capítulo 7 • episkey

110 15 13
                                    

Andrômeda descobriu que era excepcionalmente boa em ignorar muitas coisas: sua família, sua irmã, as coisas que Sirius aprontava “escondido”, a forma como todos ao seu redor ficavam quietos quando ela se sentava na mesa da Sonserina na hora do jantar, entre tantas outras, mas única coisa que a garota era incrivelmente incapaz de ignorar era a presença de Edward Tonks sempre que ele estava muito próximo; talvez isso ocorresse porque ela não sabia não fazer comentários provocantes e dar respostas farpadas a tudo que ele dizia, porém havia muito mais chances de ser porque Ted, acima de tudo, a deixava curiosa — algo que Andrômeda não podia se dar ao luxo de ficar, não quando tinha que se preparar para a prova de sua vida.

Depois de Sirius desistir de sentar ao lado dela nas aulas de Feitiços, com a desculpa de que Joseph Abbott precisava de sua ajuda para prestar os NIEMs, a sonserina foi obrigada a continuar se sentando ao lado de Edward para assistir todas as aulas da matéria, o que não a ajudava em nada; Andrômeda inclusive tentou trocar de lugar com todos os seus amigos na sala, e cada um deles dispensou a ideia, o que só piorava seu humor. Até Filius Flitwick encarava a dupla como se fossem uma bomba-relógio.

— Você parece que quer azarar alguém hoje. — O lufano comentou, zombeteiro, ao espalhar suas coisas pela mesa. — Se o alvo for quem estiver nessa cadeira aqui, me avise que eu troco com Sirius em um instante.

Andrômeda levantou o olhar até ele, seus olhos passando a brilhar com a ideia de azarar o garoto, um detalhe que ele não deixou de notar.

— Não acho que ele vá se sacrificar no seu lugar. — Constatou, desviando sua atenção por um segundo para olhar na direção de seu primo, que por acaso também os encarava. Percebendo que foi flagrado, virou o rosto para o outro lado para cochichar algo com Joseph. — Definitivamente não, e eu já pedi pra ele trocar de lugar com você de volta, mas ele disse não.

Edward riu ao ter a atenção total da sonserina voltada para si.

— Estou encrencado, Dromeda? Quer se livrar de mim tanto assim?

Ela revirou os olhos com o uso do apelido pelo garoto. Já era a segunda vez que a chamava assim, e Andrômeda se perguntou de onde ele havia tirado o apelido, já que todos a chamavam simplesmente pelo nome, ou no máximo Andie.

— Você não faz ideia. — Murmurou em resposta.

⋆✯⋆

Assim que escutou Flitwick liberar a turma e desviou seu olhar para o lado, Ted percebeu que Andrômeda não estava mais lá, o que o fez sua expressão se tornar uma careta em reação à pressa que a garota devia ter em sair dali.

O lufano quase não ouviu nada que o professor dizia desde que escutou as palavras de Andrômeda que o fizeram perceber que Sirius sempre esteve certo: ele já era, a garota definitivamente o odiava com todas as suas forças, e talvez fosse a hora de desistir.

Reunindo suas coisas na mochila sem esperar nenhum de seus amigos, ele seguiu pelo corredor mais vazio que encontrou nos arredores, em um impulso pela vontade de ter um momento de silêncio consigo mesmo. Tudo que sentia por Andrômeda não chegavam ser coisas realmente intensas, já que não a conhecia diretamente, mas ainda sim não podia evitar ficar bastante intrigado pelas coisas que a via fazer, fosse realizar um feitiço que todos tinham dificuldade em lançar de forma excepcional ou algo considerado simples, como curar um minúsculo corte de papel no dedo de uma de suas amigas, a poupando de precisar procurar Madame Pomfrey.

Os pés de Edward pararam de se mover assim que escutou um barulho de papel sendo rasgado em algum local próximo dali, o que o deixou em alerta, já que era raro o suficiente estar em um corredor fechado totalmente vazio e um tanto escuro no meio de Hogwarts, aquilo nunca costumava acontecer, nunca mesmo.

