seus ouvidos, só conseguiu assentir, e quando a ficha do que estava realmente acontecendo caiu, ela deu mais dois passos à frente e puxou da mão de sua mãe a carta que ela segurava. Por ter sido pega de surpresa, Druella não teve chance de resistir.
— Não se preocupe comigo voltando, eu não vou. Não é como se um dia você já tivesse se preocupado de verdade comigo.
E assim, simplesmente, Andrômeda deu as costas e se dirigiu à porta de sua casa, mantendo a postura indiferente que muitos diriam ser digna de um membro da família Black — no entanto direcionada à própria. Ao parar próxima do pé da escada para convocar sua mochila com um feitiço, se deparou com Narcissa sentada em um dos degraus, o que não tornava aquilo mais fácil.
— Acredito que você terá mais sorte com eles do que eu tive.
Andrômeda murmurou assim que agarrou a mochila com ambas as mãos, não se preocupando em esperar um "adeus" de sua irmã mais nova. Se ficasse mais um minuto sob aquele teto poderia facilmente não resistir às lágrimas que queria tanto deixar cair, mas nunca havia chorado naquela casa, e não se permitia começar agora.
⋆✯⋆
uepaa ! sim o segundo comeback do dia, nem deu tempo de sentir saudades, quem amou? queria compensar pelo tempo perdido então aqui está um pedacinho de tanta desgraça que acontece nessa fic, valha-me deus !
temos exatamente só OITO capítulos até o fim de starry night e espero que vocês estejam gostando, e sim, aos curiosos, teremos a oportunidade de ver a cartinha que está nas mãos de andrômeda! vamos aguardar. um beijo!
VOCÊ ESTÁ LENDO
starry night - a tedromeda fanfic.
Fiksi PenggemarAndrômeda Black odeia Ted Tonks desde o primeiro segundo em que pôs seus olhos nele. Edward Tonks finge sentir o mesmo por ela, porque é a única forma de ficar perto o suficiente da garota que conseguiu chamar a atenção da pior forma possível. Não m...