capítulo 12 • braquium remendo

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— Você não me esperou do lado de fora. — Andrômeda resmungou ao entrar na Sala Precisa, se deitando na grama logo ao lado de onde Edward observava estaticamente o céu todo pontilhado.

Ele deu um sorriso torto em resposta ao ato, ainda sem olhar na direção dela, e quando Andrômeda estava prestes a perguntar o que havia de errado com ele, o garoto murmurou com interesse:

— Você já viu Andrômeda?

A garota fixou seus olhos no céu artificial, porém não menos deslumbrante.

— Todos os dias quando olho no espelho. — Brincou, gargalhando ao sentir o cotovelo de Ted a cutucar com força no braço. — Ai! Não resisti, desculpa.

Ted deu uma risadinha ao vê-la alisar com a mão o lugar do braço onde ele acertou, mas ainda sem se permitir encará-la rosto a rosto, o que a incomodou um pouco. Edward estava sempre a encarando, chegava a ser irritante às vezes.

— Tô falando da constelação, bobona.

— Eu sei, já vi várias vezes, mas não a olho nu. Quando éramos crianças, eu e minhas irmãs ficávamos estudando constelações e estrelas, é uma tradição de família. — Comentou, sentindo uma parte dentro de si se torcer ao mencionar suas irmãs. — Era divertido, naquela época.

Todos sabiam muito bem, ou pelo menos superficialmente, de como as coisas funcionavam para Andrômeda naquela família, então ouvi-la dizer que algum momento próximo deles havia sido divertido era um tanto peculiar, principalmente para quem também era familiarizado com a história de Sirius e seu deserdamento no ano anterior.

Surpreendentemente, Andrômeda se sentiu decepcionada que Edward não a perguntou mais sobre. Pela primeira vez, ela não se importava em falar de sua vida para alguém que não fosse seu primo, mas como ele saberia disso?

Levando sua mão até seu bolso, a garota tirou de lá uma pequena caixinha quadrada que até de longe — e sem óculos, como sempre — Edward reconheceria. Ainda deitada, ela a sacudiu de leve no ar.

— Você não teria nada a ver com isso daqui não, certo? Recebi hoje no café da manhã, foi esquisito.

Pela primeira vez naquela tarde, o lufano levou seu olhar da caixinha até o rosto de Andrômeda.

— Qualquer um pode comprar uma caixinha dessas. Tem em todo o lugar por Londres.

Era mentira, e a sonserina sabia disso. Além disso, a expressão divertida de Ted o entregava.

— Com chocolates em formato de estrelas dentro?

— Eles podem ser bem populares também.

Andrômeda não conseguiu se segurar para não murmurar o quão péssimo mentiroso ele era, o que fez Ted rir e voltar a encarar as estrelas, que pareciam ter mudado de lugar nos últimos segundos.

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Sirius havia lhe avisado várias e várias vezes para não tocar naquele assunto, mas foi praticamente impossível. Edward conseguia sentir as reticências invisíveis pairando no ar quando Andrômeda mencionou sua família; ela queria falar mais sobre aquilo, ela queria conversar com ele, e ele estaria completamente fora de si caso tivesse interpretado aquele silêncio de forma errada, era claro como dia.

E a vantagem de ter Andrômeda falando talvez a distraísse do fato de que Edward estava evitando olhar em sua direção a qualquer custo, ela era inteligente o suficiente para notar esse pequeno detalhe; culpa de um sonho da noite anterior — que nunca deveria ter acontecido — onde ele a beijava, e ela o beijava de volta. Em público era muito fácil reprimir as lembranças do sonho, havia pessoas ao redor e coisas que tomavam sua atenção, mas enquanto estavam ali sozinhos, não era.

starry night - a tedromeda fanfic.Onde histórias criam vida. Descubra agora