capítulo 10 • aparecium

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Aquela piada era simplesmente a pior coisa que Edward já havia lido em toda sua vida, e talvez exatamente por esse motivo fosse tão hilária.

Em uma de suas tentativas de colocar suas coisas em ordem, organizando livros e pergaminhos espalhados por sua mesa de cabeceira e nas gavetinhas dela, o garoto encontrou um cartão cheio de dobras feitas meticulosamente, e que conforme eram desdobradas contava uma piada que Margaret Tonks nunca havia lhe contado antes. Aparentemente, ela era incrivelmente boa em se reinventar.

A mãe do lufano tinha esse costume quando o garoto era pequeno de lhe contar piadas — que agora ele tinha consciência do quão terríveis eram, mas que na época adorava — para fazê-lo rir. Ele não sabia exatamente como aquele cartão havia ido parar ali, mas ele se sentiu muito grato por uma lembrança de casa tê-lo feito rir.

Ao se dar conta do horário, Edward levantou-se do chão e alcançou sua mochila em cima da cama, enfiando aquele cartãozinho no bolso das vestes e logo correu em direção às escadas antes que se atrasasse para a aula. A bagunça podia terminar de ser arrumada depois, aquela tarefa já estava sendo adiada por tanto tempo que um dia a mais ou a menos de demora não lhe faria mal algum.

Diferente dos outros dias "normais", Andrômeda não estava sentada ao lado da cadeira de Ted quando ele chegou, pronta para o início da aula, mas ele tentou não dar muita atenção a esse fato; como sempre, colocou suas coisas em cima da mesa e relaxou esperando os cinco minutos de sobra que ele tinha até o começo da aula de Flitwick. A sonserina, exemplar como costumava ser, chegou nos últimos trinta segundos que lhe restavam.

Agindo como se nada houvesse acontecido, Andrômeda fixou sua atenção nas explicações do Professor, assim como Ted se esforçava para fazer todos os dias — não era fácil ser uma pessoa capaz de perder o foco por um mínimo detalhe qualquer — e permaneceu assim até Flitwick parar de tagarelar e mandar os alunos começarem a praticar o feitiço do dia.

Percebendo algo escorregando do bolso de suas vestes até o chão, Edward desviou o olhar para baixo e viu o pequeno cartão dobrado que encontrou mais cedo caído de seu bolso ao lado de sua cadeira. Abaixando-se para alcançá-lo, uma ideia súbita tomou seus pensamentos e, assim que se endireitou sentado, cutucou o braço de sua dupla com o dedo indicador.

— Isso daqui deve ser seu. — Mentiu, mas seu olhar era tão inocente que a declaração chegava a ser crível quando os dedos da garota se aproximaram do papelzinho com cautela e o segurou com um toque firme, porém não tão crível assim.

Andrômeda murmurou um agradecimento um tantinho hesitante e se virou novamente para frente ao abrir a primeira dobra; assim que Ted a viu ler "por que a cobra tentou virar uma escova?", percebeu a sobrancelha dela se arquear.

Fingindo folhear o livro à sua frente em busca de instruções, ele esperou até a garota finalmente desdobrar o cartão mais uma vez e ler: "porque ela cansou de serpente".

Edward estava quase desejando se desculpar por aquilo depois de observar de soslaio a garota encarar o papel com uma expressão incógnita por quase um minuto inteiro, quando ela de repente abaixou a cabeça e tampou o rosto com as palmas das mãos. Ele ergueu o olhar sem se preocupar em disfarçar, na tentativa de saber se ela estava rindo ou chorando; então, sem avisar a ninguém — nem mesmo ao professor — ela saiu correndo para fora da sala o mais rápido que pôde.

— Professor, Andrômeda não está se sentindo muito bem — Ted pensou rápido ao ver o olhar do homem seguir os movimentos dela, intrigado. — posso acompanhar ela até a Madame Pomfrey?

Flitwick estudou o lufano por um instante e assentiu. O garoto se levantou imediatamente, reunindo todas as suas coisas e as dela o mais rápido que pôde e seguindo até a porta, movido mais pela curiosidade e preocupação do que qualquer outra coisa.

Em um gesto natural, Edward simplesmente soube o lugar onde era mais provável Andrômeda ter ido. Quando se deu conta, já estava sentado ao lado dela no corredor onde ele tomou coragem para chamá-la para sair poucos dias antes; a única diferença era que o local não estava tão escuro quanto na vez anterior em que esteve ali.

— Eu sabia que a piada era ruim, mas não que ia fazer você sair correndo. — Brincou, sorrindo, e assim que ela ouviu sua voz ergueu rapidamente o rosto, que estava apoiado em seus joelhos. Sua pele estava um tanto avermelhada, e ela usava a manga das vestes para secar o que pareciam ser... lágrimas? — Gostou do meu senso de humor, Dromeda?

Ela riu, pouco antes de acertar um soco de brincadeira (porém longe de ser fraco) no braço de Ted.

— É óbvio que era coisa sua. — Pensou alto, fazendo-o formar um sorriso culpado em seus lábios. — Aquilo foi horrível, por favor não faça de novo.

— Não vai rolar, eu funciono ao contrário. Se você pedir pra eu não fazer algo, aí é que eu vou fazer. — Declarou, enquanto estendia a mochila da garota em sua direção.

— E quando você concorda em deixar eu me livrar de você, é aí que eu não me livro de você? — Respondeu, sarcástica, colocando sua mochila em seu colo para poder abraçá-la.

— Você pegou o jeito rápido. — Murmurou, seu sorriso se alargando com o comentário perspicaz de Andrômeda.

Sem uma resposta à altura, a sonserina se manteve em silêncio ao conferir seus pertences na mochila, tirando de lá o diário que Edward já a havia visto carregar para todo canto centenas de vezes. Ele observou, silenciosamente, a garota tocar na capa de couro com a ponta da varinha antes de abri-lo e folheá-lo até parar em uma página; o curioso? Todas as páginas estavam em branco, e quando Andrômeda escreveu algo na folha com uma pena, ele não viu nenhum traço de tinta se formar ali.

— Pergunte logo. — Ela disse ao fechar o diário em um baque, fazendo Edward despertar para o mundo real onde estavam. — Você tá com uma cara de quem quer me perguntar alguma coisa.

Ele formou uma expressão como quem perguntava "estou, é?".

— Você não vai responder. — Deu de ombros.

— Você não sabe disso. — Afirmou. — É melhor perguntar algo e levar um não, do que não perguntar e nunca ter uma resposta, não acha?

A única reação possível vinda de Ted foi rir, porque era certo que todas as respostas para as perguntas que ele desejava fazer a ela seriam um não bem grande e certeiro, mas Andrômeda estava, de fato, certa.

— Você vai me contar o que escreveu aí? — Ele se virou para encará-la de frente.

Ela sorriu, o que fez o estômago de Edward se revirar por um milissegundo.

— Não.

⋆✯⋆

queria pedir mil desculpas a vocês pela péssima piada nesse capítulo, o senso de humor que essa autora compartilha com o Ted não é nossa maior qualidade KKKKKKK passo mal

o que vocês acharam ? essa historinha tá andando pra um rumo que vocês mal podem esperar, vem aí !!

starry night - a tedromeda fanfic.Onde histórias criam vida. Descubra agora