Parte XXIV - Uma amizade improvável

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Quando Trunks tinha treze anos assumiu a sua condição de pupilo e Son Gohan de mestre. Percebi o quão forte era essa relação depois de o filho de Goku também ter acabado assassinado pelos humanos artificiais num dia de chuva gelada. Foi também nesse dia que o meu filho conseguira convocar a raiva necessária para atingir o estágio de super saiya-jin.

Completamente sozinho, Gohan assumira a resistência contra os humanos artificiais. Lutava contra eles desde que completara dezassete anos. De uma forma sistemática, procurava-lhes pelas fraquezas. Estudava-os repetidamente, sem se cansar. Não se podia demorar muito no desafio e no confronto, porém. Fingia que brincava com eles, fingimento que não passava despercebido aos humanos artificiais, especialmente ao rapaz, número 17, que se divertia com as tentativas de Gohan para sondá-los. Era uma guerra perdida, Gohan sabia-o, mas não iria desistir de os perseguir. Afinal, ele era o filho de Son Goku.

Chi-Chi não o sabia diretamente, porque Gohan nunca lhe contara, mas desconfiava, claro. Detestava que o filho se empenhasse numa tarefa estéril. Ninguém conseguiria derrotar aqueles malditos humanos artificiais. Uma vez falámos sobre o assunto. Disse-lhe que falaria com Gohan, mas acabei por nunca o fazer. Na altura, achei que a oportunidade certa nunca se apresentara. Agora, vejo que fui indolente, propositadamente. Temia que Trunks lhe seguisse as pegadas. Não que isso fizesse alguma diferença – Trunks acabara por se envolver com Gohan.

Tinha treze anos quando aconteceram os encontros. O meu filho estava naquela idade em que começava a desenhar a personalidade, a vincar o adulto que um dia se tornaria. Para meu grande alívio, abandonara a seriedade e o estilo ligeiramente presunçoso de quando era bebé. A infância, malgrado as circunstâncias, fora pacífica. Mas a adolescência ameaçava ser tempestuosa. Um dia, quando regressávamos a casa após uma saída em busca de mantimentos, que era quando fazíamos as viagens mais longas, pois a comida era conseguida em locais cada vez mais distantes, ouvimos pelo autorádio um boletim noticioso anunciando mais um ataque dos humanos artificiais. O local era próximo, uma cidadezinha situada a sul. Saiu-me disparado do carro, apesar de eu lhe ter gritado que ficasse.

Trunks saiu a voar. Não me espantei. Descobrira-o a flutuar, um dia, no relvado da Capsule Corporation quando tinha dez anos.

- O que é que estás a fazer? – Perguntara-lhe.

Aterrara atrapalhado. Negara, como se eu o tivesse apanhado a furtar fruta no mercado.

- Nada, 'kaasan.

- Pensas que me importo por estares a voar?

Fixara em mim os seus bonitos olhos azuis. Fez que sim com a cabeça, torcendo as mãos atrás das costas.

- Eu não me importo, Trunks. Afinal, tens sangue saiya-jin nas veias. Saber voar deve fazer parte do vosso desenvolvimento normal... Acho eu.

- Bem, isso não sei... Só sei que custou-me um bocadinho dominar esta técnica.

- Que outras técnicas sabes tu?

Encolhera os ombros.

- Sei... Sei concentrar energia quando mais preciso dela Sei disparar o meu ki com as mãos. Sei sentir o ki das outras pessoas.

- Oh... E quem te ensinou essas coisas?

- Ninguém... Estou a aprender sozinho.

- Ah, bom... Pensei que tivesse sido Gohan-kun.

Corara e eu percebera que continuava a falar com Gohan. Isso acontecera quando contava dez anos. Os contactos seriam à distância, como tinham sido até ali. Por telefone, por intercomunicador que recomeçara a funcionar durantes alguns dias por mês. Com treze anos, no entanto, o filho de Vegeta aceitou ser ensinado pelo filho de Goku.

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