Parte V - Nas garras do inimigo

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Puar pediu-me:

- Não vás, Bulma-san...

Engoli em seco, respirando fundo. O ar carregado de pó fez-me doer os pulmões. Estava transida de medo, tal como em Namek, pensando em como era matematicamente impossível estar na mesma embrulhada mortal duas vezes e das duas vezes não ter uma qualquer solução prática para me salvar. Estava, novamente, nas mãos de Son-kun, esperando, tal como tinha dito Piccolo, que ele estivesse suficiente perto de nós para vir em auxílio da Terra.

- Não ouviste? Para além de Freeza, existe outro inimigo.

Apoiei as mãos na cintura.

- Ah! Se cheguei até aqui, não vou voltar para trás!

Puar escandalizou-se, tapando a boca com as patas.

- Bulma-san!

- Achas que vou acobardar-me, agora que estou tão próximo do meu objetivo? Só se fosse idiota! E idiota é coisa que não sou. Eu sou...

Retive o ar no peito. Anunciei cheia de orgulho em mim mesma:

- Eu sou Bulma! E não recuo ante nada!

- O combate vai começar e vai tornar-se demasiado perigoso.

Antes que perdesse a coragem que, subitamente, me aquecia toda por dentro, afastando o medo que me pregava àquele chão agreste, agarrei em Puar pela longa e felpuda cauda azul e desatei a correr. Ouvi o gato a guinchar atrás de mim. Disse destemida:

- Não te preocupes! Vegeta vai proteger-me.

Acreditava que sim, pois sabia que Piccolo tinha razão. Só o saiya-jin poderia enfrentar Freeza e ter alguma possibilidade de o derrotar. Era curioso como não colocava a minha vida nas mãos de Gohan, mais confiável, mas também menos maduro nas artes de combate. Quanto a Piccolo, o demónio nunca seria uma opção – infundia-me mais receio que Vegeta.

Tive de parar repentinamente quando se ergueu diante de mim um penhasco de uma altura impossível de transpor. Puar soltou novo guincho quando embateu no rochedo. Larguei-lhe a cauda, vendo-o a flutuar zonzo diante de mim, com as patitas dianteiras a tentar tatear o que o rodeava para se apoiar em alguma coisa. Torci a boca pintada num esgar.

- E agora, como fazemos para passar por cima disto? Acho que eles estão do outro lado.

- Damos a volta... - gaguejou Puar.

- A volta? Oh! Mas vamos levar uma eternidade!

- Não existe outra maneira.

- Tu consegues voar. Espreita ali por cima e vê se eles estão mesmo do outro lado. O esforço de contornar esta montanha tem de valer a pena.

- Hai.

Obediente, o gato azul foi até ao cimo do penhasco. Vi-o subir com uma lentidão exasperante, ziguezagueando para escapar das pontas afiadas de rocha. Mordi o lábio inferior, batendo com o pé direito, nervosa porque Puar nunca mais se despachava.

- Vamos, vamos... - murmurava. – Vamos...

Perto do topo, abrandou ainda mais o voo. Enfiou a cabeça entre os ombros, apoiou-se numa saliência e espreitou. Baixou imediatamente as orelhas e veio até baixo como uma flecha, demorando menos de metade do tempo que tinha levado a subir até lá acima.

- Então? – Indaguei ansiosa. – O que foi que viste?

- A nave!... – Exclamou tremelicando. – A nave está ali, pousada numa espécie de planalto. À frente da nave está um batalhão de extraterrestres, cada um da sua cor, vestidos com as armaduras dos saiya-jin.

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