capítulo 6 • veget

99 13 11
                                    

— Eu não faria isso se fosse você. — Andrômeda quebrou o silêncio, dando um pequeno sustinho (bem satisfatório, diga-se de passagem) em Edward.

Depois de quase duas horas sentados — surpreendentemente em silêncio — Edward já estava começando a se arrepender de ter se metido com os marotos em uma atividade de caráter claramente duvidoso e aprendendo a repensar bastante na próxima vez que fosse chamado para algo do tipo.

Dezenas de palavras poderiam descrever o humor de Ted naquele momento: entediado, irritado, arrependido, e principalmente, inquieto. Não suportando mais ficar parado no mesmo lugar, começou a caminhar pela sala — algo que obviamente não faria se Minerva estivesse ali — observando as paredes,  os objetos espalhados pelas prateleiras, até se deparar com uma plantinha seca em uma das janelas e se demorar a estudando; o garoto tinha uma conexão peculiar com plantas, provavelmente por ser um lufano, e sempre que encontrava uma morrendo sentia um intenso desejo de cuidar dela.

Esticando a mão até seu bolso para alcançar a varinha, parou ao ouvir a voz da sonserina chamar sua atenção, voltando a observá-la — era uma de suas coisas favoritas de se fazer; uma vez ou outra ele se flagrava se perguntando qual seria o perfume dela, e se seus cachos eram tão macios quanto pareciam ser de longe, e aquilo o irritava um tantinho já que ele repetia a si mesmo que precisava parar de ter esse tipo de coisa em mente.

— Preocupada que eu vou pegar mais um dia de detenção? — Provocou, enquanto levava sua varinha até a plantinha e, com um toque nela, as folhas voltaram a ter vida como se nunca tivessem secado. — Isso é tão adorável. — Ironizou.

— Desde que eu não esteja aqui, você pode pegar quantos dias quiser.

Ele riu baixinho, então percebendo o quanto estava intrigado para saber o motivo da sonserina estar ali; se havia um lugar onde nunca achou que iria encontrá-la seria na detenção, mas não perguntou. E também, não é como se ela fosse lhe responder.

Assim que Edward fez menção a retrucar com outro comentário impertinente, percebeu ao longe alguns passos ecoando pelo corredor, tornando a voltar ao seu lugar fingindo que absolutamente nada aconteceu desde a última vez em que a professora esteve ali. Uma risadinha vinda de Andrômeda preencheu o ambiente em reação àquela cena, mas logo se desmanchou ao ver Minerva surgir na porta.

Assim que abriu a porta, a professora os observou com um olhar meticuloso pelo o que pareceu ser um minuto inteiro antes de despachá-los de volta para os dormitórios como se seus rostos fossem a última coisa que queria estar vendo naquela noite, e provavelmente eram.

Os dois não hesitaram em pegar suas coisas imediatamente e cruzar a porta, mas antes que Edward e Andrômeda seguissem em direções opostas para chegar até suas comunais, o garoto em um impulso se aproximou dela e murmurou um “vejo você amanhã, Dromeda” próximo ao ouvido dela e partiu sem esperar por uma resposta.

⋆✯⋆

As aulas de Herbologia nunca foram um problema para Ted Tonks, nunca sequer chegaram remotamente perto disso, pelo menos não até o dia seguinte à noite que passou na detenção. Amos Diggory e Joseph Abbott estudavam o amigo cautelosamente, um tanto preocupados, enquanto a Professora Sprout tagarelava sobre plantas medicinais. O tempo nublado e frio era perfeito para assistir a uma aula na estufa, e seria um dos dias favoritos de Ted se não parecesse que um unicórnio o havia pisoteado (metaforicamente).

— Ted? — Amos o cutucou com o dedo, hesitante, enquanto o garoto encarava estaticamente as folhas verdes de uma muda de planta à sua frente. — Ted, você está bem?

