capítulo 23 • silencio

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Todos os sentimentos que tiravam a paz de Edward nos últimos dias se dissolveram em poeira assim que a voz de Andrômeda preencheu a Sala Precisa. Era a última coisa que imaginava que aconteceria, justamente por mal ter feito um dia desde que ela partiu, e mal conseguia acreditar na cena à sua frente. O que ela estava fazendo ali? E como o havia encontrado?

Os braços da garota logo passaram a envolvê-lo com força e sua única reação instantânea foi aceitar o toque e acariciar os cabelos castanhos e encaracolados de Andrômeda em um toque reconfortante. Seu cérebro parecia ter se esquecido de funcionar, e sua ficha só caiu quando começou a sentir o corpo de Andrômeda tremer um pouco contra o seu. Ela estava rindo?

O garoto deu um passo para trás, segurando o rosto dela com ambas as mãos de forma que pudesse vê-la por completo. Ela não estava rindo. Andrômeda estava chorando, por que ela estava chorando?

O garoto chamou-a pelo nome várias vezes, perguntando o que havia ocorrido, mas Andrômeda sequer o olhava nos olhos, pressionando suas pálpebras talvez na tentativa de cessar as lágrimas, mas mesmo assim elas não paravam de cair. Todo seu rosto havia sido tomado por tons de vermelho, e sempre que tentava regular sua respiração ofegante, seu corpo tremia mais um pouco. Aquilo era desesperador para Edward, no mínimo.

A falta de respostas deixou Ted mais inquieto ainda, passando a analisar a garota de cima a baixo para ver se não havia algum machucado pelo seu corpo, e felizmente não havia um arranhão sequer. Assim que seus olhos se concentraram nas mãos dela, no entanto, Edward notou uma folha de pergaminho muito familiar presa entre os dedos da sonserina, quase fechados em um punho.

Oh.

Tornou-se quase impossível os pensamentos de Edward não tomarem um rumo que quase o fez derramar algumas lágrimas também, mas resistiu. Esse choro seria então o presságio de um "eu não gosto de você desse jeito"? Isso não era bom, não mesmo.

Pareceu se passarem horas dele encarando estaticamente aquele papel na mão da garota, sem conseguir afastar suas mãos do rosto dela e ocasionalmente secando as lágrimas que continuavam a cair, mas que pareciam ter diminuído um pouco. Respirando fundo, Ted finalmente recuperou a voz.

— Dromeda, você... — Esboçou, quase em um murmúrio, erguendo um pouco o rosto dela para que pudesse vê-la melhor. — Está tudo bem, tudo bem... não há problema nenhum, como eu disse, você pode fingir que essa carta nunca existiu.

As palavras fizeram os olhos de Andrômeda ficarem arregalados instantaneamente, quase que em choque, olhando nos olhos de Ted pela primeira vez desde que chegou à sala.

O que? Do que você está falando? — Um calafrio correu pela pele do garoto ao ouvir a voz trêmula de Andrômeda. — Ted... essa é a ideia mais tola que eu já escutei na vida. — Completou, como se estivesse explicando algo óbvio para uma criança.

Edward piscou, tentando compreender alguma informação oculta ali que aparentemente perdeu; Andrômeda imitou o gesto, continuando com seu olhar fixo no dele.

— O que você quer dizer com isso? — Ele perguntou, hesitante em escutar a resposta, e talvez um pouco constrangido de ter feito suposições, mas não pôde evitar. — Desculpa, é que... você começou a chorar e não me respondia, e a carta na sua mão... foi meio impossível não supor que...

— Ted. — Andrômeda suspirou alto, interrompendo quaisquer outras coisas que Edward pudesse se atrapalhar em dizer, cobrindo as mãos dele com as suas próprias.

— Dromeda. — Ele ecoou, ainda se sentindo meio envergonhado.

Ela sorriu, e como se aquilo fosse o suficiente (talvez fosse), confessou:

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