Esticando o pescoço para ter uma visão melhor dali, enxergou ao lado de um dos bancos na parede um amontoado de cachos escuros que já conhecia de cor, sentado no chão, quase impossível de se notar. Sem saber exatamente se deveria seguir em frente fingindo que não havia ninguém ali ou voltar para de onde tinha vindo, permaneceu parado ali de pé, sem dar um pio sequer, até um gritinho assustado quebrar o silêncio, fazendo-o recuar.

— O que você está fazendo aqui? — Andrômeda exclamou na defensiva, segurando contra si um pequeno caderno encapado com couro, que Tonks deduziu ser seu diário. Já havia a visto carregando ele para lá e pra cá um bocado de vezes.
Edward deu de ombros, fingindo indiferença.

— Só andando por aí.

— Você não está andando. — Retrucou, tombando a cabeça para o lado a fim de estudá-lo. — Parece estar aí de pé por um bom tempo, na verdade.

Ele permaneceu parado, dando apenas um murmúrio de concordância em resposta. Não imaginava que alguém estaria orquestrando a forma como em praticamente todo lugar que ia, Andrômeda  também estava lá, mas que a coincidência era um infortúnio naquele dia, era.

A garota deu de ombros e murmurou um “que seja” antes de fazer menção a virar de costas para sair dali, mas a mente de Edward se recusou a deixar isso acontecer, bolando uma ideia inesperada que tinha — quase — certeza que iria se arrepender poucos segundos depois de dizê-la em voz alta.

— Você está realmente disposta a fazer qualquer coisa pra se livrar de mim, não é? — Comentou, sarcástico, chamando de volta a atenção da sonserina para si.

— Eu nunca disse isso. — Retrucou, arqueando a sobrancelha.

O lufano escondeu as mãos nos bolsos, tentando manter alguma postura, não sabendo exatamente de onde tirou coragem para fazer aquilo.

— Mas você pensou. — Rebateu.
A falta de iluminação no local não o ajudava muito, principalmente quando ele insistia em não usar os óculos que deveria ter sempre em seu rosto — um gesto que sua mãe abominava completamente — mas Ted pôde perceber nitidamente ela pensando em negar aquilo e desistindo logo em seguida. Tentando disfarçar um suspiro alto, ele declarou “eu tive uma ideia” como se fosse a coisa mais banal do mundo, e foi incapaz de conter um sorriso surgir no canto de seus lábios quando a garota deu dois passos à frente em sua direção, demonstrando interesse, seus olhos perguntando “o que eu posso fazer pra me livrar de você?”.

Edward se recostou na parede casualmente, falando em seguida:

— Saia comigo.

— Sair? — Ecoou, incrédula.

— É, se divertir, Dromeda. Venha se divertir comigo, por uma noite. — Respondeu, provocando-a, enquanto suas mãos mexiam-se nervosamente dentro de seus bolsos. — E aí você se livra de mim. Que tal?

Os segundos que sucederam aquelas palavras ecoando no ar foram equivalentes a horas de um silêncio que quase fez o lufano surtar internamente. O tranquilizante, acima de tudo, era que as chances dela dizer não eram enormes e sendo assim, ele iria continuar vivendo seus dias perto de Andrômeda, mas se ela dissesse não, seria outra conversa; esses pensamentos que pendiam mais para a falta de lógica do que para a lógica em si tornava o raciocínio do garoto ainda mais difícil.

— Tudo bem. — Ela cedeu, as duas palavras despertando Ted de seu transe, o deixando sem uma resposta exata para dar a ela. — Vejo você amanhã então, Tonks.
Ele franziu o rosto.

— Você está mesmo com pressa pra se livrar de mim, não? — Comentou, sem se dar conta da referência que fazia a fala dele minutos antes.

— Você não faz ideia. — Ela sorriu, brincalhona, logo dando de costas para o garoto e seguindo na direção de seu próximo destino.

E, novamente, Andrômeda havia deixado Edward paralisado e sem saber o que fazer em seguida, o que talvez estivesse virando um hábito um tanto divertido.

⋆✯⋆

oi 🌹 mil perdões por não ter aparecido nessa última semana, tava um tantinho complicado e não consegui revisar o capítulo :(

mas eu voltei !!! muitas emoções nesse capítulo, que tal? tá vindo aí !!

starry night - a tedromeda fanfic.Onde histórias criam vida. Descubra agora