O garoto sequer piscou.

— Ele tá me assustando, Dig. — Joseph falou baixinho, seus olhos expressando exatamente o sentido de suas palavras. — Será que Andrômeda jogou um feitiço nele ou coisa assim?

— Eu consigo ouvir vocês. — Edward finalmente respondeu, sua voz parecendo um tanto preguiçosa, mas ainda sem mexer um músculo de seu corpo além dos necessários para falar. — Eu só não dormi hoje, só isso.

Os amigos fizeram menção a bombardeá-lo com perguntas e comentários sobre, mas se calaram assim que a Professora Sprout pigarreou, chamando sua atenção. Quando a aula chegou ao fim, os lufanos seguiram caminhando pelo pátio lado a lado com Tonks, que parecia que a qualquer momento poderia cair no chão de tanto sono.

Não havia nenhuma razão especial para a incapacidade do garoto cair no sono na noite anterior, nenhuma que fosse clara o suficiente para ser notada. Assim que chegou a sua cama e se deitou, acabou rolando e rolando para um lado e para o outro até que o dia raiasse e todos começassem a se espreguiçar em suas camas.

— Eu li em um livro que quando alguém não consegue dormir, é porque outra pessoa está sonhando com você. — Joseph comentou inocentemente.

— Ou quando alguém passa o dia inteiro pensando em você, e aí de noite você não dorme. — Amos completou, seu rosto formando uma careta que fez Joseph rir.
Ted encarou cada um deles com um olhar um tanto cético — resultado do mau humor causado pela noite em acordado — e revirou os olhos.

— Eu seria muito grato se ninguém pensasse em mim ou sonhasse comigo, nunca mais então. — Resmungou, acelerando seu passo até os corredores internos do castelo, fazendo seus amigos correrem para alcançá-lo enquanto começavam a se divertir com aquela novidade de mal-humor.

Em dias frios como aquele os corredores dificilmente ficavam cheios, todos os alunos preferiam ficar em suas comunais por todo o tempo livre que possuíam, havendo poucas exceções para aquele que gostavam de estudar nos corredores abertos onde podiam sentir o clima na pele sem ficarem tão expostos como ficariam nos jardins.

Conforme o fim de novembro se aproximava o Inverno eminente dava sinais de vida mais e mais fortes. O dia de neve que tiveram no meio do Outono havia sido apenas uma amostra do que estava por vir, e os amantes do tempo frio mal podiam esperar por aquilo.

Inesperadamente, o grupo foi abordado por um Sirius Black agitado e sorridente, o que também era estranho — mas não totalmente. Assim que Joseph e Amos contaram o motivo da expressão fechada no rosto de Ted para o grifinório, uma risada escapou de seus lábios.

— Problemas no paraíso, Tonks? — Implicou, o garoto franzindo o rosto em resposta. Nem ânimo para falar Edward possuía, o que deixava a situação ainda mais hilária de seus amigos observarem. — É uma pena, tinha certeza que o plano estava funcionando.

Ted se empertigou discretamente ao escutar aquela frase.

— De qualquer forma, só vim dizer oi pra vocês. — Sorriu juntamente dos outros garotos, enquanto começava a se afastar com passos lentos sem lhe dar as costas. — Até mais, garotos.

No fundo, todos os três ali sabiam que Sirius não fazia nada sem motivo, então em nenhum momento acreditaram que ele só foi “dizer oi” a eles quando soltou aquela informação por acaso. Quebrando o silêncio, Ted murmurou um “vamos logo” para os amigos — que se entreolharam quietamente — voltando a andar na direção da sala onde teria sua próxima aula.

⋆✯⋆

isso mesmo que vocês tão pensando! atualização dupla pra compensar o capítulo atrasado, quem amou?

espero que tenham amado 🌹 até semana que vem 🤲🏽🌹

starry night - a tedromeda fanfic.Onde histórias criam vida. Descubra agora