Aquela poderia ser considerada a manhã de natal mais estranha em toda a vida de Andrômeda, mas talvez fosse em um bom sentido.
A primeira coisa que a garota viu assim que abriu os olhos foi um embrulho deixado em sua janela — provavelmente por uma coruja — o que a fez sorrir consigo mesma, já tendo uma ideia de quem era o responsável pelo presente.
Chocolates... claro que seriam chocolates.
Em um impulso, a sonserina pulou da cama e não hesitou em colocar um moletom quentinho com o brasão de sua casa ao invés do uniforme de sempre. Uma das coisas que sempre desejou aproveitar na vida eram as exceções de vestiário que aconteciam naquela época do ano em Hogwarts, e pela primeira vez Andrômeda tinha a oportunidade de caminhar pelos corredores com aquelas roupas confortáveis.
Provavelmente seria cedo demais para topar com outros alunos pelo Salão Principal e se divertir um pouco, mas não se importava. Uma onda de bom humor parecia ter invadido seu corpo naquela manhã e nada poderia estragar, nada mesmo, nem todas as coisas sobre seu futuro incerto que tentavam tirar seu sono pela noite. No entanto, para sua surpresa, enquanto cruzava os corredores até o Salão Principal encontrou com a Professora McGonagall caminhando tranquilamente por ali.
Sem pensar, correu até ela, que não demorou muito a se virar ao escutar os passos rápidos ecoarem pelo local fechado.
— Com pressa, srta. Black? — Arqueou a sobrancelha enquanto estudava o rosto avermelhado da garota em reação à breve corrida.
Andrômeda suspirou alto ao parar de frente para Minerva, tentando regular sua respiração antes de tentar dizer algo.
— Na verdade, sim. Queria agradecer por ter me ajudado na outra noite. — Respondeu, se sentindo tão sincera como nunca. Não saberia o que teria sido de si caso McGonagall não a tivesse encontrado em Hogsmeade, seria eternamente grata por aquilo, com certeza.
A professora a encarou por um instante, sua expressão indecifrável, embora tranquila. Talvez o recesso de fim de ano deixasse todos ali com um humor um tanto mais leve.
— Eu já lhe disse, é apenas minha função cuidar dos meus alunos encrenqueiros. — Era possível notar uma pontada de sarcasmo em seu comentário, o que fez Andrômeda torcer os lábios para conter um sorriso. — Não é a mim que você precisa agradecer. Vá aproveitar seu feriado.
— De qualquer forma, obrigada, de verdade. Eu já vou, não quero atrapalhar seu feriado, tenha um bom dia. — A garota disse, com uma expressão contente em seu rosto, sem esperar uma resposta para se virar na direção oposta do corredor. Obviamente, não pôde evitar se sentir intrigada pela última frase dita pela professora e o que ela poderia significar... a quem ela deveria agradecer? As únicas pessoas que sabiam sobre o que aconteceu eram Andrômeda, McGonagall e Ted.
Sacudindo a cabeça para espantar os pensamentos, não conteve um sorriso ao dar a sorte de encontrar um café da manhã no Salão Principal prontinho e esperando por ela, e a garota não demorou muito a devorar tudo o que foi capaz de comer. Contente e de barriga cheia, o que mais poderia querer?
Antes de se pôr de pé para quem sabe ir ao lado de fora aproveitar a neve e passar um tempo com os próprios pensamentos, Andrômeda escutou um bater de asas que logo tomou rumo em sua direção. Uma coruja branca com algumas penas escuras espalhadas pelo seu corpo deixou uma carta na frente de Andrômeda e aguardou impacientemente por um petisco que a garota, por sorte, tinha no bolso.
Intrigada, abriu o selo desconhecido que fechava o envelope assim que a coruja partiu alegremente, e ao ler as primeiras palavras, sua testa se franziu de forma que talvez até tivesse criado rugas precoces no rosto da sonserina, sua mente se perguntando se aquilo poderia muito bem ser uma pegadinha de mau gosto ou algo do mesmo nível.
"Querida Andrômeda,
Acredito que você não se lembra de mim, ou caso se recorde, são apenas lembranças muito vagas, mas me permita uma apresentação adequada.
Meu nome é Isla Black, e eu sou, basicamente, sua madrinha, além de uma tia distante há muito tempo deserdada da árvore genealógica que você provavelmente está revisando mentalmente à minha procura. Na maior parte do tempo, prefiro que se refiram a mim como Isla Hitchens, o que colaborou para que a família se esquecesse de mim muito mais fácil.
Parti quando você era apenas uma garotinha, mal saída das fraldas, porque não suportei viver minha vida fingindo que não amava a mulher com quem divido minha vida hoje, caso esteja se mordendo de curiosidade para saber o motivo. Você sempre foi tão curiosa... não fiquei surpresa ao saber como você nadou contra a maré, assim como eu fiz. Estou orgulhosa, e feliz de saber que não me preparei em vão para este momento.
Desde que deixei a família e me despedi de você, fiz o possível para garantir que você não ficasse desamparada quando o inevitável ocorresse, ajudar com sua carreira e garantir um teto sob sua cabeça. Você é bem-vinda, minha menina, para viver comigo e minha Debra após concluir seus estudos em Hogwarts, e terá todo nosso apoio com o que precisar para garantir os sonhos que você deseja realizar. Aliás, já tem alguma ideia? Me conte, por favor, também sou curiosa até os ossos, talvez seja algo de família.
Também espero que você tenha gostado do vestido para o baile. Debra que escolheu, ela tem um ótimo gosto, não tem? Aposto que ficou perfeito em você, pelo o que McGonagall me contou.
Espero um retorno seu, mal posso esperar para contar tudo a você de forma adequada, e não em uma carta apressada. Perdão por demorar tanto a entrar em contato, mas a última coisa que desejava era lhe colocar em problemas. Espero que possamos compensar o tempo perdido.
Com amor e saudades,
Isla."
Andrômeda desviou seu olhar, não sabendo exatamente o que pensar sobre as palavras que havia acabado de ler. O vestido, o aparecimento misterioso de McGonagall... sua madrinha, tudo parecia ser informação demais ao mesmo tempo, mas não algo impossível de acreditar. Ela leu a carta uma, duas, três vezes, como se fosse fazer palavras novas surgirem no papel e esclarecerem melhor a situação mas, obviamente, nada aconteceu.
Parecia estranho ela não possuir realmente nenhuma memória ao seu alcance onde ao menos o nome Isla era citado, mas também não era outra novidade a forma como os Black eram bons em apagar a existência de seus deserdados. A sonserina pôde evitar se questionar se isso aconteceria com ela, será que suas irmãs eventualmente iriam esquecer de sua existência? Se acontecesse, seria algo bom ou ruim?
Em um impulso, a garota se pôs de pé e enfiou a carta no bolso de seu moletom, seus pés agindo mais rápido que seu cérebro, levando-a na direção de qualquer lugar onde pudesse ter um momento de silêncio para si mesma, um silêncio que não a deixasse sufocada com as coisas que só queria deixar para trás o mais rápido possível.
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esse é o último capítulo de hoje, veio muito aí! *respira fundo* na próxima semana vem os últimos quatro capítulos e minha despedida. espero que estejam gostando, esperem por mim! obrigado por tudo, um beijo!
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starry night - a tedromeda fanfic.
Hayran KurguAndrômeda Black odeia Ted Tonks desde o primeiro segundo em que pôs seus olhos nele. Edward Tonks finge sentir o mesmo por ela, porque é a única forma de ficar perto o suficiente da garota que conseguiu chamar a atenção da pior forma possível. Não m...