capítulo 11 • coloris muda

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— Tem alguma coisa na sua boca. — Andrômeda apontou na direção do rosto de Sirius ao abordá-lo no corredor aberto, como sempre faziam antes de se dirigirem à biblioteca.

Era mentira, obviamente, mas aquela era a forma mais divertida da garota confirmar o que ela já tinha certeza que estava acontecendo.

— Não tem não. — O grifinório confirmou, sem se deixar afetar pelo comentário.

Andrômeda estreitou os olhos, aproximando seu rosto um pouco mais do dele.

— Tem sim, parece um machucado. Mordidas. O que você andou fazendo? — Ela arqueou a sobrancelha, e a mão do garoto subiu até seus lábios instantaneamente. A sonserina sorriu, satisfeita. — Eu preciso perguntar quem foi que fez isso daí?

Sirius tentou reprimir um sorriso que surgia no canto de seus lábios, e negou com a cabeça.

— E você vai me contar como isso daí aconteceu? — Ela continuou, sugestiva, suas covinhas aparecendo em uma demonstração do quão empolgada ela estava.

— Só se você contar o que está acontecendo entre Tonks e você. — O garoto retrucou, se recostando na balaustrada de braços cruzados. Como ele esperava, a resposta dela foi um pleno "não tem nada acontecendo" que, obviamente, Sirius sabia que era mentira. — Desde que ele saiu correndo atrás de você da aula de Feitiços vocês não se desgrudam, qual é, Andie, não me subestime desse jeito.

Ela tentou não revirar os olhos ao ouvir a "teoria" de Sirius, no entanto falhou terrivelmente.

— Vocês dois até conversam durante a aula agora! Você ajudou mesmo ele com os estudos pra ser medibruxo? Isso é tão adorável, eu estou sem palavras... — Ele abaixou o tom de voz, quase em um sussurro. — E a Sala Precisa! Vocês tiveram um encontro, definitivamente tem alguma coisa acontecendo aí.

— Ele te contou isso? Espera, aquilo não foi um encontro. — A sonserina cruzou os braços, um tanto espantada pelo tanto de coisas que ele provavelmente sabia, além do que ela lhe dizia. — Olha, não tem nada acontecendo aqui, é só que ele... — Começou a dizer, mas gesticulou com a mão como se aquilo fosse fazer as palavras evaporarem no ar, murmurando um "esquece".

Na tentativa de realmente mudar de assunto, ela se virou na direção da biblioteca e começou a caminhar até a porta; não tinha tempo para isso, não tinha tempo para nada. Em poucas semanas aconteceria o último evento da escola antes de (quase) todos os alunos partirem para suas casas no recesso do fim de ano, e até que voltasse, a garota dificilmente teria cabeça o suficiente para estudar; não era novidade que qualquer animação para fazer qualquer coisa se tornava pó sempre que Andrômeda Black entrava no Expresso de Hogwarts para ir para casa. Era como se uma parte de si morresse estando lá, e pensar nisso em momentos inoportunos não lhe ajudava.

— Ele o quê? Fala, agora que você começou a frase precisa terminar. — Sirius a alcançou, se pondo entre ela e a porta em uma tentativa de soar menos curioso.

Andrômeda bufou, impaciente, desviando o olhar do dele até finalmente desembuchar:

— Ele... me faz rir, tudo bem? — Ela quase cuspiu as palavras para fora. — Isso me distrai, ele é uma distração tolerável pra eu parar de pensar na minha família. Agora podemos? — Apontou para a porta, esperando que ele liderasse o caminho ou simplesmente o liberasse.

Sirius permaneceu parado, encarando-a pelo que pareceu ser um minuto inteiro, estudando seu rosto como se o gesto fosse revelar algo que ela estivesse escondendo, e quando desistiu, adentrou na biblioteca fingindo que nada havia acontecido.

Andrômeda estava decidida a se concentrar nos estudos e "dar um gelo" em Sirius por fazê-la dizer aqueles tipos de coisa em voz alta, principalmente aproveitando que Edward não estava na biblioteca no dia — o que era um tanto impressionante, eles sempre se esbarravam ali, e nunca sabiam se era por acidente ou não — lhe concedendo uma chance de não se distrair com truques, feitiços e piadas ruins; no entanto, ela desistiu de sequer olhar para os livros assim que Sirius começou a contar como aquelas marcas de dentes apareceram em seus lábios, ou melhor, como ele as provocou.

starry night - a tedromeda fanfic.Onde histórias criam vida. Descubra agora